Humberto Oliveira*

PORTO VELHO – Fora do combinado partiu nesta quarta-feira o ator, compositor, cantor e apresentador Rolando Boldrin. Exímio declamador de poemas de caboclos e um contador de “causos”, Boldrin é e sempre será o Sr. Brasil, nome do programa apresentado por ele e que, agora, seu público ficou órfão.

Boldrin atuou em telenovelas e também no cinema e no teatro. Nos anos 1980 retomou sua veia sertaneja ao criar e apresentar o excelente Som Brasil, que ia ao ar nas manhãs de domingo na Globo. Bons tempos quando ele esteve à frente do programa, que depois de sua saída passou a ser comandado pelo ator Lima Duarte, outro profundo conhecedor da cultura matuta, mas sem o mesmo charme.

Em 2017, Willian Corrêa e Ricardo Taira pela editora Contexto publicaram a biografia do artista, A História de Rolando Boldrin, o Sr. Brasil, título bem apropriado para um livro sobre a vida e a carreira de um artista emblemático da cultura popular brasileira. Boldrin gravou e lançou inúmeros discos e CDs, dentre eles, os antológicos Caipira e Violeiro, ambos com capas de Elifas Andreato inspiradas em obras de Almeida Junior. O repertório dos dois discos são imprescindíveis.

Outro livro excelente, Música Caipira, da roça ao rodeio, de Rosa Nepomuceno, lançado pela editora 31 para a coleção Todos os Cantos, conta um pouco da trajetória de Boldrin quando fazia parceria com o irmão, ainda dois meninos, que ficaram conhecidos como Boy e Formiga. O talento vinha desde muito jovem. Não foi fabricado.

Hoje, a trilha sonora vai ser Rolando Boldrin cantando lindas toadas em homenagem ao grande mestre. Descanse em paz, mestre Boldrin, que agora canta e toca sua viola para Deus, os anjos e tantos outros artistas que também brilharam na senda da legítima música sertaneja.

*É jornalista de formação, cinéfilo por opção e poeta diletante

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