Ricardo G. da Costa Silva*

PORTO VELHO – Os resultados parciais do censo demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, foram publicados em 28 de dezembro de 2022. Os dados não são nada animadores para Rondônia. Em termos comparativos, no período intercensitário (2010 e 2022), o Brasil cresceu 8,8%, a Região Norte 12,42% e o Estado de Rondônia 3,5%, apresentando a menor taxa de crescimento populacional do Norte do país. Em 2022, Rondônia registrou 1.616.379 habitantes (mapa 1). Em 2010, o quantitativo populacional era de 1.562.409 pessoas, acrescentando, em doze anos (2010/2022), somente 53.970 moradores (4.498 pessoas/ano).

Na hierarquia urbana, a capital, Porto Velho, é o município mais populoso (461.748 pessoas), seguido de Ji-Paraná (136.825); Ariquemes (100.896); Vilhena (95.599); e Cacoal (92.202). Juntos, esse grupo responde por 55% da população estadual, o que consolida a rodovia BR 364 como um eixo urbano, situação já identificada no Censo de 2010, quando essa taxa foi 51%.

O declínio populacional foi confirmado em todos os municípios do estado, com ênfase para aqueles fora do eixo da BR-364

Somente Rolim de Moura, fora do eixo da BR 364, alcançou população acima de 50.000 habitantes, registrando 57.180 pessoas no Censo de 2022. Outro dado importante é que 65% da população reside nos 11 municípios localizados no eixo da BR 364.

Outro fenômeno grave refere-se aos municípios que perderam população.

Dos 52 municípios que compõem o estado, em 35 o saldo populacional foi negativo, o que significa que 67% perderam população (Mapa 2). O decrescimento mais grave foi anotado em Ministro Andreazza, com taxa de -37,8%, ou seja, de cada 100 moradores 38 deixaram o município. Situações semelhantes ocorreram em Campo Novo de Rondônia (-30,2%), Cacaulândia (-7,5%), Novo Horizonte do Oeste (-25,3%), Governador Jorge Teixeira (-23,8%), Mirante da Serra (-22,5%), Alvorada D’Oeste (-22,3%) e Vale do Paraíso (-21,0%). Além dos pequenos municípios, o decrescimento atingiu municípios de médio porte, a exemplo de Guajará-Mirim (-5,4%), Seringueiras (-3,8%), Ouro Preto do Oeste (-3,1%), Machadinho D’Oeste (-1,6%), Presidente Médici (-13,5%) e Buritis (-13,0%).

Com observações no (mapa acima), verifica-se que o saldo populacional negativo foi registrado nos pequenos municípios, caracterizado pela população rural majoritária e forte presença das pequenas propriedades. Certamente, quando os dados desagregados do Censo de 2022 estiverem disponibilizados, possivelmente, a diferença entre a população rural e a urbana aumentará substancialmente, dinâmica que foi registrada anteriormente, no Censo de 2010. Em 28/02/2023 o IBGE encerrou a coleta de dados do Censo Demográfico 2022, passando à fase de processamento, para posterior divulgação dos dados desagregados e resultados temáticos do censo.

Em síntese, a expansão da fronteira agrícola centrada na produção de commodities (soja, milho, pecuária), associada ao aumento do preço da terra, pressiona os pequenos proprietários, que ao comercializarem suas propriedades por razões econômicas e/ou sociais, tendem a migrar para novas áreas rurais ou cidades. Possivelmente, a continuar tal processo, tem-se um esgotamento das pequenas propriedades (agricultura familiar) como modelo de ocupação territorial de Rondônia pari passu a expansão de monoculturas e concentração fundiária.

Referências

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Brasileiro de 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. Link: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/censo-demografico/demografico-2010/universo-caracteristicas-da-populacao-e-dos-domicilios

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico. Prévia da População dos Municípios com base nos dados do Censo Demográfico 2022 coletados até 25/12/2022a. Link:https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/22827-censo-demografico-2022.html

*É professor na Universidade Federal de Rondônia – Unir – [email protected]

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