RO, Segunda-feira, 13 de maio de 2024, às 15:14



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Práticas de acolhimento beneficiam alunos indígenas de Porto Velho

Objetivo foi apresentar reflexões de boas práticas no processo de ensino e aprendizagem com reconhecimento da diversidade cultural

Ao todo, 12 alunos indígenas foram beneficiados com as práticas de reconhecimento cultural

A Escola Municipal de Ensino Fundamental São Pedro, localizada no bairro Pedrinhas, em Porto Velho, teve destaque no “VIII Seminário Internacional Web Currículo: espaços, tempos e contextos híbridos”, ocorrido em São Paulo entre os dias 21 e 23 de novembro, quando o artigo “A Diversidade no Espaço Escolar: Acolher e Educar com Pertencimento e Sensibilidade” foi apresentado na modalidade Relato de Prática Pedagógica em Ação de Ensino e Aprendizagem.

O objetivo das práticas foi apresentar reflexões de como se deram o acolhimento, apoio e acompanhamento de alunos indígenas no processo de ensino e aprendizagem, na perspectiva de exercitar valores ligados à vida, e realizar adequações no currículo a fim de promover transformação das práticas baseadas no reconhecimento da diversidade cultural.

Tal iniciativa partiu da gestão escolar, sendo desenvolvido no período de 12 de fevereiro a 14 de setembro de 2023, e contou com a participação da direção, supervisão, orientação, docentes, coordenadora de projetos e docente convidada do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Rondônia.

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Os participantes das práticas foram 12 alunos indígenas, na faixa etária entre 6 e 13 anos, das etnias Ticuna (3), Karipuna (4), Parintintim (1), Apurinã (2) e Diahui (2), que se matricularam na Escola São Pedro, os quais se sentiam desconectados do ambiente escolar da área urbana, não falavam muito de suas culturas, nem de suas tradições, havendo um certo silenciamento em relação às práticas culturais indígenas.

A partir do momento em que a direção identificou essa problemática, organizou práticas de acolhimento e convidou alunos e familiares para falarem de suas culturas, tradições, sendo possível esse diálogo por meio da socialização de artesanatos, tais como: tapetes e cestas produzidas com palhas, arco, flecha, cocar, e os pais tiveram a oportunidade de divulgar tais saberes tradicionais.

Alunos e pais foram convidados para falarem de suas culturas e tradições

Para a professora doutora Domingas Luciene Feitosa Sousa, que fez a apresentação desse relato de prática pedagógica no dia 21 de novembro durante o evento, foi um momento de reconhecimento do trabalho desenvolvido na escola, sob a direção da professora Eni Guimarães Pinto, onde se teve a oportunidade de falar da importância da acolhida aos alunos indígenas e da importância do educar com pertencimento.

A equipe escolar se preocupou em realizar adaptações curriculares para melhor atendimento aos indígenas, ressaltando-se que a proposta orientadora para o ensino na área urbana é engessada, pois não dialoga com a realidade das populações tradicionais da Amazônia, o que significou incluir nos eventos da escola a participação da família indígena, que teve a oportunidade de divulgar sua cultura
por meio do artesanato.

RESULTADOS

Os resultados dessa iniciativa contribuíram para a melhoria da aprendizagem, socialização e convivência dos alunos indígenas na escola, possibilitando maior interação com os não-indígenas. Por exemplo, as famílias indígenas começaram a participar dos eventos educativos promovidos na escola, tudo isso por meio do acolhimento e valorização da cultura indígena.

Outro destaque das práticas é que por meio do artesanato, a comunidade escolar passou a conhecer as histórias dos diversos povos indígenas presentes na escola, sendo construída mudança significativa na aprendizagem dos alunos de modo geral. A direção da Escola Municipal São Pedro e toda a equipe escolar, pelas práticas de acolhimento, pertencimento e inclusão na Amazônia, foram amplamente aplaudidas e prestigiadas no evento internacional em São Paulo.

A população pode enviar sugestões para [email protected] para que as boas práticas com o olhar à educação dos povos tradicionais, com pertencimento e sensibilidade, possam ser multiplicadas para a definição de campos possíveis de ação nas políticas públicas destinadas às populações tradicionais.

SOBRE A AUTORA

Lucileyde Feitosa é professora, pós-doutora em Comunicação e Sociedade (Universidade do Minho/Portugal), pós-doutora em Geografia pela Universidade do Minho/Portugal, doutora em Geografia/UFPR, integrante do Movimento Jornalismo e Ciência na Amazônia e colunista do portalamazonia.com.

Texto: Géri Anderson | Foto: Semed





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