OPINIÃO DE PRIMEIRA – Por que, até agora, a candidatura do competente e destacado senador Marcos Rogério não decolou, a ponto de colocá-lo pelo menos muito mais próximo a Marcos Rocha e Ivo Cassol? Pergunta fácil, resposta complexa, como sempre. Há alguns indícios, que se pode seguir. Um deles é apenas uma teoria: o rondoniense, que o aplaudiu em peso pela atuação destacada em defesa do governo Bolsonaro na CPI do Circo, apelidada de CPI da Covid, prefere ver Rogério em Brasília, como parceiro do Presidente e seu defensor.

Outra: o senador do PL demorou para oficializar sua candidatura, entrando no jogo quando a campanha já estava andando. Outro motivo, esse que é comentado nos bastidores, mas jamais tratado publicamente, é que Marcos Rogério não entrou na campanha com a gana, a vontade, o tesão que um político entra, porque este não seria, antes, seu Plano A. Obviamente que tudo isso são apenas ilações e, no decorrer da reta final da campanha, o senador pode ter uma grande recuperação e ir para um eventual segundo turno.

Mas certamente os apenas 13 por cento que conseguiu na pesquisa desta semana, foram frustrantes. Aguardemos, agora, os próximos passos.

Se a eleição fosse hoje, Rocha e Cassol estariam no segundo

turno, mas STF é quem pode decidir rumos da disputa

Será o STF a decidir a eleição em Rondônia? Tudo indica que sim. A primeira pesquisa “quente” sobre as eleições no Estado, feita pela instituto IPEC, o novo nome do velho Ibope, apontou que o atual governador, Marcos Rocha, está tecnicamente empatado com o ex-governador e ex-senador Ivo Cassol, quando o eleitor é estimulado a escolher um dos nomes que lhes é apresentado. Um ponto à frente, Rocha aparece consolidado num segundo turno, que haverá, ao que tudo indica. O atual governador está no poder, tem feito um bom trabalho, sua equipe de marqueteiros têm conseguido conduzir bem o processo em busca da reeleição e há o que mostrar, enquanto Cassol está fora do poder e dos palanques há bastante tempo, mas já surge como preferido de parte importante do eleitorado. O que vai decidir a eleição, agora, pelo menos se o atual quadro permanecer, é a questão jurídica. O STF começa a decidir o assunto nesta sexta. Cassol, que já teve o registro da sua candidatura aceita pelo TRE rondoniense, depende de uma vitória no pleno do Supremo Tribunal Federal para, então ileso e livre de qualquer empecilho legal, consolidar seu nome e caminhar, célere, para a disputa na reta final. Pode mudar tudo? Claro que pode. Faltam ainda 37 dias para o 2 de outubro e, em política, as coisas podem mudar em horas, imagine-se em mais de um mês. Mas a tendência deste momento é essa mesmo. Rocha e Cassol largam na frente, na disputadíssima corrida pelo governo rondoniense. Na pesquisa do Ipec, registrada no TSE sobre o número RO-08675/2022, há outro número interessante. Na pesquisa espontânea, Rocha tem 20 por cento, Cassol 10 por cento e Marcos Rogério (o assunto merece um comentário especial, que será feito aqui mesmo), fica com seis por cento.

O que surpreendeu mais não foi Rogério ter ficado tão distante dos líderes (apenas 13 por cento), assim como Léo Moraes (6 por cento), mas sim o fato de um dos nomes mais fortes, o do ex-governador Daniel Pereira, ter tido apenas 2 pontos percentuais das intenções de voto, o mesmo, aliás, de Pimenta de Rondônia, do PSOL. Ficou claro, transparente, sem deixar qualquer dúvida, ao menos nesta pesquisa, que a esquerda não tem chance de chegar ao poder em Rondônia, ao menos nesta eleição. Os dados batem também com a disputa presidencial. Rondônia se mostra um Estado conservador e com forte eleitorado de direita. Na pesquisa para a Presidência, Bolsonaro tem exatamente o dobro das intenções de voto em Lula. São 54 por cento a 27 por cento. O bolsonarismo, aliás, ao que tudo indica, elegerá o futuro governador, já que os três primeiros colocados na pesquisa (sempre lembrando que o quadro pode mudar a qualquer momento) são aliados do Presidente que busca a reeleição. O ex-Ibope, agora IPEC, nunca acertou em cheio o resultado de uma eleição no nosso Estado. Acertará desta vez?

Léo Moraes ainda sem o interior e Daniel teve percentual decepcionante na pesquisa

Dos cinco candidatos considerados com chances reais, outros dois também ainda não decolaram. Um deles ficou com índices muito abaixo do esperado. Se a pesquisa fosse feita apenas em Porto Velho, certamente Léo Moraes poderia ter muito mais que os seis por cento que atingiu, em nível estadual. O problema dele persiste: não ser um nome entre os mais conhecidos no interior do Estado. Nas últimas semanas, Léo tem percorrido dezenas de cidades, ao lado de Expedito Júnior, seu candidato ao Senado, mas, ao menos até agora, os resultados foram nulos. Léo ainda tem alguma chance de ir ao segundo turno, mas para isso teria que haver uma radical mudança no quadro da sucessão, como uma distante hipótese de Cassol não poder concorrer e decidir apoiá-lo. Fora isso, as possibilidades são pequenas. Já em relação a Daniel Pereira, essa sim foi uma grande surpresa. Ao receber apenas 2 por cento na pesquisa, ficando junto com Pimenta de Rondônia, candidato de um nanico que jamais elegeu um só representante no Estado, ficou claro que Daniel tem um longo e pedregoso caminho a percorrer, para levar seu nome e o de Lula ao eleitorado. O 1 por cento que o candidato de outro nanico, o Agir, o Comendador Queiroz atingiu, não foi surpresa.

Batalha acirrada pelo senado vai ser urna a urna, voto a voto, até o final da tarde de 2 de outubro

“Competição que se dá até o último minuto; que demonstra dificuldade, cujo vencedor precisa de muita luta e obstinação”. Esse é um resumo do que o dicionário esclarece sobre a expressão “batalha acirrada”! Tudo isso e muito mais servem para sintetizar o que está sendo e o que será a batalha pela única cadeira ao Senado. A pesquisa Ipec apontou praticamente um empate técnico entre dois dos poderosos nomes que concorrem e, um terceiro, chegando muito perto. Mariana Carvalho está à frente, com 20 pontos percentuais, dois à frente de Expedito Júnior, com 18, ou seja, ambos aparecem num empate técnico, como é o caso de Marcos Rocha e Ivo Cassol para o governo. Na busca da cadeira senatorial, a irmã de Cassol, Jaqueline Cassol, vem com 16 pontos, muito perto dos dois líderes e praticamente dentro da margem de erro. Dois outros candidatos, ambos fortes e poderosos, contudo, ainda não decolaram. Acir Gurgacz com 7 pontos e Jaime Bagattoli, com 6, empatam nas intenções de voto e na condição de últimos, na corrida, entre os que têm chances verdadeiras de chegar lá. A disputa está ferrenha e será assim até o último voto da última urna, quando ele for anunciado, no final da tarde de 2 de outubro. Quem será o obstinado a vencer?

Candidatos invadem nossas TVs e rádios a partir desta sexta. Começa o horário eleitoral gratuito

A sexta-feira também marca o início da verdadeira campanha, com o início do horário eleitoral gratuito. Embora muito criticado, principalmente pela péssima qualidade de grande número de candidatos que se apresentam ao eleitorado, muita gente decide em quem votar, depois de ouvirem as propostas, as críticas, as ações e os pedidos desesperados de voto, tanto na TV quanto no rádio. No caso do Governo, Marcos Rocha sai com grande vantagem, com mais de cinco minutos diários à sua disposição, afora as inserções individuais e do seu partido. Daniel Pereira, com mais de três minutos, tentará reverter a baixa intenção de voto da pesquisa Ipec, usando o espaço na mídia para crescer. Marcos Rogério, Ivo Cassol e Léo Moraes, terão em torno de 1 minuto e meio, muito menos do que seu principal concorrente. Os dois nanicos vão passar pelas TVs e pelas rádios como se fossem anunciantes de comerciais comuns, de cerca de 30 segundos. Este será o tempo aproximado de Pimenta de Rondônia e do Comendador Queiróz. Até o dia anterior à eleição, portanto, nossas casas serão invadidas por centenas de candidatos. Que nos tragam algo de útil, enfim!

São 566 candidatos querendo as oito cadeiras da Câmara Federal e as 24 da Assembleia Legislativa

Um total de 160 rondonienses começam também sua tentativa de conquistar o eleitor, no horário gratuito. Eles disputam as oito cadeiras a que temos direito na Câmara Federal. Nomes poderosos estão na briga, incluindo cinco dos atuais parlamentares que buscam a reeleição. Os outros três também concorrem, mas para outros cargos. Da Capital e do interior do Estado, empresários, comerciantes, advogados, gente ligada ao agronegócio, ao sindicalismo e à produção; ex-prefeitos e vereadores, todos sonham em sentar nas cadeiras do parlamento federal em Brasília. Eles serão apresentados a conta-gotas, em diferentes dias da semana, durante a programação diária das emissoras. São 20 candidatos para cada uma das vagas. Já para a Assembleia Legislativa, o número é superlativo. Nada menos do que 406 candidatos, 17 para cada uma das 24 cadeiras. No grupo atual de parlamentares, há otimismo, com muitos deles imaginando que poderá haver uma renovação muito menor do que ocorreu nas últimas eleições. Ao contrário deles, os que se lançam agora querem é uma renovação histórica. Enfim, a campanha sai das redes sociais para as ruas e para dentro das casas.

Pesquisas começam a mudar e aproximam Bolsonaro de Lula. Na vida real disputa pela presidência será muito acirrada

E a corrida presidencial, como anda? Em Rondônia, a pesquisa Ipec confirmou o que já era voz corrente. Bolsonaro tem o dobro das intenções de votos de Lula e, se a eleição fosse hoje, proporcionalmente, Rondônia poderia ser o Estado onde se registraria a maior vitória do atual Presidente. Em nível nacional, nove em cada dez pesquisas apontam grande vitória de Lula, com chances reais, por alguns números que ainda são apresentados, de que o petista vença a eleição ainda no primeiro turno. Claro que os bolsonaristas contestam tais resultados com veemência, condenando a forma como as pesquisas são feitas. O que está acontecendo (e era previsível) é que alguns institutos, preocupados com suas imagens e com eventuais críticas acirradas sobre suas pesquisas consideradas mirabolantes, já estão apresentando números que, para quem consegue ver a disputa com imparcialidade, estariam mais perto da realidade. Hoje, os percentuais imensos de diferença entre os dois vêm caindo praticamente a cada nova pesquisa. Nesta quinta, mais uma pesquisa nacional apareceu, com uma diferença já bem menor entre ambos, embora Lula ainda esteja na frente. Na vida real, imagina-se uma disputa voto a voto, tanto no primeiro quanto no segundo turnos. A covardia e as ameaças chegaram a tal ponto que, apenas neste ano, a Justiça rondoniense já emitiu nada menos do que 2.450 medidas protetivas, para impedir que maridos agressivos e perigosos se aproximem das suas mulheres, esposas ou companheiras.

Covardia e violência: em seis meses, 15 mulheres foram assassinadas em Rondônia, incluindo feminicídios

Mudando um pouco de tema, da política e eleições, para a política de segurança pública e proteção às mulheres, é lamentável se ter que registrar o que continua acontecendo em Rondônia, mesmo com todas as campanhas, debates, orientações e até punições exemplares a homens, covardes e furiosos, que tratam suas companheiras como propriedade privada e tornam as vidas delas um inferno. Quando, em muitos casos, não as brutalizam e as matam. Os dados oficiais, divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, são de assustar. Só nos primeiros seis meses deste ano, nada menos do que 15 mulheres já foram assassinadas, algumas delas por crimes chamados de feminicídios, quando a vítima morre brutalmente apenas por ser mulher. Há mais informações que, para um país civilizado, parece inacreditável. De janeiro a julho deste ano, já foram registrados nada menos do 607 casos de algum tipo de violência contra elas e isso apenas na cidade de Ariquemes. São mais de 86 casos por mês, quase três por dia. Em Porto Velho, para se dar uma ideia da grandeza da preocupação com maridos, companheiros, amantes, a Justiça já foi obrigada a emitir nada menos do que 2.450 medidas protetivas, ou seja, determinações legais que proíbem os covardes e ameaçadores a se aproximarem das suas vítimas. Tem lei, tem dureza da lei, mas mesmo assim, nada consegue conter a sanha criminosa dos homens contra suas mulheres. O que se pode fazer a mais, para acabar com esta tragédia que é nacional?

Perguntinha

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