RO, Sábado, 07 de junho de 2025, às 7:55






Voluntária desde 2014, Rose Brito é um anjo que acolhe, anima e orienta mulheres com gravidez molar

PORTO VELHO – Recentemente, não havia sala para o atendimento às mulheres vítimas de gravidez molar, mas isso não foi problema. Responsável pelo acolhimento e animadora de todas elas, Rose as atendeu na rua mesmo, antes que elas dessem entrada à Unacon. Percorrendo-se o corredor, as mulheres deparavam com placas indicadores de salas, menos as dela, onde costumeiramente eram atendidas.

Gravidez molar é uma das várias patologias que podem levar à interrupção da gestação. Além de causar aborto, a doença pode evoluir para tumor trofoblástico gestacional, uma forma maligna que, se não tratada correta e precocemente, pode colocar a vida da mãe em risco.

O valor de Rose, atualmente trabalhando na Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), não se mede apenas por esses gestos, mas pela sucessão de atitudes em defesa do direito das “flores trofoblásticas” se recuperarem e darem à luz bebês saudáveis.

Desde o seu trabalho entre indígenas na região da divisa Rondônia-Mato Grosso, quase duas décadas atrás, sua pegada permanece inalterada: se entrega de corpo e alma ao socorro de mulheres com mola. Essa doença acomete uma em cada 200 a 400 gestações no Brasil, ou seja, cinco a dez vezes mais frequente do que na América do Norte e na Europa.

O trabalho de Rose e o da médica ginecologista Rita de Cássia Alves Ferreira da Costa passaria anônimo, não fosse a existência do Centro de Referência em Doenças Trofoblásticas (Centrogesta), cujos feitos são conhecidos em congressos internacionais e, estranhamente, pouco conhecidos na Capital de Rondônia.

“Sabe, aquela haitiana que atendemos em 2016? Ela ganhou criança”, disse Rose sorridente ao repórter.

Referia-se a Ciane, esposa do também haitiano Brunel, que procurou o Centrogesta cinco anos atrás.

Atualmente, mais 21 mulheres, incluindo indígenas de Cacoal, juntam-se ao grupo com mais de trezentas acolhidas, medicadas e socorridas desde o início desse atendimento, em 2014.

Claudionor e Leiliane felizes com Jean, que nasceu após o tratamento da mãe acometida por doença ainda pouco conhecida

Em congressos internacionais, incluindo um em Dubai (Emirados Árabes), o atendimento em Rondônia foi mencionado.

O ambulatório do Centrogesta vem obedecendo aos sucessivos decretos governamentais que regulamentam a saúde pública durante a pandemia da covid-19. Em períodos normais, ali comparecem dez a 12 pacientes semanalmente, incluindo novas e ativas.

O atendimento ambulatorial evita que a doença evolua para câncer (coriocarcinoma) e cause a morte de mulheres em idade fértil”, explicou a médica coordenadora Rita de Cássia.

“O voluntariado da Rose é especial, desde o acolhimento ao suporte emocional às mulheres; sua expertise da Vigilância Sanitária muito contribui para cuidar de situações que evoluem para neoplasia”, elogiou a diretora.

Psicóloga Rose Brito e pacientes em tratamento, na entrada da Unidade de Oncologia do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro

COMO É

► Quando a mulher começa a sangrar, ela vai para a maternidade, onde tem a mola identificada.  A mola ocorre a partir de tecido placentário no início da gravidez, quando o embrião não se desenvolve normalmente.

► O tumor da placenta se apresenta sob a forma de um aglomerado de cistos semelhantes a um cacho de uvas. A causa decorre de defeitos na formação de espermatozoides ou de óvulos, ou ainda, da união anormal dessas duas cédulas.

► A mola parcial e completa pode evoluir para forma a persistente, e a mola completa é caracterizada pela ausência de embrião.

► Na mola parcial existe tecido placentário junto com os silos e há o embrião, no entanto, mesmo que ele esteja presente, é importante saber se não se trata de embrião normal, devido à má formação fetal.

ONDE FICA

O Centrogesta funciona na Unacon, antigo Barretinho
Rua Aparício Carvalho nº 1067, Bairro Industrial
Porto Velho (RO)

Montezuma Cruz, para o www.expressaorondonia.com.br
Com fotos de Esio Mendes e Daiane Mendonça

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