RO, Domingo, 05 de maio de 2024, às 19:19



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Sonho americano é atração para desesperados mantidos em cercas eletrificadas

A organização criminosa se atreveu a fazê-lo: vendeu 30 de seus trabalhadores por 21 mil dólares, como se fossem gado. Eles foram comprados a dinheiro por fazendeiros em um campo em Indianápolis, que desembolsaram US$ 700 por cada “escravo”. É o que revela a repórter Lei Laura Sanchez, da Cidade do México, na edição de hoje do jornal Milenio.

Uma investigação realizada pelo jornal, com base na consulta de documentos judiciais arquivados nos tribunais norte-americanos, revela que apenas um desses grupos criminosos obteve lucros de 200 milhões de dólares em quatro anos.

Os arquivos também mostram o modus operandi das máfias que negociam com os migrantes: depois de cruzar a fronteira, muitas vezes roubam documentos de identidade, documentos pessoais e coletam informações sobre suas famílias no México ou em outros países. É assim que eles os intimidam para que não escapem. E para delimitar ainda mais o controle, eles os mantêm em campos com cercas eletrificadas. Eles não são pagos, recebem pouca água. O abuso faz parte da ordem do dia.

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Quando traduzidas em conduta criminosa, essas práticas constituem exploração laboral e tráfico de pessoas.

O projeto End Slavery Now, que busca tornar visível a “escravidão moderna” nos Estados Unidos, garante que esse tipo de trabalho forçado seja a forma de escravidão usada em todo o mundo para produzir diversos produtos nas cadeias globais de fornecimento.

E é essa realidade que atravessa os campos da Geórgia, Wisconsin, Flórida e Texas, onde 34 líderes de grupos criminosos que comercializam com migrantes foram detectados e processados. Juízes americanos tiveram que ouvir histórias de filmes.

Como a dos migrantes vendidos a fazendeiros em Indianápolis, que não ousaram protestar após a transação. Eles foram intimidados por chantagem. Mas a vida para aqueles que ficaram nos campos não era muito melhor. Eles tinham que cortar dezenas de cebolas por dia dias e noites, com as próprias mãos, sem pagamento, sem água.

HORRORES

Na verdade, um deles morreu de desidratação por cortar cebolas ao sol. Naquela época, outro dos migrantes foi obrigado a dormir em um pequeno quarto com um paciente com sarampo como punição. Outros foram enviados para um campo de cebola com cerca elétrica, para evitar que fugissem. Uma dessas noites foi que uma de suas companheiras foi estuprada por um dos patrões.

A organização criminosa “Patricio”, que durante anos operou sob a fachada de uma agência de recrutamento de migrantes, construiu um negócio milionário graças ao trabalho de dezenas de pessoas que foram obrigadas a trabalhar em fazendas nos Estados Unidos.

Seu reinado criminoso terminou em 2019, quando mais de 200 policiais norte-americanos montaram a operação Onion Blooming, para seguir seus passos e descobrir seu paradeiro.

Em novembro de 2021, David H. Estes, procurador interino dos Estados Unidos para o Distrito Sul da Geórgia, disse que “o sonho americano é uma poderosa atração para pessoas desesperadas, onde há necessidade e ganância daqueles que buscam explorar trabalhadores para obter lucro obsceno.”

[Pela edição inernacional: Montezuma Cruz]






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