PORTO VELHO – O prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, acertou em cheio – apesar das críticas de alguns setores que não admitem o avanço civilizatório da realidade digital – ao subsidiar o transporte coletivo para tentar salvá-lo da desastrada decisão do então prefeito Mauro Nazif (2012-2016) de quebrar o contrato das empresas que prestavam o serviço.
Uma capital – por menor que seja – não pode abdicar de transporte coletivo com qualidade e pontualidade.
Mas algum falha acontece no planejamento, posto que com o período de gratuidade seguido de cobrança progressiva, aumentou o número de pessoas que voltou a usar os ônibus, mas não houve aumento no número de veículos colocados à disposição do público.
Como seria de esperar, logo começou a aglomeração em ônibus lotados nos horários e pico, no meio da pandemia e sob vigência de decretos de restrições e medidas sanitárias.
Apesar da prefeitura ter anunciado um acordo, que permitiu a redução do preço da passagem de forma escalonada até dezembro, o consórcio responsável pelo transporte coletivo em Porto Velho continua mantendo a mesma rotina das duas empresas que o antecederam, e que não deixaram saudades.
Nos finais de semana é notória a redução do número de veículos para atender por linha, e o resultado é que muitas reclamações estão surgindo, especialmente de quem mora nas regiões mais afastadas nas zonas leste e sul da capital. Apesar das anunciadas fiscalizações que a Semtran alega, agora e como antes, estar fazendo.
O problema todo é causado por falta de um planejamento melhor: nos horários de pique, quando muitos trabalhadores saem de casa para o trabalho em locais distantes de onde moram e necessitam do ônibus, os horários são muito espaçados. Quem reclama alega que sempre é mantida a mesma quantidade e o resultado é que isso causa superlotação, o que é proibido pelos sucessivos decretos municipais.
Uma das regiões que mais sofrem com a descontinuidade do transporte coletivo é o Bairro Teixeirão onde, apesar da grande quantidade de pessoas que precisam do ônibus, só há uma linha atendendo, a “Cristal Calama via Esperança de Comunidade”.
A narrativa é de Cléa dos Santos, que todas as sextas-feiras depois do trabalho tem de ir até a casa de uma tia, para ficar com a idosa enquanto. Para ela há muita propaganda e pouco atendimento real. “Dia de sábado eu tenho de trabalhar, mas o único ônibus que passa no meu bairro só aparece de três em três horas, e aí ou você pega o das seis ou só depois das nove horas. O jeito é andar a pé até arrumar um meio de transporte”.
Ainda nesta segunda-feira, com a chuva que caiu no início da manhã, e porque já havia faltado no sábado, Cléa optou, para não faltar ao trabalho novamente, por desembolsar o pagamento do Uber.
Para usuários do aplicativo do Consórcio, as reclamações são muitas. Apesar de anunciado como capa de dar ao usuário a localização em que se encontra o próximo ônibus e o tempo previsto para chegar, os que tentam alegam que nunca funciona, e é mais uma promessa não cumprida pelo consórcio, e que vem tendo de parte da Semtran o mesmo tratamento de quem reclama da falta de ônibus: “Estamos fiscalizando”.
A reportagem tentou ouvir a empresa pelo telefone 0800 591 5067, mas não obteve resposta.
O expressaorondonia vai procurar o secretário Ronaldo Flores, da Semtran, durante esta semana para entender como é a fiscalização deste serviço