RO, Sábado, 04 de maio de 2024, às 6:08



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“Ele tentou arrancar o meu olho e quebrar o meu pescoço”. Por que Rondônia é o Estado que mais mata mulheres no Brasil?

Os estudos sobre feminicídio classificam esse crime como "o desfecho" de um processo de agravamento da violência

PORTO VELHO – Faz três meses que Carla* (que teve o nome alterado pela reportagem) não vê os filhos. Na última vez que tentou, na véspera do dia das mães, ela foi esfaqueada pelo ex-marido em frente da casa. Os golpes deixaram marcas no peito, no braço e nas mãos. O agressor só parou porque um motoboy que passava na rua o segurou, e Carla conseguiu fugir.

“Ele tentou arrancar o meu olho e quebrar o meu pescoço”, conta Carla à DW. “Ele só não me matou porque ele não tinha uma arma”, afirma a vítima por telefone.

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Para viver, Carla, 34 anos, se esconde. Ela era casada desde os 18 com o agressor, que sempre foi ciumento. O problema escalou quando ela passou num concurso público e foi fazer um treinamento fora.

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Foi quando ela descobriu que estava sendo espionada por meio de um aplicativo instalado secretamente no celular pelo marido.

A tentativa de feminicídio está sendo investigada pela Polícia Civil de Rondônia, assim como tantos outros. O Estado tem a maior taxa de feminicídio do Brasil: foram 3,1 vítimas por 100 mil habitantes em 2022. O número é mais que o dobro da média nacional, que ficou em 1,4, apontam os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

O Estado também é campeão em homicídios femininos – a taxa foi de 11,2 vítimas por 100 mil habitantes, quase quatro vezes acima da média do país (3,9).

a defensoria Pública acompanha a maior parte dos casos, dado a situação econômico-financeira das vítimas

“Aqui, como em toda a sociedade, a gente ainda vive um sistema do patriarcado muito arraigado, muito forte, com ideologias machistas. Isso contribui para a objetificação e o subjugo da mulher”, comenta Débora Machado, da Defensoria Pública de Rondônia, que acompanha o caso de Carla.

AUSÊNCIA E DESPREPARO DO ESTADO

Os estudos sobre feminicídio classificam esse crime como “parte final” de um processo de agravamento da violência, marcado por terror, menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Considerado hediondo pela Lei nº 13.104, de 2015, o feminicídio é evitável: políticas públicas de prevenção, proteção e acolhimento são apontadas como ferramentas eficientes.

Fonte: UOL






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