Jaqueline Mendes escreve na revista Istoé Dinheiro: O presidente russo Vladimir Putin é pragmático, mas provavelmente errou o cálculo da invasão da Ucrânia do ponto de vista da economia. A conta está a cada dia mais pesada. A resistência ucraniana está atrasando a derrubada do governo.
A inicial apatia do Ocidente, justificada por Estados Unidos e Europa como cautela para evitar a Terceira Guerra Mundial, deu lugar a um bombardeio de restrições financeiras. Até mesma a isenta Suíça, que há séculos evita qualquer posicionamento na diplomacia internacional, entrou na batalha das restrições.
Fora do sistema global de transferências, o Swift, a engrenagem russa começa a travar.
O congelamento de mais de US$ 1 trilhão dos bancos da Rússia mundo afora e a retaliação mundial a bilionários ligados ao Kremlin tiraram a situação do controle de Putin. Para quem está acostumado a controlar a tudo e a todos, perder a autonomia das decisões econômicas é perturbador.
As cotações de petróleo, gás, trigo, milho (os principais produtos de exportação da Rússia) dispararam, mas os produtores russos não ganharam nenhum centavo a mais por isso. Ao contrário, estão com seus estoques ameaçados pelo bloqueio imposto pelo mundo.
Presa na solitária da economia mundial, a Rússia vai assistir, sem ter condições de reagir, a uma rápida necrose das maiores empresas do país. Na segunda-feira (28), o preço da ação do Sberbank, o maior banco russo e o maior alvo de sanções do Ocidente, caiu mais de 73% na Bolsa de Londres. A subsidiária austríaca, o Sberbank Europe, “está falindo ou deve falir” por causa de saques em massa, segundo comunicado do Banco Central Europeu.