Pouco antes do meio-dia desta sexta-feira o Museu da Memória Rondoniense (MERO), climatizado e povoado de painéis, reabriu suas portas ao público em Porto Velho, e agora com inovações que o inserem entre os melhores guardiões da cultura e da história amazônica ocidental. Pelo comprometimento em ações e parcerias formalizadas por autoridades da educação, turismo e cultura do estado, possivelmente ele será brevemente referência no País.

“Formulamos um convite afetuoso a potencializar nossas ações”, apelou a diretora Liliane Sayonara.  A entrada gratuita e o pré-lançamento de novas exposições animam a direção. Sayonara cumprimentou a secretária estadual de educação Ana Pacini pelo esforço e investimentos na recuperação da obra que fica na antiga sede governamental, o ex-Palácio Presidente Vargas, no Centro Histórico da Capital.

Ao som da flauta tocada pelo subtenente Botelho, da Banda da Polícia Militar, as pessoas percorreram as dependências do MERO.

Os informes dizem tudo. São fósseis com milhares de anos.

“Expresso também o meu contentamento à Fundação Cultural de Rondônia (Funcer), à Universidade Federal, ao Conselho Consultivo e à Kanindé Etnoambiental por apoiarem a equipe mais linda do Brasil”, disse referindo-se aos servidores da instituição. “Aqui se incluem estagiários que tanto amam o museu”, afirmou Sayonara.

A diretora falou em fortalecer a rede de apoiadores à guarda e estudos de peças milenares e destacou: “Em dois anos recebemos mais de 60 pesquisadores, e além dessa salvaguarda quero ressaltar a função educativa do museu.”

Secretária estadual de educação, Ana Pacini, Simone Bitencourt, Liliane Sayonara, Marcele Pereira, reitora da Unir e Mônica Castro, do Iphan, durante a reabertura do MERO, na manhã desta sexta-feira

Para ela, a volta às atividades para o público em geral marca o reinício do diálogo com a comunidade e a sua própria história: “Quais os povos que se reconhecem aqui?”, questionou.

“O museu é o espaço para diversas linguagens, contem conosco para os próximos projetos, temos alguns para ele”, disse a superintendente estadual do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Mônica Castro de Oliveira.

O Gestor da Funcer, Ney Rodrigues, dirigiu-se a acadêmicos e pesquisadores, esperando contar com eles mais ainda. Enfatizou ainda o “espaço turístico” oferecido pelo museu para rondonienses, brasileiros e estrangeiros. “A parceria com a Unir e a Seduc irá trazer mais pesquisadores para cá”, previu.

Dizendo-se honrada em parrticipar do ato, a deputada federal Cristiane Lopes (União Brasil) informou ter se reunido com o superintendente estadual de turismo, Gilvan Pereira, de quem notou a disposição em unir o que de bom existe em sua área às atividades do museu. “Precisamos mostrar Rondônia para o mundo, e isso será possível fomentando o turismo e resgatando nossas origens”, proclamou.

A reitora da Unir, professora Marcele Pereira, enalteceu o “trabalho árduo” da equipe do museu, louvou o “incansável trabalho do Iphan”, e manifestou-se disposta apoiar políticas públicas “cada vez mais conscientes e responsáveis” em Rondônia.

Marcele mencionou a presença de docentes parceiros, todos eles das áreas de artes, música, cultura, e ciência humanas.” Ao lembrar que o Ministério da Educação até hoje mantém o C de Cultura em seu nome, ela propôs ao estado designar um secretário de cultura, promovendo ao mesmo tempo concurso público para o setor. “Fazedor e produtor de cultura é que não faltam no estado”, garantiu.

A secretária de educação, Ana Pacini, elogiou a diretora do museu, Liliane Sayonara, atribuindo-lhe o papel de “fazer a diferença na cultura e na história.” Em seguida citou diversos colaboradores na Seduc, ensejando breves visitas de alunos do interior de Rondônia ao museu, às bibliotecas e ao Teatro Estadual Palácio das Artes.

Mônica Castro, superintendente do Iphan, anuncia apoio e compromisso com projetos do Museu

“Temos agora essa grande oportunidade de trazer de volta o saudável hábito que graças a Deus todos tivemos”, acrescentou.

Os visitantes deixaram o auditório do museu, no antigo palácio construído a partir de 1952, e percorreram os espaços, onde ouviram explicações da equipe a respeito de quadros, peças, fósseis, artesanato, sementes e remédios naturais produzidos no interior do estado e na região do Rio Madeira.

Do mais simples objeto à sofisticação de imagens em 3D, o acervo do museu atrai a atenção das pessoas. Elas souberam durante o ato que o primeiro museu criado em Porto Velho surgiou em 1964 e foi dirigido pelo notável médico Ary Tupinambá Pena Pinheiro.

Em seu trabalho com 3D, o artista plástico paraibano de Coremas (PB) Augusto Gomes Alves – que mora em Rondônia desde 1984 e tem pós-graduação em fotografia na Universidade de São Paulo (USP) – apresenta imagens de um jacaré-açu, da frente do palácio, e um crânio humano. “Fiz isso utilizando o que aprendi pelo processo Anaglipho, de 1922”, enfatizou.

Anáglifo é uma imagem (ou um vídeo) formatada de maneira especial para fornecer um efeito tridimensional estereoscópico quando visto com óculos de duas cores (cada lente com uma cor diferente). A imagem é formada por duas camadas de cor sobrepostas, mas com uma pequena distância entre as duas para produzir um efeito de profundidade, na mente de quem observa.

O QUE VER

No hall de entrada, o MERO apresenta a exposição “Museu e Palácio: Trajetórias” e o salão nobre recebe “Rondônia: afetividade poética do lugar”, do fotógrafo Ederson Lauri, ocupação museal premiada em concurso.

Recuperado e com reparos notáveis que podem trazer de volta o amor ao prédio admirado pela população há quase sete décadas de funcionamento, o museu também apresenta a exposição de longa duração “Descamação Celular”, da artista plástica Rita Queiroz.

Tem gente que nunca viu, mas a histórica “Sala do Governador” ali está intacta e bem cuidada, para que o visitante possa também contemplar, da varanda, a vista panorâmica do Centro Histórico de Porto Velho.

Segundo a direção, essa atividade está inserida no projeto Domingo no Museu, que consiste na abertura do MERO no último domingo de cada mês, das 9h às 12h, com disponibilização da programação mensal para o público que não consegue acessar os serviços educativos oferecidos no horário comercial.

Fotos emolduradas em preto e branco feitas por Ederson Lauri

O Gestor da Funcer, Nery Rodrigues, explica: “O Domingo no Museu surge do compromisso do governo estadual em promover o desenvolvimento do patrimônio cultural, garantindo o direito à cultura e acesso aos bens culturais, também como atividade de lazer e entretenimento aos rondonienses nos finais de semana.”

Agora sim, pessoas da Capital, do Interior e visitantes do mundo todo poderão de fato adentrar à antiga sede governamental e usufruir dos conhecimentos de tudo quanto ali existe em cultura, folclore e história.

Na área externa serão realizadas atividades recreativas e brincadeiras, entre as quais, contação de história e caça ao tesouro. Estará também disponível a parte do gramado para
famílias que queiram realizar piquenique. Para o auditório, o MERO tem programado a exibição do documentário “Vozes da Memória”, filme do mês no CineMuseu.

Pessoas com deficiência visual também terão acesso, porque foi elaborada uma versão com audiodescrição. E os amantes de jogos e atividades educativas terão à disposição o salão educativo.

MONTEZUMA CRUZ
Texto e fotos

Mais imagens desta sexta-feira:

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Presença indígena em quadros e fotos: um convite à bonita exposição de Ederson Lauri
Na escadaria de acesso ao 1º andar, compromissos que marcam
Óleos e sementes que integram a farmacopeia do Madeira desde o século passado: obra de Rita Queiroz
Galeria dos Governadores dos extintos territórios federais e do estado
Hall de entrada do Museu da Memória Rondoniense, no antigo Palácio Presidente Vargas
Secretária de educação Ana Pacini; artista plástica Rita Queiroz; e Gestor da Funcer, Nery Rodrigues 

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