PORTO VELHO – Uma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo – que voltei a ver este domingo, depois de longo tempo sem acessar a este canal – chamou a atenção pelo poder que os líderes de facção criminoso0s conquistam no Brasil a cada dia, em contraste com o descrédito e a desmoralização das autoridades políticas. A reportagem é uma suíte da matéria sobre a operação ‘Anjo da Guarda’ e falando sobre o plano para resgatar alguns líderes da fação PCC presos em presídios federais em Brasília e Rondônia.

Em determinado trecho, a entrevista mostra a maneira como os chefões disparam as ordens para seus comparas fora da cadeia e m ostra uma conversa de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, com sua esposa, também presa semana passada, quando ela relata que foi assaltada, mas os bandidos devolveram tudo ao descobrir quem ela era.

Será que se o episódio tivesse ocorrido com a esposa de um figurão da política ou mesmo uma autoridade policial, a bandidagem teria o mesmo temor ou a mesma consideração?

Bandidos teriam assaltado a esposa de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e devolvido dinheiro e celular da mulher ao descobrirem que se tratava da companheira do líder do Primeiro Comando da Capital (PCC). O momento em que Cynthia Giglioli Herbas Camacho conta a história ao marido, durante uma visita ao presídio em novembro do ano passado, foi divulgado pelo Fantástico, na noite deste domingo, 14.

Durante a conversa exibida pela reportagem, Cynthia diz que foi assaltada e Marcola logo pergunta onde ocorreu o crime. “Na marginal. Via expressa. Era trânsito, parou. Tomei um susto tão grande, demorei uns segundos para voltar ao normal”, responde a mulher.

No entanto, ela diz que logo em seguida os assaltantes tomaram uma atitude inusitada. “Aí devolveram, porque viram o meu nome, que era o seu nome. Cynthia Giglioli Herbas Camacho. Mandaram entregar lá no salão”, diz.

Marcola ri e comenta com a esposa que ele é muito conhecido naquela região.

Marcola em telefone falando com a esposa durante visitaReprodução/ TV Globo

Plano de fuga

Nessa última semana, investigação conduzida pela Polícia Federal em conjunto com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) revelou que integrantes do PCC elaboraram ao menos três planos para resgatar líderes da facção presos nas penitenciárias federais de Brasília e Porto Velho (RO). Entre eles, Marcola, que foi transferido de Brasília para a capital de Rondônia em março deste ano. Uma das estratégias da organização era considerada como “missão suicida”.

Conforme levantamento de inteligência, o primeiro plano, batizado de STF, consistia na invasão da penitenciária federal de Porto Velho. A facção já teria montado um arsenal milionário com armamento pesado para destruir os muros do complexo. O segundo, chamado de STJ, incluía o sequestro de autoridades e familiares do Depen para, em troca, exigir a libertação dos líderes.

A terceira e última opção seria uma “missão suicida”. A ideia era que o próprio Marcola desse início a uma rebelião dentro do presídio federal e usasse um policial penal como refém. Os planos seriam colocados em prática ainda neste ano.

Anjos da Guarda

A PF deflagrou na última quarta-feira (10/8) a Operação Anjos da Guarda, que tem o PCC como alvo. Cerca de 80 policiais federais cumpriram 11 mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão em três unidades da Federação: Distrito Federal (Brasília); Mato Grosso do Sul (Campo Grande e Três Lagoas) e São Paulo (capital, Santos e Presidente Prudente).

Segundo as investigações, para viabilizar o plano, as lideranças criminosas fizeram uso de uma rede ilegal de comunicação por meio de advogados, que transmitiam e entregavam mensagens dos presos para criminosos fora da prisão envolvidos na tentativa de resgate e fuga. Pelo menos quatro defensores foram detidos.

Para tanto, os investigados valiam-se dos atendimentos e das visitas em parlatório, usando códigos que remetiam a situações jurídicas que não existiam. Cerca de quatro defensores do comando foram presos na quarta.

Reprodução/TV Globo

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