RO, Segunda-feira, 13 de maio de 2024, às 4:56



RO, Segunda-feira, 13 de maio de 2024, às 4:56


Algo vai mal quando Fazenda, Big Brother e outros ignoram a vulnerabilidade do ser humano

Samuel Saraiva (*)

Entristece constatar em debates triviais, inócuos e infindáveis a postura inconcebível de parcela do conjunto de atores midiáticos convergindo para vertentes político-partidária e ideológica.

Esse comportamento os diminui à condição de meros agentes especulativos, extrapolando abusivamente os parâmetros conceituais da liberdade de imprensa e indiferentes à importância da indispensável escolha de temas legítimos.

Se assim fosse, encontrariam soluções a problemas gravíssimos, relevantes e inadiáveis que afetam populações mais vulneráveis, essas sim, dignas de serem vistas a cada 24 horas.

- Advertisement -



Fazendas, Bigh Brothers e adjacentes…

Numa inversão de valores pouco razoável, atores midiáticos se dedicam a premiar futilidades, sexismo, criminalidade e a indústria do entretenimento, de duvidoso gosto, destinando injustificável espaço no noticiário, e com isso, mantendo a sociedade distraída.

Enquanto isso acontece, atores políticos a serviço do poder econômico se tornam cada vez mais bestialmente ricos à custa do empobrecimento coletivo. Ávidos e espertos, transformam em lucro catástrofes naturais, guerras e pandemias que castigam os mais pobres ante a ausência de empatia e sensibilidade social.

Os mais imaturos e pretensiosos vestem-se com toga de “juízes”, mostram-se distanciados da razão e do aprendizado acadêmico e científico, em consequência dos percursos pessoais e profissionais, das carícias ao ego e da paixão pelas correntes com as quais se simpatizam,  ofuscando o profissionalismo.

Ao mesmo tempo, maculam o admirável legado construído com sobriedade pelos mestres do bom jornalismo, sob a égide da estrita observância à ética, com o único objetivo de informar em vez de propagar desorientação, abstendo-se de influenciar tendenciosamente como forma de afirmação pessoal e atendimento dos interesses de seus empregadores.

Ofuscam a competência à luz do conhecimento acadêmico, da técnica, da ciência, sobretudo, do zelo que deveriam primar pela isenção e imparcialidade plena na formatação de opiniões.

Em vez de construírem, se inspiram em paixões desvairadas, confundindo e comprometendo a qualidade do debate público, evidenciando um estágio de infantilidade que têm maculado o sistema de comunicação midiática como um todo, tornando-o cúmplice e partícipe ativo do status deplorável de desigualdades, injustiças e violência, numa tríade complexa e homogênea entre mídia, política e opinião.

Sistematicamente, parcela considerável dos artífices da mídia atuam como propagadores voluntários, emotivos e apaixonados, escolhendo como prioridade o enfoque conjuntural em detrimento das questões legítimas de caráter estruturais, enquanto propostas sérias são depositadas irresponsavelmente nas lixeiras do submundo cibernético.

Parecem ignorar ou não entender que existe um inimigo comum a ser combatido, no lugar daqueles premiados com desproporcional visibilidade.

Desigualdades sociais e econômicas, a fome propriamente dita, e muitos problemas estruturais causam mortes e desafiam a inteligência humana. Infelizmente, seguem-se as mazelas, os rumores de guerra, todos causando nociva apreensão no plano psicossocial. Como dói a realidade!

Sem o entendimento correto do papel dos artífices da imprensa, ela apenas existirá como um poder subserviente a serviço das elites econômicas e políticas obcecadas por lucros tão extraordinários quanto imorais.

Enquanto isso, equidistantes e conscientes que não poderão mudar o curso da história, uns poucos, invadidos pelo sentimento de tristeza e impotência, se resignam a observar apreensivos esse cenário patético de “pão e circo”, que agride a razão e macula a própria dignidade humana.

O que dizer mais? Siga o espetáculo!!!
_____
* Rondoniense, mora em Washington, DC (EUA)






Outros destaques


+ NOTÍCIAS