RO, Segunda-feira, 06 de maio de 2024, às 4:00



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A emocionante história da modelo que sobreviveu a acidente há 8 anos e foi desenganada por médicos

Sandya Ribeiro Belém fez postagem para lembrar os 8 anos do episódio que mudou sua vida para sempre. "Meu capacete não sofreu nem um arranhão e eu também não tive um arranhão, mas a minha cabeça quebrou todinha"

VILHENA (RO) – Num longo e emocionado relato publicado hoje nas redes sociais, a modelo Sandya Ribeiro Belém relembra e dá detalhes do acidente que aconteceu oito anos atrás nesta mesma data e que mudou para sempre a sua vida. Em 2015, a jovem de 17 anos, que estava na garupa da moto, quando o veículo se chocou com um carro e a deixou em coma, traz revelações surpreendentes, como a de que ela chegou a ser “desenganada” pelos médicos.

Acompanhe, na íntegra, o texto postado pela estudante de Direito, que usou várias fotos para ilustrar a publicação, em que ela demonstra otimismo e gratidão:

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Hoje, 4 de julho, completam 8 anos do meu acidente, onde a minha vida mudou completamente. Não, não, eu não fiquei cadeirante e sim estou cadeirante por um tempo. E que tempo hein, kkk! Mas vejamos como foi tudo: meu pai foi me buscar no trabalho (quantas saudades de lá), a nossa vinda, costumeiramente, era pela avenida Paraná, mas naquele dia decidimos ir ao mercado Bela Vista, do bairro Bela Vista.

Trafegávamos pela Avenida Jô Sato, mais conhecida como BR-174, paramos no semáforo do Hospital Regional, seguimos pela avenida e na esquina da rotatória com a Avenida Tancredo Neves outro veículo conduzido por um homem (que vinha no sentido oposto ao nosso) fez o contorno na rotatória e atravessou na nossa frente. Quando meu pai viu, estava muito perto e não deu tempo de frear, nem desviar, ele simplesmente encaixou o pneu da moto no pneu dianteiro do carro e deixou bater.

Como a moto é uma Yamaha Fazer 250, o assento do passageiro é mais alto que o do piloto e com o impacto eu apertei o meu pai com tanta pressão que amassou o tanque da moto no sentido piloto guidom. A intensidade ainda forçou o guidom da moto para baixo e meu pai saiu esfregando pelo asfalto e eu fui arremessada longe, o meu capacete não sofreu nem um arranhão e eu também não tive um arranhão, mas a minha cabeça quebrou todinha. O lado direito do meu crânio foi esfarelado (moído) e o lado esquerdo do meu crânio está todo trincado, o osso da minha face também é todo trincado e ainda com a pancada eu tive uma hemorragia cerebral que acabou virando interna, o que me impediu de respirar por 40 minutos.

Por ter me faltando oxigênio por tanto tempo estourou a veia central do meu cérebro e por onde esse sangue foi passando foi matando os neurônios e com isso eu perdi 60% do meu cérebro e os 40% restantes são só alguns pedaços que funcionam.

O socorro agiu rápido, graças a Deus, mas nesse dia o único neurocirurgião (dr. Cláudio Cruz) de plantão tinha ido para casa, pois seu plantão tinha acabado e nesse dia ele iria viajar para o Acre e ficaria 15 dias para lá, fazendo outro plantão. Deus permitiu que ele voltasse ao hospital por ter esquecido algo lá e (coincidência) quando ele voltou, chegaram comigo no estágio entre a vida e a morte, sem respirar, a equipe médica sentia dificuldade para me intubar. Por Deus! O anestesista (Dr. Augusto) não estava acompanhando nenhuma cirurgia no momento, ele conseguiu me intubar, correram para fazer uma tomografia do meu crânio e voltaram comigo para realizar a cirurgia.

Foram 6 horas de cirurgia. Meu cérebro estava muito pressionado, o neuro fez a limpeza, tirou os farelos de ossos do meu crânio e drenou o coágulo que tive no meu cérebro. O Dr. Cláudio disse que entrou muito sangue nas minhas vias aéreas, foi muito sangue para dentro da boca e nariz.

Logo após a cirurgia surgiu uma vaga na UTI, local onde fiquei por 44 dias, 37 deles em coma. Lá dentro apresentei alergia a um medicamento e também me ocorreu de broncoaspirar alguma coisa. Sem conseguir respirar, eu estava morrendo, por Deus! o Dr. Augusto, o anestesista sentiu de ir mais cedo e, ao chegar, me viu naquele estado, agilizou a intubação novamente e eu acabei tendo 18.000 de infecção no pulmão. Alguns uns dias depois, sendo medicada pelos profissionais, me recuperei dessa infecção e fui levada para a enfermaria por quase 3 meses. Saí do hospital, não da enfermaria, porque fiquei internada em casa para evitar a contaminação por infecções do hospital e continuar o meu tratamento.

As fisioterapeutas iam na minha casa, mas fui contaminada por uma bactéria na bexiga, necessitando de muitos antibióticos. Nessa condição fui encaminhada para o urologista (Dr. Nilton) que me encaminhou para o infectologista em Porto Velho, em 2017 (Dr. Armando) que reforçou minha inscrição para o hospital Sarah Kubitschek. Entretanto, fui avisada da vaga lá em fevereiro de 2018, sendo em julho.

Para isso meu pai correu atrás de tudo para a minha ida para lá. O mês de julho chegou, eu e minha mãe fomos (sem contar que nessa época eu estava com 90kg e ao entrar no avião, na cadeira robótica, bateram meu pé e nisso eu tive um espasmo e acabei indo parar no chão). Lá no hospital fiz um monte de exames, teve exame que nunca tinha ouvido falar na minha vida. Fizeram o exame de urocultura e viram que eu tinha duas bactérias na bexiga e me desenganaram. Falaram que se tirasse meu xixi certinho dava para conviver de boa com as bactérias. O tratamento ocorreu com o uso de um medicamento manipulado, que com 7 dias não havia mais as bactérias.

O problema era a fisioterapia. Ela ficou a desejar até que um certo dia a neurologista apareceu com os resultados dos meus exames. Chamou minha mãe para conversar secretamente, mas minha mãe disse que podia falar perto de mim, porque de todo jeito eu ia pesquisar sobre o resultado. Pois bem a médica me desenganou e me mandou embora.

Em 2019, ainda no início do ano chegaram os resultados dos meus exames. Neles descobrimos a perda de 60% do meu cérebro. Também nesse ano voltei à faculdade, os colegas da minha turma colariam grau, seria o ano da minha formatura se não tivesse acontecido o acidente.

Hoje, 08 anos depois de muitas lutas, estou no céu, me sinto a cada dia melhor e fazendo o meu tratamento em uma das melhores clínicas em reabilitação neurológica (Reabilitare) da Dra. Sandra Lima e equipe, que consegui vim através de amigos e familiares.

Em 2022 fiz uma ressonância do crânio a pedido do neuro daqui de Cuiabá (Dr. Anderson) que avaliou meu cérebro como o de uma pessoa em coma há muito tempo e que na minha cabeça não existem os sensores da visão, audição, fala, ou simplesmente qualquer tipo de movimento, que minha neuroplasticidade está ótima, que tenho a capacidade de aprender tudo novamente.

O melhor ficou para o final: me olhou e disse que sou um verdadeiro milagre e graças a Deus. Esse ano me formo em direito.

Texto editado e corrigido pelo meu incrível professor, Wilson de Almeida).

Na foto principal, estou no centro cirúrgico com o dr. Cláudio Cruz e o dr. Augusto. Meus dois anjos.

Fonte: Folha do Sul






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