RO, Domingo, 08 de junho de 2025, às 18:34






Livros e amizades – Por Humberto Oliveira*

Humberto Oliveira*

PORTO VELHO – O crítico literário Antônio Cândido disse uma vez que, ao ganhar um livro de presente do poeta Vinicius de Moraes, ficou emocionado com a dedicatória em que o autor louva à amizade de ambos, nascida pela afinidade pelos livros. Livros têm este poder de unir pessoas, independentemente da idade. Nada supera uma boa conversa sobre autores, suas histórias e obras literárias, principalmente os nacionais. Livros formam elos e a leitura, uma ligação que abre portas para novos mundos dando asas à imaginação.

Não tenho dúvidas de que uma amizade nasce de forma espontânea, no entanto, sem afinidades, confesso que fica mais complicado. Afinal de contas aquilo em nós de mais valioso é o conhecimento, não para guardar para si, mas para dividir e compartilhar.

Quando alguém pergunta, quantos livros leio por mês, imediatamente, essa pessoa passa a fazer parte da minha história, principalmente porque a pergunta gerou uma resposta, daí aos poucos vão surgindo novas interações e escopo para outras conversas.

Foi desta forma o ocorrido, simples, no entanto, marcante. Uma simples pergunta, uma indagação, uma curiosidade de uma jovem estudante, quando da minha espera pelo meu filho no curso de inglês, sentado sempre no mesmo lugar, lendo mais um livro enquanto aguardo a aula terminar.

A pergunta se transformou em outras, e com o passar do tempo, a conversa casual se tornou um bate papo informal e porque não dizer, muito agradável, pois logo percebi quão inteligente, informada e articulada é a jovem estudante.

Obviamente, a conversa, aos poucos, foi evoluindo, mas sempre focada em livros, literatura, história, troca de conhecimento e reciprocidade. É tão difícil encontrar alguém tão jovem, cuja conversa seja interessante, no entanto, ela, com seus óculos de armação redonda, sempre me pareceu, à primeira vista, uma menina simpática, educada e inteligente, três qualidades raras, não apenas nos jovens de hoje, mas em muitos adultos.

Mesmo depois de tantas conversas um mistério permanece. Não perguntei seu nome e tão pouco lhe falei o meu. Prometi para mim, na próxima vez em que conversarmos farei essa pergunta. Afinal, essa história começou com uma indagação. Porém, o mais importante é manter a conversa interessante, pois, um livro ou melhor, muitos livros, tenho certeza, têm a capacidade de fazer pessoas se conhecerem, interagirem e quem sabe nascendo daí uma nova amizade.

Bons livros rendem ótimas conversas, que geram novas amizades. Foi assim, pelo menos é o que eu penso e concluo quanto os livros servem de ponte para suas pessoas de idades diferentes consigam dialogar por tão extraordinária afinidade, um livro, ou melhor, livros.

*É jornalista de formação e cinéfilo diletante

Banner Social - Expressão RO

spot_img

+ Notícias


+ NOTÍCIAS