PORTO VELHO – Enquanto todos os dias morrem mais vítimas do covid-19 em Rondônia e a economia não consegue andar para a frente, quem tem a responsabilidade de ajudar a população finge, mas não ajuda. Governo, prefeitura de Porto Velho e o senador Marcos Rogério, cuja última grande ação no Congresso foi votar a favor da lei dos fake-news, agora se engalfinham numa disputa onde, pelo que se pode observar, o que menos interessa é estabelecer linhas comuns de combate ao mal e em defesa dos interesses da população.
Em contrário, visam se fortalecer no maior colégio eleitoral do Estado, a capital, para a disputa da prefeitura mas, em realidade, estão de olho é na sucessão governamental de 2022. Pior, fica para o portovelhense, e se transmite para todo o Estado, a ideia de um governo distante e perdido com relação à covid, com um um secretário muito esforçado, mas que agora entra na mira do Senador, o que ficou agora pior com as acusações de que o próprio governador Marcos Rocha estaria sendo boicotado – a palavra certa seria “traído” – dentro de seu gabinete, pelo chefe da Casa Civil e pelo secretário estadual de Saúde.
De seu lado, o prefeito Hildon Chaves agora se arvora em “defensor” dos interesses da população, isso após abdicar de suas responsabilidades há mais de um mês, quando anunciou que a partir daquela data deixava nas mãos do governador as decisões relativas ao covid na capital. Agora, ante a grita dos empresários desesperados com o abre-fecha-abre-fecha condenam a esse segmento e diz estar defendendo a população, o que não parece estar fazendo desde o início da pandemia.
Ou melhor, em se tratando de saúde, desde o início de sua gestão.
O senador Marcos Rogério está tentando ganhar mais espaço político na capital, onde teve muitos votos na disputa passada ao Senado, mas ainda não retribuiu como deveria. Nem ele nem a bancada rondoniense no Congresso. Pra fazer uma comparação, a bancada do Acre conseguiu de uma vez, isso em março, quando a pandemia ainda estava se instalando, 73 milhões de reais de uma só vez. Bom lembrar que o Acre tem (IBGE/2019) pouco mais de 880 mil habitantes, enquanto Rondônia (mesma fonte) é duas vezes maior.
A diferença é que no Acre, quando o interesse é do Estado a bancada deixa de olhar pra o próprio umbigo, fuma o “cachimbo da paz” e deixa de lado divergências políticas, incluindo governador e prefeitos. Em Rondônia, num momento em que é preciso união, a classe política (se é que tem “classe”) se faz de “torre de babel”, e o resultado é a troca de farpas, como agora, tudo porque o senador anunciou disponibilizar 30 milhões para o Estado, ao invés de se dirigir ao governador foi buscar assessores que, pelo visto, não informaram ao chefe deles, mas o secretário de Saúde, talvez em busca de festa pela “inauguração” de alguns leitos no Regina Pacis mandou convidar todo mundo para fazer plateia aplaudidora, um ato incompleto e que só serviria para a promoção do governo.
Do lado de cá, quem paga os salários dos envolvidos, quem precisa de atendimento mais que urgente, fica entregue à própria sorte e cujo resultado dessa contenda é a notória satisfação de noticiaristas em anunciar a cada dia o aumento das vítimas do mal, e os que sobreviverem é que irão pagar a conta. E, desses, ainda serão buscados naquilo que interessa aos atores envolvidos: o voto, que lhes garantirá por mais alguns anos os bons salários e as maravilhosas benesses do poder.