Por: Humberto Oliveira*
Desde quinta-feira, 26, o clássico longa metragem Superman, o filme, lançado há 46 anos, em 1978, voltou às telas de cinema. Claro, que não poderia deixar de rever este que é uma das produções cinematográficas que fazem parte da minha história como cinéfilo. Quando assisti ao longa pela primeira vez, na tela gigante do inesquecível Cine São Luiz, em Fortaleza, levado pela minha saudosa dona Neila, minha tia, madrinha, segunda mãe e professora, senti uma das mais fortes emoções da minha vida, pelo menos até ali, no alto dos meus 14 anos. O filme cumpriu a promessa anunciada nos cartazes de divulgação “Você vai acreditar que o homem pode voar”.
Os mil e 200 lugares do São Luiz estavam todos ocupados, sem mencionar a multidão que encarou em pé a primeira sessão. Até pensei pedir para minha tia para assistirmos novamente, no entanto, fiquei quieto. Naquele tempo não era obrigatório o espectador sair no fim da exibição, mesmo o cinema estando lotado. Revendo o filme, lembrei do DeLoren, o carro que é a máquina usada em De Volta para o futuro para viagens no tempo. Enquanto neste filme o personagem principal voltava para 1955, eu, na poltrona da sala Vip do cine Araújo fiz minha viagem no tempo, mas para uma tarde especial, maravilhosa e inesquecível com minha tia Neila, em 1978. Que saudade. Na sessão atual, além de nós quatro, apenas mais três pessoas. Que pena.
Quase cinco décadas depois, senti novamente a emoção de rever momentos antológicos, como o primeiro voo do Homem Aço, na Fortaleza da Solidão, vindo direto para a câmera, como se fosse sair da tela, mas no último instante desvia. A plateia quase foi abaixo e a gritaria me pareceu interminável. Na cena seguinte somos apresentados ao repórter Clark Kent, a identidade secreta do Superman. Conhecemos também Perry White, o editor do icônico Planeta Diário, a repórter Lois Lane, o fotógrafo Jimmy Olsen e na sequência o vilão da história, Lex Luthor, arquinimigo do super herói.
Nesta noite de sexta-feira, 27, na sala 3 do cine Araújo, na sessão das 21h45, com minha família, quando os primeiros acordes da trilha sonora de John Williams começou a tocar, voltei a ter 14 anos de novo e ao lado, meu filho atualmente com a mesma idade que eu tinha em 1978. Foi outra emoção, pois 46 anos depois ali estava eu, nos meus 60 anos, revendo a um filme que assisti com mesma idade do meu garoto. Conosco também minha mulher e nossa filha – vestindo uma camisa com S. Assistir Superman, o filme no cinema, certamente foi um maravilhoso programa em família.
Dirigido por Richard Donner, de Máquina mortífera 1, 2, 3 e 4, e roteiro de Mário Puzo, da trilogia O Poderoso Chefão, e estrelado pelo então novato Christopher Reeve interpretando Superman/Clark Kent e ninguém menos que Marlon Brando, como Jor-El, pai de Clark/Kal-El e ainda Gene Hackman, fabuloso em sua interpretação de Lex Luthor. Glenn Ford, como Jonathan Kent, Terence Stamp, como general Zod, em pequena participação e Margot Kidder, a eterna paixão do Superman, Lois Lane, entre outros.
Outra cena que ninguém esquece, obviamente, é a da segunda aparição do herói, para salvar Lois pendurada num helicóptero quase caindo do alto do heliporto do Planeta Diário. Clark procura uma cabine telefônica – uma referência às HQs. O jeito é passar numa porta giratória e sair voando. O resto é história.
A sessão terminou duas horas e 25 minutos depois. O que ficou é a certeza – aliás nunca houve dúvida, de que existe apenas um Superman. O personagem teve vários intérpretes, antes e depois – inclusive em 2025 estreia mais uma versão, no entanto, seja no cinema ou na televisão, para os fãs entre 55 e 60 anos ou mais um pouco, reitero sem receio de errar ou de ser injusto. Superman sempre será Christopher Reeve.
Lançado há mais de 40 anos, o retorno de Superman, o filme prepara os fãs do herói para o documentário Super/Man: A História de Christopher Reeve. Com estreia marcada para 17 de outubro, a produção detalha a trajetória do intérprete do personagem, apresentando uma história nunca contada antes com registros e bastidores exclusivos.
Vale a pena comentar as diferentes versões do longa. A que está sendo exibida em cinemas é a theatrical version, aquela que foi lançada originalmente em 1978, e que conta com 143 minutos de duração. Ela é a única até agora que foi remasterizada em 4K.
Existe uma edição especial dupla em blu-ray supervisionada pelo diretor Richard Donner, com 151 minutos de duração, e lançada originalmente em DVD na década passada. É a versão que apresenta, entre as cenas extras, aquela em que Superman é testado por Luthor com armadilhas de fogo, gelo e balas de metralhadora. Também mostra a cena no interior do trem onde estão um casal e uma menina. Os atores são Kirk Allen e Noel Nell, respectivamente Superman e Lois Lane do primeiro seriado baseado no último filho de Kripton e exibido em episódios nos cinemas nos anos 1940. A garota, em tese, seria Lois. Infelizmente, a cena foi cortada.
Fãs do universo DC, não esqueçam. Entre os dias 26 de setembro e 2 de outubro, poderão reassistir ao clássico Superman, o filme nas telonas de todo o país. O filme traz consigo a emoção de reviver uma obra atemporal, considerada extremamente importante para ascensão dos filmes de super-herói ao longo das últimas décadas. Donner, os roteiristas, os atores, os técnicos, os produtores, toda a equipe envolvida nesta superprodução realizada com muita criatividade numa época anos luz dos efeitos criados em computação gráfica ou Inteligência Artificial. A magia do cinema está toda na tela, em cada sequência de voo, em cada frame, deste clássico inesquecível do gênero e da história do cinema. Diversão garantida e entretenimento de primeira categoria para toda a família.
*É jornalista de formação, cinéfilo por opção e poeta diletante