PORTO VELHO – Um trecho da BR-364 entre os municípios de Pimenta Bueno e Vilhena segue sendo engolido pela erosão, sem que se saiba, de fato, quem deve responder pelo problema. O acostamento já desapareceu e parte da pista começa a ceder, enquanto motoristas dividem o asfalto com o risco.
Com mais de quatro décadas desde a pavimentação total, a principal rodovia federal de Rondônia vive de remendos. Buracos, pontes em manutenção e os conhecidos “pare e siga” são marcas constantes de uma estrada que deveria ser estratégica para o escoamento da produção e o transporte de pessoas.
O trecho afetado pela cratera poderia ser recuperado com uma simples intervenção de engenharia, mas o impasse sobre a responsabilidade pela manutenção torna o problema mais complexo. DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte) e ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) jogam a responsabilidade de um lado para outro. Enquanto isso, a pista vai sendo consumida pela erosão.
Procurado pela reportagem do www.expressaorondonia.com.br, o DNIT informou que o local afetado faz parte de um trecho já concedido à iniciativa privada — portanto, a responsabilidade pela recuperação seria da concessionária 4UM/Opportunity. O órgão orientou que a ANTT fosse consultada para esclarecimentos sobre a atuação da empresa.
De acordo com informações extra-oficiais não confirmadas o repasse da rodovia à concessionária no último dia 15, mas a ANTT nega esta informações e apresenta outra data para o repasse da rodovia ao Consórcio 4UM/Opportunity.
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Entretanto, a ANTT, em nota enviada por e-mail, afirmou que o trecho ainda não está oficialmente sob concessão. De acordo com a agência, embora o leilão já tenha ocorrido, o contrato com a concessionária só será assinado em 18 de julho deste ano. Até lá, o trecho permanece sob responsabilidade do DNIT.
Segundo a ANTT, o futuro contrato prevê uma série de melhorias ao longo da BR-364, como duplicações, passagens de fauna, faixas adicionais, drenagem e contenção de encostas — medidas que buscam tornar a rodovia mais resistente aos impactos climáticos e à ação do tempo.
De acordo com o DNIT, as obras já iniciadas ao longo da BR-364 continuam com o Departamento Nacional, como o viaduto na interseção da BR-364 com a BR-435, em Vilhena (km 13), o viaduto no Segmento 2, na saída do anel viário de Ji-Paraná, a intervenção emergencial no km 582, no município de Itapuã do Oeste e a reabilitação das pontes sobre os rios Candeias e Novo, em Candeias do Jamari.

Enquanto os papéis não são assinados e os prazos não vencem, a realidade segue crítica no trecho entre Pimenta e Vilhena. A reportagem tentou contato com o consórcio 4UM/Opportunity, mas não obteve retorno.
No meio desse impasse técnico e da erosão visível, a bancada federal de Rondônia preferiu gastar tempo e dinheiro promovendo audiências públicas para discutir a BR-364 depois que a licitação já estava decidida e o contrato prestes a ser formalizado. Como era de se esperar, não mudaram nada — apenas reforçaram a tradição de discursos vazios e gastos públicos sem efeito prático.