RO, Terça-feira, 22 de abril de 2025, às 16:20






Rondoniense envia carta à ONU, Papa Francisco e presidente Joe Biden, reivindicando distribuição de alimentos desidratados a vulneráveis

PORTO VELHO – Com o título A face cruel e criminosa da fome no mundo, o brasileiro e cidadão americano, Samuel Sales Saraiva, ex-suplente de deputado federal por Rondônia, morador em Washington DC., enviou carta esta semana ao presidente do World Food Programme (Programa Alimentar Mundial), da Organização das Nações Unidas, David Muldrow Beasley; ao presidente dos EUA, Joe Biden, reivindicando o uso da tecnologia na desidratação de alimentos naturais em larga escala; e publicou Carta Aberta dirigida ao Papa Francisco. 

Milhares de toneladas atualmente desperdiçadas seriam conservadas”, disse Samuel Saraiva hoje, pelo Watts App.

Segundo ele, a construção de plantas nesse sentido possibilitaria bancos armazenadores” em regiões consideradas vulneráveis.

Recessões e pandemias, entre elas, a da Covid 19 e suas variantes, agravam e ampliam a insegurança alimentar, castigando países ricos e pobres.

Eles estendem as mãos por comida – Foto FAO

SEGURANÇA ALIMENTAR

 A construção de usinas com capacidade tecnológica para transformar estoques de alimentos do estado natural para desidratados, ou mesmo para o estado pré-cozido, além de estender o tempo de conservação [cinco a seis anos, em média], fortaleceria a segurança alimentar mundial, observou. 

Catorze anos atrás, o missivista fizera semelhante apelo, justificando que a medida amenizaria a fome em regiões flageladas por desastres naturais, guerras ou aguda depressão econômica. 

Seria razoável pensar que o custo para estocar alimentos seja proporcionalmente menor que o de armazenar armas”, opinava Samuel em 2008. “Se os alimentos desidratados nutrem os soldados nas guerras, poderão alimentar os desvalidos vitimados pela opressão e pela fome”.

APELO CHEGOU A OBAMA

Em janeiro de 2009, desapontado por não haver obtido resultado maior no Brasil, Samuel enviara novamente a sugestão ao então presidente norte-Americano Barack Obama, fato divulgado discretamente por alguns veículos de imprensa.

Finalmente, após mais de uma década de formulada a proposta, constatando que a fome se agravou no mundo e nada ou muito pouco foi feito, assisti a uma reportagem realizada pelo fotógrafo de guerra Gabriel Chaim, no programa Fantástico, da Rede Globo, exibido em 5 de dezembro de 2021, mostrando imagens de sofrimento: crianças, mulheres e idosos buscando, famintos, restos de comidas descartadas pelas tropas americanas; senti no âmago a inquietação e consciência do dever de insistir no fomento da ideia”.

Atualmente, ele lamenta “a indiferença à dor do próximo e a falta de empatia que constituem aos olhos da razão, uma forma inequívoca de cumplicidade com os crimes praticados contra a humanidade, motivados pela ganância humana por poder, fama e dinheiro”. 

Para o rondoniense, os inimigos que desafiam não são os povos e nações destruídos por motivações expansionistas e de hegemonia geopolítica, mas os flagelos que castigam a humanidade”.

Samuel Saraiva, rondoniense, mora em Washington, DC

Inadmissível, em pleno século 21, o homem vasculhar o universo em busca de estrelas e fazer-se cego às estrelas valiosas que brilham no interior de cada criatura. (…) A falta de discernimento e de respeito à vida impede a compreensão de que ajudar é um privilégio, jamais um peso, o único caminho para fazer valer o sentimento de compaixão e a prática da solidariedade”.

Essa solidariedade, conforme o missivista, é gratificante, um dever moral”, razão pela qual deve ser exercitada por todos, pobres ou ricos, e sobretudo pelos detentores de poder emanado do povo e responsáveis por encontrar soluções justas e dignas”. 

FÉ SEM OBRAS É MORTA”

 Em tom espiritual, na carta ao Papa Francisco, Samuel adverte: Fé sem obras é morta”. E sem compaixão e justiça, com prioridade à vida acima de interesses frívolos, extravagantes e mesquinhos, não existirá amparo moral que justifique nenhuma existência perante o Universo”.

Na carta ao presidente Beasley, o brasileiro lembrou ter escrito ao antecessor dele, José Eduardo Barbosa, propondo o desenvolvimento de um projeto para a construção de usinas de desidratação de frutas, grãos e carnes, que compõem os estoques de reserva alimentar dos Estados membros. 

O objetivo do projeto seria processar alimentos de modo a aumentar o prazo útil dos estoques, buscando evitar desperdícios e simplificar a distribuição em situações emergenciais. Segundo Samuel, o noticiário da mídia no mundo evidencia a morte inaceitável de milhares de pessoas por fome, enquanto grandes quantidades de alimentos são descartadas devido ao vencimento dos prazos de validade.

A criação de estoques seguros, com longa vida útil, para atendimento emergencial ao cidadão, deve ser considerada uma política pública de caráter estratégico e prioritária em todas as nações”, exortou.

Lembrou que a Feeding America, maior organização de combate à fome dos EUA, administra mais de duzentos bancos de alimentos espalhados por todo o país, comprovando a viabilidade e importância, conforme noticiou a BBC News Washington, em reportagem assinada pela jornalista brasileira Mariana Sanches, em 4 de janeiro de 2021.

Lembrou Samuel da alarmante constatação de desperdício devido à degradação precoce dos alimentos causados por infraestrutura inadequada e inexistência de embalagens e outros procedimentos que impeçam a contaminação.

 EGÍPCIOS ESTOCAVAM, HÁ 4 MIL ANOS

De acordo com estimativa preparada por cinco agências da ONU, (SOFI) 2020, sobre o número de pessoas que passam fome no planeta, sabemos hoje que 811 milhões de pessoas sofreram com a fome, um aumento de 161 milhões em relação a 2019”, assinalou.

 Há mais de 4 mil anos, sem as vantagens tecnológicas da atualidade, os egípcios estocavam com relativo sucesso alimentos para o abastecimento em longos períodos de escassez, numa demonstração exemplar de maturidade e estratégia correta de fortalecimento das relações bilaterais e multilaterais na expansão inteligente de liderança.

Nos anos 1960, no mandato do presidente John Fitzgerald Kennedy, os EUA criaram um programa para assistir as populações sul-americanas: fora batizado de Aliança para o Progresso e durou até 1969; eu mesmo, entre milhares de crianças fomos beneficiados no Brasil e na América Latina”, acrescentou.

MONTEZUMA CRUZ
Fotos FAO

 


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