RO, Domingo, 28 de abril de 2024, às 9:43



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Rondon, 157 anos, viva as comunicações!

LOURISMAR BARROSO
Historiador

Em 5 de maio o exército brasileiro comemora o Dia da Arma da Comunicação, sendo seu patrono o Marechal Rondon, o militar ativista que tirou a região norte do isolamento através da Linha Telegráfica e da Inspeção de Fronteira, enfrentando os maiores obstáculos que um ser humano seria capaz de suportar.

Cândido Mariano da Silva Rondon, nasceu em 30 de abril de 1865 em Sesmaria do Morro Redondo, atual Mimoso. Foi o branco mestiço que carregou em sua genética indígena mato-grossense o dever de unir a nação sob a linha do progresso. Filho de Cândido Mariano da Silva que morreu em 1864, vítima da varíola e de Claudina Lucas Evangelista da Silva que morreu em 1867 vítima da catapora.

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Ficou morando com os avós maternos até aos 7 anos, ali aprendeu a ler, escrever, tomar banho no rio, andar a cavalo, balar passarinho e tudo que uma criança sadia poderia fazer.

Aos 8 anos foi morar com seu tio Emanoel Rodrigues da Silva Rondon, um ex capitão da guarda Nacional que teria lutado na Guerra do Paraguai e que há 2 anos tinha ficado viúvo. Estudo da escola particular do Mestre João e do Mestre Cruz, depois se formou professor magistério no Liceu Cuiabano aos 16 anos.

Em 1881 Rondon se alistou como soldado no 3º Regimento de Artilharia a Cavalo (Couto de Magalhaes – Cuiabá), onde iniciou suas instruções como recruta e sendo incluído na 4ª Bateria do Regimento sob o comando do capitão Hermes da Fonseca.

Em 1883 serviu a Escola Militar da Praia Vermelha do Rio de Janeiro, sendo nomeado em 1886 alferes-aluno.

Ao entrar na Escola militar, o jovem Cândido tinha como vencer na vida, e retornar o quanto antes a sua terra natal, para mostrar a todos que vencera na vida, para isso, não desperdiçava um minuto se quer de sua vida, concentrava toda sua capacidade moral e intelectual em aproveitar a oportunidade.

Em 1889 Rondon deixou sua contribuição participando da Proclamação da República ao lado de Benjamim Constant, tornando legionário daquela escola.

Em 1890 ao completar curso em Bacharel em Matemática e Ciências Física e Naturais, foi promovido a 2º tenente, ficando apenas três dias no posto, logo foi

promovido a 1º Tenente. Nesse mesmo ano, o jovem cadete pediu permissão para acrescentar o sobrenome Rondon em homenagem ao tio que lhe criou.

Rondon encontrou na carreira militar uma perspectiva de um futuro profissional.Foi ajudante da Comissão de Linhas Telegráficas, de Cuiabá fez os Registros do Araguaia, chefiada pelo Coronel Gomes Carneiro.

Em setembro de 1892, ganhou a patente de capitão.

Em 1893 no governo de Floriano Peixoto, Rondon foi escolhido para assumir a construção da linha telegráfica de MT ao Araguaia.

Em 1900 chefiou a construção da linha telegráfica de Cuiabá a Corumbá, com ramais em Aquidauana e Forte de Coimbra.

Em 1903 promovido ao posto de Major, e no ano de 1909 se tornou tenente Coronel. No ano de 1912 já era coronel.

Benjamin Constant grande mestre e apreciador de Rondon nomeou-o como substituto da cadeira de Matemática na Escola Militar, onde mais tarde acumulou a cadeira de Astronomia.

Engenheiro formado pela Escola Militar, Rondon foi professor de Matemática, Ciências Físicas e Naturais, além de ter sido um dos primeiros e mais importantes indigenistas, etnólogos, antropólogos, geógrafos, cartógrafos, botânicos e ecologistas.

O pantaneiro de Mimoso, o vaqueiro do pantanal, o mestiço que domesticou o homem branco, em prol de um Brasil sem fronteiras, sem desigualdade, sem raça e sem cor. Com suas buscas incansáveis pela unificação entre o homem civilizado e os povos da floresta, Rondon de tantos codinomes e significados, o Pagmejera dos Bororos, o militar positivista, o sertanejo do pantanal, o pacificador, o pesquisador, o marechal da paz, o soldado da pátria, o filho da  República, o ativista indigenista, o desbravador, o civilizador dos sertões, o poeta dos sertões e tantos outros adjetivos que foram enaltecidos por seus biógrafos ao longo da história.

A Comissão científica chefiada por Rondon de 1907 a 1915 empreendeu exploração com ênfase na geografia, cartografia, botânica, geologia, zoologia, antropologia e a etnografia de populações indígenas e sertanejas.

Nessas expedições, implantou o telégrafo, nosso primeiro sistema de telecomunicações, nas regiões isoladas como o Centro-Oeste e Norte, conseguindo integrar dois “brasis”, o “Brasil do litoral” com o “Brasil do interior”.

A comunhão entre as pesquisas científicas e o projeto civilizatório presente nas missões comandadas por Rondon, tiveram como foco a incorporação dos sertões brasileiros na virada do século XIX para o XX.

Como uma figura mítica da nossa República, Rondon é enaltecido como símbolo da pátria, o homem visionário além do seu tempo. Foi nessa compreensão que o Exército brasileiro resolveu proclamar com o título de Patrono da Arma de Comunicação do Exército através do Decreto nº 51.190 de 26 de abril de 1963. Mesmo sabendo que Rondon teria bebido nas Armas da Cavalaria, Artilharia e Engenharia.

Todo o seu trabalho chamou atenção do físico Alemão Albert Einstein, que vindo de uma viagem da argentina, ficou do trabalho do Rondon. Einstein enviou em 1925 uma carta ao comitê do Nobel indicando o nome de Rondon ao prêmio Nobel da Paz: “Este homem deveria receber o Nobel da Paz por seu trabalho de absorção das tribos indígenas no mundo civilizado sem o uso de armas ou violência. Ele é um filantropo e um líder de primeira grandeza”.

No ano de 1938, o Congresso Internacional de História das Ciências (Lisboa, 1938) tornou Rondon o único homem a dar nome a um meridiano terrestre, o de número 52 se chama Meridiano Rondon.

Em 1956, o presidente Juscelino Kubitschek propõe o nome de Rondon ao prêmio Nobel da Paz: “Todas as honras são poucas para homenageá-lo, Marechal. Quanto mais visito o interior do Brasil, mas me é apreciar seu trabalho admirável. O senhor mercê muito mais, Marechal”.

Devido as suas relevâncias, em 1957 o Explorer’s Club de Nova York concedeu a Rondon a medalha Livingston, a mais alta honraria que pode ser concedida pelo Clube a uma pessoa. A instituição ainda o indicou o nome do Rondon ao comitê do Nobel.

O Dia Nacional das Comunicações foi criado em 1971, em homenagem a Marechal Cândido Rondon “que levou as comunicações e o atendimento a distantes pontos do país.

O lema positivista adotado por Rondon: “O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim” (de Auguste Comte), trazia consigo o sangue que representava este Brasil. No corpo desse militar corre o sangue de índio, de caboclo, do negro e do homem branco. O mestiço que pacificou o homem branco. (Benjamin Constant).

Hoje os restos mortais de Rondon descansam na lápide nº 92 no cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro. Rondon faleceu às 9h07 do dia 19 de janeiro de 1958 em seu apartamento, aos 92 anos na cidade do Rio de Janeiro.

“O homem cansa de trabalhar, cansa de viver, mas não cansa de amar, só o amor constrói” (Marechal Rondon).

 






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