PORTO VELHO – Essa tal de ‘nova política’ tem umas coisas muito estranhas para o caboclo provinciano como eu. Tem horários estranhos, como publicar atos oficiais nas redes sociais no meio da madrugada e achar que toda a população é obrigada a tomar conhecimento; tem gente condenada exercendo função de líder do governador; tem secretário que é sacado do cargo por determinação judicial por meio ano, mas é tratado internamente como um breve afastamento; e tem amigos de infância (como o governador arvora-se em dizer que “é amigo do Bolsonaro”), mas que publicamente o que se vê é desprestígio, enquanto os adversários são levados aos holofotes.

Depois de sair direto do ostracismo para ocupar a cadeira número Um do Executivo Estadual, guindado pela onda bolsonarista que varreu o Brasil em 2018, o governador Marcos Rocha atrelou o sucesso de sua administração à sua propalada amizade com o presidente da República, Jair Bolsonaro, de quem gozaria de intimidade desde os tempos de caserna (quartel ou academia militar).
Acontece, contudo, que até o jornalista Fábio Camilo parecer ter mais trânsito e facilidade para falar com o presidente da República do que o governador, amiguinho do presidente.
Para não nos alongarmos muito – já que em tempos de ‘nova política’ o negócio é dizer tudo em 140 caracteres – vamos fazer alusão a três fatos que demonstram que a propalada amizade entre Marcos rocha e Bolsonaro pode estar sendo superestimada perlo chefe do executivo rondoniense.
O primeiro aconteceu durante a inauguração da ponte sobre o Rio Madeira, em Abunã, no dia 7 do mês passado. Achei estranho o presidente da República vir ao estado e não ter nenhuma agenda oficial com o Governador. Aliás, nos vídeos que divulgou em suas redes sociais anunciando a vinda a Abunã, Bolsonaro não fez referência a nenhum político de Rondônia. Pelo contrário, preferiu citar apenas o senador Márcio Bittar, do Acre.
Naquela solenidade, o que se viu foi um coronel governador acanhado, com um discurso chocho, insosso e distante do presidente, que demonstrou mais proximidade com o governador do Acre, Gladson Cameli, e com o senador Marcos Rogério. Nem para descerrar o fita o governador Marcos Rocha foi convidado.
Quem estava lá, coladinho e recebendo afagos de Bolsanaro foi o outro Marcos. O Rogério. E o governador do acre, claro.
Outro fato que chama atenção para questionar essa propalada amizade do governador com o presidente é o fato do ‘filho número um do presidente’, senador da República, ter sido visto com certa frequência em Porto Velho e não ter dado uma única palavra sobre o governador amigo de seu pai.
O que se viu foi o senador em passeatas e visitas aos dirigentes do PSDB e milionários da Educação em Rondônia, os Carvalhos. Não é muito lembrar que, em nível nacional, o PSDB se alinha aos partidos de esquerda que querem derrubar o presidente antes mesmo das eleições do ano que vem.
Para encerrar, o ministro da Saúde esteve, no feriado desta quinta-feira, em Porto Velho, e, novamente, nenhuma agenda oficial com o governador amigo do chefe da Nação.
Novamente, ao invés de ser recebido no palácio pelo governador Marcos Rocha, o que se viu foi o governador tendo de ir ao aeroporto tirar um foto com o ministro, que depois – tal como o filho número um do presidente da República – foi refestelar-se na companhia dos Carvalhos.
E aí, Governador? Que amigo é esse?
Carlos Araújo – editor