RO, Sábado, 18 de maio de 2024, às 16:54



RO, Sábado, 18 de maio de 2024, às 16:54


Portugal pesquisa o lítio, mas a exploração está distante

Na edição de fim de semana, o jornal português “i” [Informação] publica matéria de Daniela Soares Ferreira e Sónia Peres Pinto, informando o início da corrida ao ouro branco, modo como chamam o lítio. “Já foi dado o tiro de partida para a corrida ao ouro branco, mas está muito longe de chegar ao fim”, elas escrevem.

“De acordo com vários especialistas contactados pelo i, as seis áreas de prospeção lançadas pelo Governo, num total de 1495 quilômetros quadrados – e que correspondem a cerca de metade da Área Metropolitana de Lisboa ou três quartos da Área Metropolitana do Porto – ainda vão ser alvo de concurso para analisar se há indícios de lítio para que depois possam ser realizados estudos mais detalhados com vista a conduzir a uma eventual exploração. Ou seja, ainda estamos muito longe de explorar essas áreas.

“Além deste processo que ainda se arrasta por um largo período de tempo há que contar ainda com uma redução da zona de investimento. Segundo os mesmos especialistas, na melhor das hipóteses poderá ser explorado entre 1 a 3% das zonas identificadas pelo Executivo.

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E explicam esta redução: “Os geólogos só olham para as cartas geológicas, não olham para o uso do solo, ou seja, não têm em consideração se tem casas ou campos agrícolas, etc., o que significa que esse trabalho de prospeção tem de ter em conta outros critérios, nomeadamente algumas condicionantes, seja de área protegidas, seja o que for que vai apertando a área. Há áreas que não são possíveis de fazer trabalhos mais técnicos”, diz um dos especialistas ao nosso jornal.

“A baralhar ainda mais as contas está uma eventual mudança de cadeiras no Ministério do Ambiente. Se João Matos Fernandes defende o lítio como essencial para a transição energética, o próximo governante poderá não dar as mesmas prioridades. Os entraves por parte das autarquias, assim como o das associações ambientais poderão dificultar ainda mais estes projetos.

“E a somar já a esta dor de cabeça está ainda o facto de as empresas que irão a concurso deverão exigir do próprio Governo garantias de viabilidade tanto social, como ambiental. “Um coisa é analisar um território por sua conta e risco, outra é o Governo dizer que estão aqui umas áreas que estão disponíveis para prospeção e pesquisa, logo dá um direito de exploração futuro”, e acrescenta: “Se é o Governo que me está a dar esta oportunidade de negócio então tem que me dar algumas seguranças”, refere ao i um dos potenciais investidores para uma destas zonas de exploração.

“O que está em causa? Para um analista especialista em lítio contactado pelo i, estamos perante a quarta revolução industrial e Portugal tem todas as decisões na sua mão para decidir se “quer apanhar o comboio ou não”.

E não hesita: “Só há pouco tempo é que a indústria começou a investir no lítio, mas é um mercado que vai crescer muito com ou sem Portugal”, considerando que essa aposta “vai atrair imensas possibilidades para desenvolver a economia. Estamos a falar da quarta revolução industrial e Portugal tem essa oportunidade. Se vai aproveitá-la ou não já é uma decisão diferente”. [Montezuma Cruz]






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