RO, Segunda-feira, 21 de abril de 2025, às 12:28






Papa Francisco morre aos 88 anos: o fim de um pontificado revolucionário

O pontífice argentino faleceu após complicações de pneumonia, deixando um legado de reformas, inclusão e defesa dos mais vulneráveis

O Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, faleceu na manhã desta segunda-feira, 21 de abril de 2025, aos 88 anos de idade. O pontífice argentino, que liderou a Igreja Católica por mais de 12 anos, morreu às 7h35 (horário local) em sua residência na Domus Sanctae Marthae, no Vaticano, após enfrentar complicações decorrentes de uma pneumonia bilateral que o manteve hospitalizado por 38 dias no Hospital Gemelli, em Roma.

A notícia foi confirmada oficialmente pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Igreja Romana, em um comunicado que destacou “a dedicação incansável do Santo Padre ao serviço da Igreja e dos mais necessitados”. Sua última aparição pública havia ocorrido apenas um dia antes, no Domingo de Páscoa, quando, mesmo visivelmente debilitado, concedeu a tradicional bênção “Urbi et Orbi” (à cidade e ao mundo) na Praça de São Pedro.

O primeiro papa latino-americano
Eleito em 13 de março de 2013, Francisco entrou para a história como o primeiro papa jesuíta e o primeiro oriundo das Américas. Seu pontificado foi marcado por uma abordagem mais progressista e acessível, com foco em questões sociais e ambientais que frequentemente desafiavam o status quo dentro da própria instituição católica.
“O papa dos pobres”, como ficou conhecido, implementou reformas significativas na Cúria Romana – a administração central da Igreja. Enfrentou com determinação escândalos de corrupção financeira e abusos sexuais cometidos por membros do clero, adotando uma política de tolerância zero e maior transparência que muitos de seus predecessores evitaram.

Legado de inclusão e defesa do meio ambiente
Durante seu pontificado, Francisco abriu caminhos para uma Igreja mais inclusiva, promovendo o diálogo com outras religiões e demonstrando maior abertura a grupos historicamente marginalizados, como a comunidade LGBTQ+. Em 2023, autorizou a bênção a casais do mesmo sexo, uma medida controversa que gerou tanto aplausos quanto críticas dentro da Igreja.

Sua encíclica “Laudato Si”, publicada em 2015, foi considerada revolucionária ao tratar a questão ambiental como um problema moral e ao convocar fiéis e não fiéis a uma “conversão ecológica”. O documento alertava sobre os perigos das mudanças climáticas e criticava o consumismo desenfreado, estabelecendo o combate à crise ambiental como prioridade para os católicos.

O pontífice argentino também ficou conhecido por sua defesa incansável dos refugiados e migrantes em um mundo cada vez mais polarizado. Suas viagens apostólicas frequentemente incluíam visitas a campos de refugiados e regiões afetadas por conflitos, onde pedia acolhimento e solidariedade para com os deslocados.

Repercussão mundial
A morte do Papa Francisco gerou uma onda de manifestações de pesar em todo o mundo. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva decretou sete dias de luto nacional, afirmando que “o mundo perde hoje não apenas um líder religioso, mas um verdadeiro defensor da justiça social e da paz entre os povos.”

O primeiro-ministro australiano Anthony Albanese destacou “o exemplo de humildade e compaixão que revolucionou a imagem do papado no século XXI.” Líderes religiosos de diversas tradições também prestaram homenagens, ressaltando o papel de Francisco na promoção do diálogo inter-religioso.

Nas redes sociais, milhões de pessoas compartilham memórias e frases do pontífice, enquanto fiéis se reúnem em igrejas ao redor do mundo para orações e vigílias.

Cerimônias fúnebres e sucessão
Conforme informações do Vaticano, o corpo do Papa Francisco será trasladado para a Basílica de São Pedro na próxima quarta-feira, 23 de abril, onde permanecerá exposto para que os fiéis possam prestar suas últimas homenagens.

Atendendo a um desejo pessoal de simplicidade que caracterizou todo seu pontificado, Francisco será sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, tornando-se o primeiro papa em mais de um século a ser enterrado fora do Vaticano.

Com a Sede Vacante (período sem papa) oficialmente iniciada, o conclave para eleger o novo líder da Igreja Católica deverá ocorrer entre 15 e 20 dias após o falecimento, seguindo as normas estabelecidas. Durante este período, a Igreja será administrada provisoriamente pelo Colégio Cardinalício, sob a liderança do cardeal camerlengo.
A morte de Francisco encerra um capítulo significativo na história da Igreja Católica – um pontificado que buscou aproximar a instituição milenar dos desafios contemporâneos, sempre guiado por uma visão de “uma Igreja em saída”, como ele mesmo gostava de definir, voltada para as periferias existenciais e geográficas do mundo.


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