RO, Sexta-feira, 30 de maio de 2025, às 2:19






O país do artificialismo — Por Valdemir Caldas

(*) Por Valdemir Caldas

Democracia pressupõe liberdade de escolha. O Brasil está cheio de pessoas que se consideram democratas convictos, capazes de sacrificar a própria vida por amor ao regime. Exaltam a democracia e pregam a civilidade como um exemplo para o mundo, mas, na prática, não conseguem conviver de maneira fraternal com os que pensam e agem diferentes. Batem no peito e orgulham-se de viverem em um país democrático, porém não respeitam o pluralismo político, cultural e religioso. Quando são confrontadas ou contrariadas em seus desejos e opiniões, geralmente respondem com hostilidade. Exigem dos outros, porém pouco ou quase nada oferecem.

São pessoas que se comportam como os fariseus, frequentemente criticados por Jesus por falarem uma coisa e fazerem outra. Cobram dos outros o que não oferecem. Querem tirar o cisco do olho alheio, mas se recusam a retirar as escamas que as impedem de enxergar além do próprio umbigo. São ágeis no gatilho na hora de apontar o dedo na direção do próximo, contudo não aceitam críticas. Acham a coisa mais natural do mundo quando um governante enche a boca para defender a regulamentação das redes sociais, a pretexto de combater a desinformação e a violência online, quando muitos enxergam nisso uma afronta à liberdade de expressão.

Bilhões de reais foram roubados de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Os que se julgam mais democráticos que os outros execram os ladrões do INSS, mas não cobram dos que nos governam, além de punição exemplar, a imediata devolução do dinheiro surrupiado das contas de aposentados e pensionistas. Preferem ficar de braços cruzados enquanto autoridades e a mídia oficial discutem em que governo começou a roubalheira, numa evidente demonstração de desrespeito para com as vítimas.

Somos um país do futuro que nunca chega. Nossos dirigentes não têm um projeto de Nação, com regras claras e objetivos concretos e definidos, mas de poder. Não se discute, por exemplo, o tamanho da máquina oficial, com o consequente corte de gastos públicos. Enquanto nações avançam, o Brasil regride. Nossa economia caiu da nona para a décima posição entre as economias do mundo. Ninguém tem uma visão clara do que realmente se quer para o Brasil. A maioria do nosso congresso está cada vez mais preocupada com seus mesquinhos interesses, enquanto pautas importantes ficam para depois, à espera de um milagre. A ausência de um projeto de desenvolvimento impede o país de avançar na adoção de políticas públicas eficientes e sustentáveis, estacionando, apenas, no artificialismo.

Por Valdemir Caldas
Banner Social - Expressão RO



spot_img

+ Notícias


+ NOTÍCIAS