RO, Quarta-feira, 01 de maio de 2024, às 22:23



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Mobilidade humana, especialmente urbana, depende do poder público, mas população deve fazer sua parte

Lúcio Albuquerque

PORTO VELHO – Um dos grandes problemas que o administrador público dos dias atuais tem o dever de enfrentar pode se resumir a duas palavras: “mobilidade humana”. Em meu entendimento, há dois conceitos diferentes: aquele que entende ser isso um problema apenas do administrador e o que envolve também o cidadão como corresponsável da questão. Minha opção se volta toda para essa segunda, por entender haver muito que possa ser feito pelo contribuinte, seja CPF ou CNPJ, na busca, não digo de solução total, porque isso sei ser muito difícil, mas sou dos que pensam, havendo essa contribuição se poderá, e muito, humanizar a mobilidade.

Os motociclistas são as maiores vitimas de acidentes graves de trânsito em Rondônia – Foto: Daiane Mendonça

Vamos dar uma olhada na capital rondoniense. O fato de eu morar aqui há quase 50 anos, e ter feito questão de ficar mesmo quando tive duas ou três oportunidades para ir morar em cidades maiores  ter duas das três filhas, e todos os seis netos, nascidas nesta cidade que nem tem sua “certidão de batismo” ou sua “certidão de nascimento”, porque não há, oficialmente, uma data para o início dela, nem uma explicação coerente para sua denominação, representa que eu gosto daqui.

Daí entender haver necessidade de, nesta cidade com habitantes de multiorigens, o cidadão também assumir sua parte, mas que seja capitaneado e com a responsabilidade maior do poder público, independente de ter nascido aqui ou não. Há alguns meses um cidadão muito conhecido, natural de uma cidade (onde estive duas vezes já, e é bem limpa e com boa mobilidade humana) ter-me dito, quando o questionei da razão de não mandar arrumar a calçada de sua casa, não fazer isso “porque é problema da prefeitura”.

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Há coisas que o cidadão pode, e deve fazer, como mandar arrumar sua caçada, mas ao mesmo tempo que pode ser feito pelo contribuinte, também exige da prefeitura cumprir o seu lado, e isso creio constar do Código de Posturas: a uniformização das calçadas, a limpeza delas (há bairros considerados nobres), como Caiari e Arigolandia, nos quais é bem visível o descaso do morador para com esses dois itens). E sem que o poder público faça sua parte, como acontece na Pinheiro Machado na calçada ao lado do colégio Carmela Dutra, nesses casos ter coragem de exigir que cada um faça seu lado, como exigir que em bairros mais simples o morador se preocupe?

O morador resolve fazer uma obra, compra o material, deposita sobre a calçada, ou na rua, e o pedestre que se lixe, porque terá de caminhar pelo meio da rua, se quiser continuar a ir em frente. Empresas de recolhimento de entulhos deixam as “caçambas” na rua e o condutor de veículo que dê seu jeito, e isso não acontece só com o contribuinte, mas, às vezes, com obras em prédios públicos, como recentemente foi mostrado em reportagem do expressaorondonia, ao lado do Banco do Brasil, na Nações Unidas.

Mobilidade exige uma ação concreta do poder público na questão dos abusos que, a qualquer momento se assiste quando o assunto seja “trânsito”. A ideia que tenho leva ao raciocínio de que em autoescolas candidatos a motociclistas (prefiro chama-los “motoqueiros”) sejam orientados  mandar às favas todas as normas do trânsito, é só ver como eles cometem abusos enormes, ultrapassando sempre pela direita, circulando sempre em alta velocidade – o carro, se ultrapassar uma velocidade xis seu condutor  pode ser multado, mas motoqueiros trafegam “voando baixo” e, ao invés de frear seu veículo quem dirige moto buzina, invertendo aquela ilógica que diz que “buzina não é freio”. E por que isso acontece? Também porque a fiscalização é praticamente inexiste – a Semtran precisa botar o agente de trânsito em sua atividade-fim, e não ficar na burocracia. Mesma situação dos ciclistas que, apesar de todos os riscos, continuam trafegando na contramão, sem entender fazerem muitos anos que nossa cidade deixou de ser aquela onde todos se conheciam e nem havia tráfego.

Pior que o contribuinte prefere não dizer nada. Não temos, por exemplo, qualquer costume de mandar cobranças a autoridades – mas é muito comum que autoridades recebam de parte do contribuinte, todos os dias, muitas baboseiras que chegam pelas chamadas “redes sociais”. Ah! Para isso o contribuinte tem tempo e disposição, mas para denunciar ou cobrar um fato que prejudica a comunidade isso não acontece.

Nessa questão entra também a chamada “briga de egos”. Quantas vezes o contribuinte é prejudicado pela simples razão de um órgão público realizar uma obra sem avisar ao outro de sua área? Especialmente com relação a Caerd, prefeitura e órgãos estaduais isso é mais que comum, e o contribuinte, como se não tivesse nada com isso, nem tem coragem de reclamar a qualquer dos lados.

Volto ao inicial: entendo que a responsabilidade pela mobilidade humana não seja apenas problema só do poder público, apesar de ser dele a carga maior, mas se não houver uma ação conjunta, e neste grupo entendo ser fundamental a atenção da Câmara Municipal, vamos continuar morando numa cidade que há muito tempo é citada como uma das piores para se viver no país, apesar de ser capital de um Estado.

Pretendo voltar ao assunto.

Lúcio Albuquerque – repórter, email –  [email protected]






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