PORTO VELHO (08-02) – Um fervoroso homem da cultura em Porto Velho sai de cena em meio ao baque nas artes, profundamente impactadas pela pandemia do vírus corona. Mais de 50 anos em Rondônia, o pernambucano Flávio Daniel faleceu na madrugada desta terça-feira, e colocou de luto a cultura da capital rondoniense, onde atuou em várias posições nas três maiores escolas-de-samba, considerado por quem participou daquele tempo como “o mestre que deu mais vida à arte do carnaval”, como definiu o folclorista Carlinhos Maracanã. Apesar da grandeza artísticas que carregava em si, Flávio Daniel era um homem discreto, mas sempre acompanhando o debate. 

Maracanã o acompanhou nas passagens pelas escolas de Samba Pobres do Caiari, depois na Diplomatas e finalmente na Asfaltão.

Segundo boletim enviado pela família no início da segunda-feira, Flávio Daniel foi internado há uma semana num hospital apresentando um quadro de insuficiência respiratória, agravado por um enfisema pulmonar sendo, afinal, o óbito registrado como “covid”. Ainda durante a tarde de segunda, conversando com um de nossos repórteres, seu filho Marcelo Negrão deixou claro que a situação do pai era muito difícil.

Flávio veio para o então Território Federal do Guaporé aí por volta de 1969, como cabo da Aeronáutica, sendo destacado para servir na estação de apoio aviões em Forte Príncipe da Beira. “O Flávio ficou lá mais de dois anos e depois foi transferido para Porto Velho, onde encontrou um ambiente melhor para o que também gostava, o carnaval”, lembrou Haroldo Leite, que no mesmo período foi destacado para a FAB em Porto Velho.

Na capital rondoniense Flávio Daniel se enturmou com a “Pobres do Caiari”, “aparecendo na casa da tia Marise (Castiel, nome forte da cultura e educação no período), onde seu conhecimento de organização da bateria levaram a que assumisse logo o comando da nossa bateria que a partir daí deu um salto para a frente”, conforme Ênio Castiel sobrinho de Marise.

Mas ele não mexia apenas com bateria, como lembra Carlinhos Maracanã. “Na Diplomatas ele escrevia temas  e roteiros da escola, trabalhava no barracão, “meia a mão na massa”, como se diz, era artesão, inventava”. Maracanã não tem dúvida: “o Flávio Daniel mudou a forma de fazermos carnaval de escolas de samba e influenciou muito a organização delas e do que alcançaram-no período até a década de 1980 de grandeza e qualidade”.

SEPULTAMENTO

Tendo sua morte diagnosticada por covid, a família, que chegou a anunciar um velório, não pode realizar o ato devido às proibições sanitárias.

Fotógrafo Machado lamenta perda do amigo

ADEUS FLÁVIO DANIEL

“E Porto Velho está mais triste e mais pobre com a perda de um cidadão do bem, que amava a cidade e seu povo.

A família e aos amigos, fica aqui registrado nossa dor e solidariedade. Deus abençoe a todos.

“Lamentável a ida para outra esfera do nosso querido amigo Daniel. Carnavalesco de raiz, presidente da extinta Aspron e um ‘cara’ gente boa. Cumpriu sua missão aqui e hoje está na morada do nosso pai eterno”, pontua Machado.

Chegou a cidade em 1968 como mecânico da FAB e aqui criou raízes fortes e verdadeiras. Era  um amante da cidade Cabocla do Rio Madeira e sendo um grande artista plástico e sambista, ajudou na fundação de várias escolas de samba e blocos carnavalesco, onde criava as fantasias e alegorias. Servidor Público exemplar do Ex-Território Federal, ajudou a fundar a ASPRON, a Associação dos Servidores Públicos.

Adorava política, mas sem se envolver diretamente nela, torcendo e opinando e através das páginas sociais, levou essa paixão até mesmo quando internado, interagindo com os amigos e seguidores.

Fica um vazio na cidade, os mercados, ruas e ladeiras da cidade, perde um amante apaixonado por tudo que dizia respeito a Porto Velho e seu povo.

Vá em paz meu amigo Flávio Daniel!

NÃO VIVESTE EM VÃO”.

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