RO, Sábado, 18 de maio de 2024, às 10:16



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Porto Velho é um ‘cemitério’ de prédios abandonados pelo poder público. E não são só os do município

PORTO VELHO – Quanto custa uma obra parada? Quanto custa reiniciar uma obra abandonada? Quanto um prédio ou uma construção inacabada custa para quem mora ou trabalha no entorno? Quanto o município deixa de arrecadar? Quanto custa em termos de saúde morar ao lado de um prédio cujas paredes podem a qualquer momento desabar sobre a vizinhança ou quem passe pela calçada?

A primeira sede do jornal Estadão está transformada num imenso lixeiro e criadouro de mosquitos, além de ameaçar cair sobre a vizinhança

As perguntas podem compor uma sequência muito maior, porque o número de terrenos, de casas, de prédios se autodestruindo, transformados em criadouros de animais perigosos à vida humana, esconderijos de marginais e locais de tráfico e consumo de entorpecentes em Porto Velho é grande.

Nesse contexto, há uma área próxima ao Hospital de Base onde se pode observar com bastante clareza o que acontece quando o poder público abandona prédios, ou, pior ainda, quando inicia uma obra, vai até um ponto e depois para. Resultado: despesas e dinheiro jogado fora sem que, pelo visto, se tenha ideia de quem vai ser obrigado a ressarcir as despesas – o que no país é coisa inimaginável.

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Semana passada o expressaorondonia tratou a situação em que se encontra o prédio do ex-cine-teatro Parecis, que já foi um cinema de luxo, uma escola  municipal de balé, mas que a partir de seu abandono por seus supostos proprietários, foi aos poucos sofrendo autodestruição e invadido por moradores de rua.

A Assessoria de Comunicação da prefeitura respondeu com a promessa de que o’ Parecis’ vai ser recomposto, mas não disse quando. Já é um avanço e pode servir de pauta a outros veículos.

EX-SEDE DE JORNAL

Em 1995 o empresário Mário Calixto, festejou a inauguração das novas instalações do jornal Estadão do Norte localizado na Avenida Tiradentes, onde agora funciona a reitoria do Ifro. Fechou a sede velha na subesquina da Rua Duque de Caxias com a Rua Joaquim Nabuco, e pronto. De lá para cá o prédio, sem utilização e sem cuidados, começou a deteriorar-se.

Vinte e seis anos depois, o único indicativo de que ali funcionou um jornal que tinha grande peso na opinião pública é que, no alto de sua fachada consta o nome de fantasia do matutino “O Estadão”, carcomido pelo tempo e pelo descuido, ou desinteresse do proprietário, devido ao seu falecimento estaria agora em pendência judicial por herdeiros.

Abandonado desde a mudança, ainda no milênio passado, o terreno foi transformado num matagal, já com árvores bem desenvolvidas e num enorme criadouro de mosquitos, aranhas e ninhos de formigas que atazanam a vizinhança. Pior que há o temor de que, sem cuidados, a estrutura desabe e atinja casas no entorno, e aí, além de prejuízos faça vítimas também.

A EX-ESCOLA

Os dois prédios foram programados para serem uma escola moderna, mas há mais de 10 anos, abandonados, abrigam usuários de drogas uma montanha de ratos

Dinheiro (do contribuinte) jogado fora. Não há outra coisa que explique o absurdo abandono da obra de construção do que seria uma escola, na Avenida Jorge Teixeira bem em frente a Fhemeron. O prédio antigo foi inteiramente derrubado e a proposta, conforme reportagens da época, era a de construção de uma escola com características modernas. Possivelmente, como foi feito coma Murilo Braga, na esquina da Rua Brasília com sete de Setembro, na região central da cidade.

Depois do serviço ir na base do começa, para, começa para, acabou parando de vez e, depois de mais de 10 anos, o que tem ali é um monte de dinheiro jogado fora, porque a obra está podre, tomada pelo matagal, cheia de poças e monturos de lixos e dejetos deixados no local por pessoas que fizeram dali seu acampamento, abrindo trilhas no matagal onde disputam o local com todo tipo de insetos nocivos, e com grande quantidade de ratos. No último sábado, um repórter do expressaorondonia entrou por um dos buracos abertos no muro da Rua José Adelino e pode ver enormes ratazanas “desfilando”.

A enorme área, que ocupa uma quadra inteira, conforme algumas pessoas que passam pelo local, foi transformado no que essas pessoas chamam de “cracolandia”, onde também, como sempre acontece no caso, aparecem os que consomem, e ficam por lá mesmo, traficante e compradores, que chegam de  bicicleta, moto e carros.

O EX-2ºDP

O prédio da antiga delegacia do 2º DP ainda mantém o ajardInamento, mas é notório o estado de abandono

Apresentado, quando de sua inauguração, como um exemplo de como seriam as delegacias de polícia da capital, projeto que não passou do anúncio, na Rua José Adelino, a 80 metros da ex-escola, está o ex-2º Distrito Policial, onde de vez em quando, pelo menos, aparecem alguns trabalhadores supostamente mandados para fazer uma limpeza. “Eles vêm aqui, fingem que limpam e vão embora”, disse um cidadão que todos os dias faz aquele caminho a pé rumo ao trabalho nas proximidades.

No 2º DP – ainda no prédio antigo – há muitos anos aconteceu um caso trágico, quando um homem, que teria sido chamado para depor num inquérito como testemunha, morreu, supostamente de ataque cardíaco.

Inaugurado o novo prédio, houve delegados que diziam tirar do bolso dinheiro para manter o ajardinamento – na entrada havia até uma escultura. Mas depois o prédio foi abandonado, o que provocou muitas críticas, para as quais os responsáveis fizeram o chamado “ouvido de mercador”, da enorme distância que, a partir de então, quem precisasse fazer um registro policial na DP passou a ter de percorrer, apesar de morarem nas proximidades do então 2º Distrito.

A EX-DRT

Há um ano este expressaorondonia fez uma matéria sobre aquela área de tantos prédios abandonados, porque além da delegacia tinha a obra do que seria a escola. A menos de 30 metros da ex-escola, de frente para a avenida Jorge Teixeira, fica o que restou da sede da Delegacia Regional do Trabalho, a DRT. Repete-se ali o que acontece com prédios abandonados: a área transformada em lixão, servindo para esconderijos de quem usa droga e é mais um típico exemplo de desperdício de dinheiro público.

Ano passado a informação foi que o antigo prédio da DRT seria leiloado, mas tudo continua abandonado e tomado pelo mato e por esconderijo de roubo

Enquanto o prédio se deteriora, a DRT funciona em prédios alugados, gastando ainda mais o dinheiro do contribuinte.

Ano passado o site chegou a perguntar ao responsável pelos prédios da União e teve a resposta clássica, de que estava sendo providenciada uma licitação de venda, mas o que se observa é que não passou do anúncio – afora que tenha feito a venda e o comprador prefira deixar como está.

OBS: Na próxima reportagem a respeito o assunto vai ser sobre terrenos, públicos e particulares também tomados pelo matagal e transformados em imensos criadouros de mosquitos, dentro da zona mais urbana de Porto Velho.

www.expressaorondonia.com.br






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