RO, Domingo, 04 de maio de 2025, às 22:40




Hoje, 24 de abril é o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais – Libras

PORTO VELHO – O dia 24 de abril foi escolhido porque é a data da publicação da Lei nº 10.436/02, que trata da Língua Brasileira de Sinais – Libras. O projeto de Lei atendeu a reivindicação da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), instituição dedicada à causa das pessoas surdas do Brasil, como parte da luta pelo reconhecimento e definitiva implantação da Libras. Essa data representa uma conquista histórica para a comunidade surda brasileira, pois é neste dia que várias instituições, associações, escolas, comunidade e lideranças surdas se reúnem para discutir e relembrar suas conquistas e descrever novas metas. 

    Como foi o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – Libras?

A Libras foi oficializada como a segunda língua oficial do Brasil pela lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, ela é reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados, é uma língua de modalidade visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Muitos pensam que em diversos países se utiliza a mesma língua de sinais, mas isso é um mito, aqui no Brasil nós temos uma língua de sinais própria, diferente da língua de sinais de outros países, a língua de sinais é um produto cultural que se desenvolve através do contato  entre o pares da comunidade surda.

História da Libras

Segundo estudos, a história da Língua Brasileira de Sinais se mistura com a história dos surdos, estes que até o século XV eram tidos como impossíveis de se educar, alfabetizar. Esta realidade passa a ser modificada a partir dos séculos XVI na Europa e XVIII e XIX no Brasil, e tudo se inicia graças a atitude de um surdo francês chamado de Eduard Huet.

Nesta mesma época (1985) o Imperador Dom Pedro II, convidou o professor Huet ao Brasil para fundar a primeira escola destinada à pessoas com deficiência auditiva do país, esta foi denominada como “Imperial Instituto de Surdos Mudos”, sendo hoje o nosso Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), localizado na cidade do Rio de Janeiro. A proposta para a criação da escola foi logo aceita pelo governo imperial e o Marquês de Abrantes foi o designado para conduzir a segmentação da construção da primeira escola para surdos do país.

Huet era ex-diretor do Instituto Bourges na França e trouxe para o Brasil a língua de sinais francesa (LSF), sendo esta primordial para a formação e estabelecimento da Libras.

A Língua Brasileira de Sinais foi concebida da mistura da  Língua Francesa de Sinais e de gestos já empregados pelos surdos brasileiros, embora fosse conquistando seu espaço, em 1880 um Congresso referente a surdez realizado em Milão desaprovou e proibiu a utilização das línguas de sinais no mundo crendo que a leitura labial fosse a melhor forma para que os surdos se comunicassem. Tal acontecimentos fez com que a disseminação da língua de sinais pelo país tivesse um grande atraso.

Após o período colonial, os ex-estudantes do INES retornaram aos seus estados de origem e começaram a criar associações de surdos, nesses ambientes os surdos se encontravam com a finalidade de disseminar a língua de sinais e se organizarem social e politicamente, fortalecendo assim a comunidade surda brasileira.

A busca pela aceitação e reconhecimento da Libras não parou, e então em 1993 se iniciou uma nova luta pela legitimidade com um projeto de lei que tinha como objetivo de regularizar o idioma no país, mas somente dez anos depois em 2002 a Libras finalmente foi admitida como língua oficial no Brasil.

Mitos em torno da Língua de Sinais

Língua de Sinais é Língua ou Linguagem?

O termo utilizado corretamente é “língua” de sinais e não “linguagem” de sinais. E isso porque, concordando com Oviedo (1996), “língua” designa um específico sistema de signos que é utilizado por uma comunidade para se comunicarem.

A Língua de Sinais é Universal?

É comum que se pense que a língua de sinais é universal, ela não é universal. Muitas pessoas pensam que estas línguas são códigos que os surdos utilizam para se comunicar e, muitas vezes transmitir fatos da língua portuguesa, podendo até comunicar-se em qualquer lugar do mundo, mas isso é mito, cada país tem sua própria língua de sinais, do mesmo modo que as pessoas falam diferentes línguas orais no mundo, também às pessoas surdas em qualquer parte do mundo falam diferentes línguas de sinais.

Há Variação Linguística na Língua de Sinais?

Da mesma forma que acontece nas línguas faladas oralmente, existem variações linguísticas dentro da própria Língua de Sinais, que podem ser consideradas regionalismos ou dialetos. Essas variações ocorrem devido à existência de culturas diferentes e influências diversas no sistema de ensino do país. 

A Língua de Sinais é o Alfabeto Manual? 

De forma alguma. O alfabeto manual, utilizado para soletrar manualmente as palavras (também referido como soletramento digital ou datilologia), é apenas um recurso utilizado por falantes da língua de sinais. Não é uma língua, e sim um código de representação das letras alfabéticas, lança-se mão desse recurso para soletrar nomes próprios de pessoas ou lugares, siglas, e algum vocábulo não existente na língua de sinais que ainda não tenha um sinal.  Do mesmo modo que algumas línguas orais possuem alfabetos diferentes, nas línguas de sinais, as formas de mãos para a formação do alfabeto manual também variam de país para país.

Censo da surdez / Deficiência Auditiva no Brasil, Rondônia e Porto Velho

Segundo o censo demográfico de 2010 do IBGE: 9,7 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência auditiva. Rondônia aparece no gráfico com o total de 67 mil pessoas surdas e Porto Velho aponta para 8 mil surdos e ou deficiência auditiva.

Acessibilidade

É a possibilidade de viver a vida sem barreiras. Engloba o alcance e utilização, com segurança e autonomia de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, incluindo os sistemas tecnológicos, e outros serviços destinados à população. Deve servir para acesso ao meio público, privado ou coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por todas as pessoas, inclusive, pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Acessibilidade atitudinal

Refere-se à percepção do outro, sem preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações. Todos os demais tipos de acessibilidade estão relacionados a essa, pois é a atitude da pessoa que impulsiona a remoção de barreiras.

Acessibilidade pedagógica

Ausência de barreiras nas metodologias e técnicas de estudo. Está relacionada diretamente à concepção subjacente à atuação docente: a forma como os professores concebem conhecimento, aprendizagem, avaliação e inclusão educacional irão determinar, ou não, a remoção das barreiras pedagógicas.

 Acessibilidade nas comunicações

Eliminação de barreiras na comunicação interpessoal (face a face, língua de sinais), escrita (jornal, revista, livro, carta, apostila etc., incluindo textos em Braille, grafia ampliada, uso do computador portátil) e virtual (acessibilidade digital).

Acessibilidade digital

Direito de eliminação de barreiras na disponibilidade de comunicação, de acesso físico, de equipamentos e programas adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos alternativos.

Acessibilidade no Teatro e Cinema

Língua Brasileira de Sinais – Libras, através de um tradutor intérprete de Libras, todo o conteúdo oral e sonoro de um teatro ou filme é transmitido para os expectadores surdos ou deficientes auditivos;

Como se comunicar com a pessoa com deficiência auditiva e ou surda

  1. Fale claramente em velocidade normal, tomando cuidado para que a pessoa surda enxergue a sua boca;
  2. Não grite. Fale com um tom de voz habitual, a não ser que lhe peçam para aumentar a voz;
  3. Seja expressivo. As pessoas com deficiência auditiva podem não ouvir as mudanças sutis do tom da sua voz indicando sarcasmo ou seriedade;
  4. Se a pessoa é falante de Libras, busque utilizar esta língua;
  5. Caso haja o acompanhamento de um intérprete, fale sempre diretamente à pessoa surda e ou com deficiência auditiva;
  6. Em conversa, mantenha contato visual; se você dispersar seu olhar, a pessoa poderá pensar que a conversa acabou;
  7. Chame sua atenção ao iniciar uma conversa, sinalizando ou tocando-lhe em seu braço;
  8. Quando estiver conversando com um deficiente auditivo que saiba fazer leitura labial, fale de maneira clara, pronunciando bem as palavras, mas não exagere. Use a sua velocidade normal, a não ser que ele peça para falar mais devagar. Faça com que a sua boca esteja bem visível;
  1. Como o importante é a comunicação, você pode fazer perguntas com respostas sim/não. Se possível, ajude a pessoa surda a encontrar a palavra certa, assim ela não precisará de tanto esforço para passar sua mensagem.
  1. Ao planejar um evento, procure utilizar recursos de acessibilidade (intérprete, legenda em tempo real, legendas), utilize os avisos visuais. Se for exibir um filme, providenciar um script ou um resumo do filme, evitando apresentar peças que não contenham legenda.

A acessibilidade nas áreas: educação, saúde, segurança pública e lazer para pessoas surdas, em sua maioria é realizada através da língua brasileira de sinais – Libras, através do profissional Intérprete Tradutor de Libras ou profissionais bilíngues de diferentes áreas.

Onde estudar Libras em Porto Velho – RO

Em Porto Velho – RO existem instituições públicas e privadas que promovem a inclusão e acessibilidade da Libras na capital, essas instituições são: Acelibras – Consultoria Treinamento e Desenvolvimento, Projeto Café com Libras, Faculdade Santo André- FASA, Unir/DLibras, IFRO, Escola do Legislativo de Rondônia, Escola Municipal Bilíngue Porto Velho, Associação de Professores, Parentes, Amigos e Intérpretes dos Surdos do Estado de Rondônia (APPIS/RO), Associação dos Surdos de Porto Velho (ASPVH), Associação dos Surdo de Rondônia (ASRO).

*É professora bilíngue; mestra em História e Estudos Culturais e Especialista em Libras

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