RO, Sábado, 18 de maio de 2024, às 17:32



RO, Sábado, 18 de maio de 2024, às 17:32


HISTÓRIAS DO LÚCIO – O asfalto na ex-Venezuela e a primeira experiência de asfalto em Porto Velho

Lúcio Albuquerque

PORTO VELHO (20-02) – O asfaltamento do trecho da Rua Lourenço Pereira de Lima, ex-Venezuela, no Bairro Embratel, que se transformou em fiasco e em dinheiro jogado fora, faz lembrar para quem recorda dos tempos do Território, na década de 1960, quando um governador decidiu asfaltar a Avenida Presidente Dutra, naquela ladeira em frente ao então Porto Velho Hotel.

Segundo os jornalistas Rochilmer Mello e Euro Tourinho e os historiadores Esron Penha de Menezes e Abnael Machado, dos quais ouvi muitos fatos da nossa história, tudo aconteceu porque um governador decidiu fazer a experiência do asfalto em Porto Velho e, para isso, decidiu primeiro, claro, comprar o material e, como ninguém sabia como usar, mandou um funcionário graduado do governo fazer um curso especializado.

O funcionário voltou e dias depois os tambores vindos de Manaus chegaram ao porto da cidade, sendo marcada uma data para o lançamento do asfalto, escolhido o local – o trecho de ladeira da Avenida Presidente Dutra, em frente à atual Unir-centro.

- Advertisement -



Dia marcado, notícias espalhadas nos dois jornais, Alto Madeira e Guaporé, mas principalmente  na “rádio cipó”, um sol de rachar e muita gente se agrupou nas duas laterais da avenida. Na hora marcada, presentes as autoridades, Rochilmer dizia que até o bispo dom João Batista Costa estava também lá, senhoras da sociedade com seus trajes de festa; afinal, depois de muito tempo era chegada a hora de começar a urbanizar melhor a cidade, então com cerca de 40 mil habitantes.

Discursos não faltaram, e naquele tempo havia gente com bons discursos bem ao contrário dos políticos atuais, todos louvando a chegada do progresso. A caçamba do governo com os tambores cheios do piche, abertos, estacionou na “cabeceira da ladeira”, esquina da Dom Pedro II e Presidente Dutra.

Depois de algum tempo, haja discursos, enfim o funcionário especializado foi lá onde estava a caçamba, todos atentos aos seus movimentos, com um contingente da Guarda Territorial fazendo a segurança e impedindo que, principalmente, a molecada chegasse perto dos tambores, veio o grande momento.

Sob a ordem do tal funcionário especializado, e sob aplausos entusiásticos dos presentes, derramaram os tambores na ladeira. O piche foi descendo a rua, com o calor aumentando, porque o sol começou a derreter tudo.

Madames que teriam tentado atravessar de um para outro lado acabaram quebrando seus altos saltos, e a garotada, como era de esperar, tirando proveito para melar os sapatos no asfalto.

Terminado o espetáculo, sem que o problema fosse resolvido e a rua ficando emporcalhada, o jornalista Vinícius Danin, um dos líderes da “boca maldita” que funcionava no ‘Café Santos’, na esquina da Sete de Setembro com a Presidente Dutra, anunciou o epíteto que estava rebatizando o funcionário especializado: Deusa do Asfalto.

OS – “Deusa do Asfalto” foi uma música composta por Adelino Pereira, entre 1955 e 1958, cujo primeiro a gravar foi ninguém menos que Nelson Gonçalves, que os moradores daqui ouviam através de programas da Rádio Nacional, num tempo em que só música de qualidade e cantores mais ainda eram sucesso. Muito ao contrário de hoje.

*É repórter






Outros destaques


+ NOTÍCIAS