RO, Segunda-feira, 06 de maio de 2024, às 7:17



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GOLPE — Servidora Pública teve um prejuízo de R$ 255 mil depois de uma ligação referente a conta do Nubank; veja como aconteceu

Criminosos tiveram acesso à conta da vítima no app do banco e gastaram "todas as economias" dela em cartões de crédito e boletos

— Imagem: Rafael Henrique | Sopa Images | Reuters

O que começou como uma ligação simples virou um prejuízo de mais de R$ 250 mil para a servidora pública Eliana Miranda, de 32 anos. Isso porque golpistas tiveram acesso à conta dela no Nubank no celular e fizeram diversas transações bancárias, que culminaram num empréstimo de R$ 20 mil.

Ao todo, os golpistas roubaram R$ 255.074,37 da conta de Eliana:

  • R$ 126.717,27: em 14 operações em cartões de crédito;
  • R$ 128.307: em pagamentos de 11 boletos.

Nos dois casos, os valores eram expressivos, destoando das movimentações habituais da conta da servidora pública na conta. Depois, Eliana descobriu que os golpistas criaram oito cartões virtuais para fazer as compras.

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O golpe no Nubank

Tudo começou por volta das 11h de 19 de maio, quando uma suposta funcionária ligou e disse ser do time de segurança de operações do Nubank. O contato era a pretexto de uma tentativa de instalar e cadastrar a conta de Eliana num iPhone 7 Plus, que não é o telefone dela.

Por segurança, a suposta funcionária disse que não pediria informações e orientou Eliana a não repassar senhas ou clicar em links. Pediu apenas para a servidora confirmar dados pessoais para entrar no aplicativo do Nubank, com objetivo de fazer uma validação de segurança.

Desconfiada, Eliana recusou, pois o banco não costuma fazer ligações. A golpista insistiu. Disse que se tratava de uma situação de emergência, pois a ação pretendia interromper uma tentativa de fraude, iniciada minutos antes.

Como a suposta funcionária tinha todos os seus dados, Eliana prosseguiu. Ao clicar em algum item na plataforma do Nubank, foi redirecionada para outra tela e um arquivo foi baixado automaticamente. Nervosa, ela não lembra exatamente qual era a sessão.

Na sequência, seguiu para a aba “segurança”, em que deveria fazer mais uma validação, dessa vez com reconhecimento facial e biométrico na plataforma do banco. Depois disso, a tela do celular apagou.

Assustada, Eliana foi tranquilizada pela golpista, que disse ser um protocolo do banco e que a operação seguia a resolução 4893/2001 do Banco Central. Essa resolução existe, mas diz respeito à segurança cibernética para instituições financeiras. Um email do Nubank, que chegou validando sua identidade, ajudou a convencer a servidora.

Ainda na ligação, a suposta funcionária disse que os golpistas já haviam feito um empréstimo no valor de R$ 20 mil. Mas que todas as operações seriam desconsideradas.

Segundos depois, chegou um email do Nubank informando da liberação do dinheiro de um empréstimo. Assustada, ela contatou o banco por e-mail, sem retorno imediato. Ainda ao telefone, a golpista disse que o setor responsável já cuidava da situação. Em seguida, a ligação caiu. E a tela do celular continuou preta.

Quando reiniciou o celular, Eliana percebeu que o app do Nubank não estava mais instalado. Ao entrar na conta, suas economias sumiram. Só foi às 13h32 que Eliana passou a receber avisos de “bloqueio preventivo” do Nubank. Foram três, mas impedindo transações de centavos. Às 15h12, ela foi informada de uma transação “não confirmada” no valor de R$ 4.139,58

Após conseguir acesso ao app, Eliana relatou por um chat a situação para um funcionário do banco, que fez os procedimentos padrões de bloqueio da conta. Em seguida, ele encaminhou o caso para o “time de segurança” e pediu para ela aguardar cinco dias.

Além disso, Eliana contestou as operações no cartão de crédito e logo recebeu a seguinte mensagem: “Em até 24 horas enviaremos um retorno com orientações. Não se preocupe, se a contestação for válida você não sofrerá prejuízo algum”.

A esperança durou pouco, pois o Nubank entendeu que não houve golpe no caso. Informou que o uso do Mastercard Secure Code —um protocolo de autenticação de dois fatores que traz uma camada adicional de segurança para compras online— “invalida a possibilidade de fraude”.

Em outro e-mail, um funcionário afirmou que “não houve comprometimento” do cartão.

Na Justiça

No mesmo dia do golpe, Eliana registrou boletim de ocorrência online. Sem conseguir dormir, foi à delegacia na manhã seguinte. Durante o depoimento, ouviu que pouco poderia ser feito.

Após acionar o Nubank sem sucesso, ela entrou com uma ação na Justiça no fim de maio para o empréstimo ser anulado e receber indenização por danos morais e materiais no valor total de R$ 275 mil.

Até agora, ela conseguiu uma liminar para suspender o pagamento da fatura do cartão de crédito (R$ 11 mil) e da parcela do empréstimo. Já o banco informou que não foi intimado da decisão judicial nem do processo em curso.

Nota do Nubank

— Imagem: Nelson Almeida | AFP

Confira abaixo, na íntegra, a nota que o Nubank enviou ao Uol sobre o caso:

“O Nubank não foi oficialmente intimado da decisão judicial ou do processo em curso. É importante ressaltar que, paralelamente, a empresa segue investigando detalhadamente o caso para tomar eventuais medidas cabíveis, se aplicáveis. Por questões de sigilo bancário, não é possível comentar o caso específico. A empresa se manifestará diretamente com a cliente via canais oficiais de atendimento quando concluir a análise interna e/ou no âmbito do processo judicial no momento propício. Investimos continuamente em ferramentas preventivas, canais de suporte e monitoramento do uso de seus serviços para proteger a experiência de seus clientes. A empresa também promove constantemente uma série de iniciativas com dicas de segurança e alertas sobre golpes para dificultar que incidentes dessa natureza ocorram.”

Com informações do Uol






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