RO, Sexta-feira, 26 de abril de 2024, às 14:40



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Fotografou queimadas em Lábrea e recebeu ameaça de morte no celular

LÁBREA (AM) – O fotojornalista Edmar Barros recebeu em seu celular mensagens com ameaças de morte, após publicar, dia 23, em uma rede social, fotos impactantes que mostram queimadas ocorridas no município de Lábrea, sudoeste do Estado do Amazonas, a 407 quilômetros (por estrada) de Porto Velho. A região apresentou números recordes de queimadas e desmatamentos em 2020.

Apesar de pequeno, o município de Lábrea convive com constantes incêndios e derrubadas. Sua população convive com um longo histórico de crimes protagonizados por latifundiários e bandos armados.

Após a publicação de dez fotos da situação atual do desmatamento e das queimadas ilegais que aconteciam no  Amazonas, o fotojornalista recebeu a seguinte ameaça: “Edmar estou lhe trazendo um recado para vc, do pessoal do 42, se vc vier meter seu rabo aqui em Lábrea para denunciar as derrubadas vc vai queimar junto na queimada, vou te dar dois dias para vc sumir aqui da região, fica dito seu vagabundo, x9 do caralho, seu relógio está contando, fique ligeiro. Vai virar churrasquinho. Recado dado”[sic].

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Lábrea, sudoeste amazônico: crime ambiental de incêndio e  desmatamento vêm de longe –  Foto: Edmar Barros
Em vez de atrair medidas governamentais, incêndios criminosos em Lábrea rendem ameaças a fotojornalista

Um exemplo já muito conhecido é dos latifundiários Celso Ribeiro e Nilo Lemos que são denunciados por trabalhadores e entidades democráticas e são também alvo de investigações por diversos crimes envolvendo extração ilegal de madeira, grilagem de terras públicas, agressões e ameaça de morte. Outro latifundiário atuante na região é Sidney Zamora que protagonizou um violento despejo de camponeses, ação frustrada pela resistência dos trabalhadores.

Edmar havia ido até a região, na companhia de Sandro Pereira, região para fotografar os incêndios ilegais e o desmatamento para uma revista eletrônica. Eles percorreram cerca de 2,4 mil quilômetros durante dez dias, entre 9 a 19/08. Foram dias de árduo trabalho, registros que compunham uma cobertura de mais de um ano de intensas queimadas e desmatamento, relatou o trabalhador nas redes sociais.

Além de queimadas, o município de Lábrea é palco de desmatamento. Foto: Edmar Barros

O fotojornalista não se intimidou. Denunciou as ameaças e respondeu: “Quem me ameaçou não deve conhecer minha personalidade e muito menos meu trabalho. Se eu tivesse medo de ameaças jamais teria escolhido o fotojornalismo como profissão, quem me conhece sabe que, quando me ameaçam ou tentam impedir meu trabalho, aí que vou pra cima mesmo!”. E ainda lamentou: “Uma pena que não estou mais em Lábrea, pois já estaria agora pela manhã lá no ramal do km 42 novamente procurando o ‘valentão’ criminoso ambiental”.

Conforme Edmar informou ao UOL que o ramal do km 42 fica na beira da BR-230. “Grileiro é o que mais existe nesta região, com áreas clandestinas há quilômetros e quilômetros queimados”, ele afirmou

TERROR

Lábrea, fica ao Sul do Amazonas (cerca de 850 km da capital Manaus) e é o município onde se concentra o maior número de focos de queimadas da Amazônia Legal segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe).

Incêndio criminoso se alastra em Lábrea. Foto: Edmar Barros

Entre o período de janeiro a 8 de agosto deste ano, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente também constatou um total de 761 focos. De março a julho deste ano, 287 km² de floresta foram derrubados apenas no município.

Os incêndios na região Amazônica têm crescido a números alarmantes e teve sua máxima expressão na grande queima promovida pelo latifúndio em 2019 que ficou conhecida como “Dia do Fogo”.

WELITA BARBOSA






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