Outras cinco famílias procuraram a Polícia Civil para registrar ocorrências contra o Lar Evangélico Vovó Luiza, que fica na Zona Sul de Porto Alegre. O local é suspeito de maus-tratos contra as pessoas que deveria acolher.
No total, já são 17 inquéritos policiais abertos contra a proprietária do estabelecimento, Liziane Luz Machado, que também é investigada por fazer empréstimos usando os nomes dos idosos.
A RBS TV foi ao endereço do lar, que foi interditado pela Vigilância Sanitária, e ele continuava funcionando. Uma funcionária do espaço se recusou a falar com a reportagem. Ao fazer contato por telefone, ninguém atendeu. O mesmo aconteceu quando ligou para o número de telefone do advogado que representa Liziane.
Conforme a chefe da Vigilância Sanitária na Capital, Denise Garcia, o prazo para fechamento vai até esta sexta-feira (22). Até lá, a Assistência Social da cidade deve buscar outros lares para os 33 residentes do local.
- “Eu estava com 29 quilos”
Uma das pessoas que diz ter recebido atendimento no lar é Mariangela Bock Linhas, de 67 anos, que conversou com a reportagem da RBS TV. Ela conta que “foram três meses de horror”.
“Eu estava com 29 quilos, não caminhava mais, tinha que ser amparada, tomada de sarna e sem nada das minhas coisas, telefone, bolsa, documento. Tudo ficou lá”, conta. Segundo ela, foram feitos empréstimos em seu nome que totalizaram R$ 13 mil.
“Eu pago hoje quase R$ 1 mil de empréstimo na minha aposentadoria, sobra R$ 600 só”, lamenta.
Hoje, já com a saúde recuperada e vivendo em outro lar para idosos, Mariangela só quer alertar outras pessoas para que elas não passem pelo que ela passou.
“Que fechem e que ela responda por tudo que ela fez. Eu não sou a única. Eu quero acabar com aquilo lá. É um festival de horror”, relembra.
- Investigação policial
O caso dela foi registrado na Polícia Civil após a história de Luiz Carlos Vargas, de 71 anos, ter sido noticiada em novembro. Ele foi enterrado como indigente depois de morrer na clínica. A família dele não teria sido avisada da morte.
A dona da clínica, Liziane, segundo a família dele, também teria feito empréstimos usando o nome do idoso, suspeita que é investigada pela polícia, de acordo com a delegada Ana Luiza Caruso, titular da Delegacia de Proteção ao Idoso de Porto Alegre.
“Nós temos alguns relatos de que alguns dos idosos que estavam abrigados no lar tiveram em seu nome realizados empréstimos bancários de R$ 15 mil, de R$ 13 mil. São empréstimos de muito dinheiro para eles e que vão ter que ficar pagando porque ela ficou de posse. Quando os familiares levaram os seus idosos aos bancos, viram empréstimos, vários empréstimos que ela fez em nome dos idosos”, conta a delegada Ana.
- Prisão negada
A Polícia Civil pediu à Justiça a prisão de Liziane por maus-tratos a idosos, mas o pedido foi negado.
Na decisão, a Justiça entendeu que medidas cautelares seriam suficientes. Foi determinado que Liziane compareça todos os meses ao fórum, não acesse mais o lar e vista tornozeleira eletrônica.
