Espinho
Todo ódio recalcado, bem guardado
em nossas entranhas, como se
fosse algo precioso a se
conservar, escapa!
Ele foge e vai ao encalço de um
inimigo, pois ódio adora inimigo.
Existindo ou não, ele encontra.
O outro, o governo, o pai, a mãe
uma certo trauma, uma lembrança…
O ódio e seu grande olho vasculha,
sonda, investiga e crava seu
arpão afiado no alvo.
O cultor, o hospedeiro do ódio se
aquieta após a fisgada. Fica aliviado…
Um alvo é o que se deseja quando se
foge da avaliação da própria
responsabilidade.
Encontrar lá fora a quem guerrear
pode parecer menos danoso, até que…
… o tempo traz o alerta que o adversário
não tem a solução dos problemas que
nos aflige e corrói e incomoda.
E quem tem a coragem do autoenfrentamento,
de (re)conhecer quem fomos, somos
estamos diante da situação
criada antes?
Muita areia se levantará e nos
cansará até que nos ergamos
corajosamente para lidar
com nosso espinho.
Abel Sidney
10 de outubro de 2023
Nas Terras de Rondon, inverno amazônico, aqui torcendo por chuva e paz no mundo!