RO, Quarta-feira, 22 de janeiro de 2025, às 13:37




Conflito entre grupos indígenas resulta em destruição e famílias desalojadas no Paraná

Uma violenta disputa territorial entre comunidades Kaingang no Paraná transformou-se em uma crise humanitária que mobiliza autoridades estaduais e federais. O conflito, que deixou mais de 200 indígenas desabrigados e sete feridos graves, expõe as complexas tensões políticas e territoriais que afetam os povos originários na região.

A centelha que incendiou os ânimos teve origem em uma conturbada eleição para cacique na aldeia Ivaí, em Manoel Ribas, no início de 2024. A vitória do cacique Domingos provocou uma cisão na comunidade, levando um grupo dissidente a estabelecer uma nova aldeia, denominada Serrinha, a cerca de 8 quilômetros de distância, no município de Pitanga. A separação, longe de pacificar os conflitos, apenas intensificou as rivalidades.

O estopim da violência ocorreu na madrugada do último sábado (6), quando uma disputa por máquinas agrícolas na zona fronteiriça entre as aldeias desencadeou um confronto de proporções alarmantes. O resultado foi devastador: 60 residências da aldeia Serrinha foram reduzidas a cinzas, deixando 242 pessoas sem teto, incluindo 35 crianças. Seis indígenas foram hospitalizados com ferimentos graves em Manoel Ribas, enquanto outros sofreram lesões menos severas.

A dimensão do conflito mobilizou um aparato institucional. Uma força-tarefa envolvendo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Conselho Estadual dos Povos Indígenas e representantes das prefeituras locais tentou, sem sucesso, mediar o conflito em uma reunião realizada na terça-feira (7). O cacique Miguel Alves, vice-presidente do Conselho Estadual dos Povos Indígenas, revelou o impasse: “Há uma recusa mútua – os indígenas da Ivaí não aceitam a presença da comunidade da Serrinha, que por sua vez se nega a abandonar o território.”

Diante da gravidade da situação, a Funai acionou a Polícia Federal para garantir a segurança na região e investigar os crimes cometidos. A urgência por uma solução é amplificada pelo fato de que os desabrigados se encontram temporariamente alojados no Colégio Estadual do Campo São João da Colina, em Pitanga, que precisa retomar suas atividades letivas em 5 de fevereiro.



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