RO, Domingo, 12 de maio de 2024, às 23:47



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Educação responsável não admite prática criminosa de lavagem cerebral

SAMUEL SARAIVA

Todo tipo de doutrinação e imposição de culto na infância deveria ser criminalizado, quer seja de natureza ideológica, filosófica ou religiosa.
A educação é uma responsabilidade dos pais; eles educam e a escola ensina, ambos no marco do respeito às crianças, sem imposições coercitivas, amedrontamentos e castigos que venham comprometer seu comportamento futuro, causando revoltas e traumas, inibindo seu potencial em discernir entre realidade e surrealismo, entre o plano material e a imaginação desejada, entre a história e a ficção.

Liberdade sem respeito ao direito alheio é ultraje inaceitável no mundo civilizado.

O direito dos pais deve observar onde começa direito dos filhos. As crianças precisam receber informações para que desenvolvam raciocínio próprio, correto e descontaminado de sectarismos de qualquer natureza. Esses “princípios” não devem ser colocados como verdade absoluta e permanente. Devemos ensinar as crianças sem forçar, respeitando a espontaneidade e o livre arbítrio, segundo o qual elas também têm direito a interpretação própria, para não caracterizar a conhecida “lavagem cerebral”.

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Essa situação é extremamente nociva e contraproducente em qualquer fase da vida. O endeusamento de figuras humanas no processo de formação da criança não deve ser admitido sob nenhuma hipótese. O mundo civilizado já não admite práticas arcaicas tais como “castiga com vara e nem por isso morrerá,” ou qualquer tipo de constrangimento  que altere ou ameace o bem-estar físico e mental de nenhum ser humano, em particular as crianças, parcela mais vulnerável da população.

Não existe base razoável para que uma criança seja covardemente forçada a submeter-se a aceitar a imposição de conceitos e ensinamentos de forma coercitiva.

As crianças merecem ser respeitadas e protegidas desse terrorismo psicológico. Educar e ensinar significa oferecer as ferramentas que lhes permitam e induzam ao exercício da razoabilidade, não à assimilação pura e simples de idéias alheias. Mentiras arcaicas, delirantes e razoavelmente insustentáveis são usadas por adultos que, acreditando estarem educando, acabam impondo tradições mentirosas que algum dia foram obrigados a aceitar como verdades absolutas.

Essas têm sido usadas por gerações na “lavagem” de cérebros inocentes, que acabam aprisionados na formatação micro da realidade, atrofiando a capacidade do exercício mental, e prejudicando a ampliação do conhecimento e o exercício do senso crítico, devido ao bloqueio mental na fase adulta, um prejuízo que se reflete inclusive no âmbito profissional, em todas as áreas do conhecimento, por meio de pessoas privilegiados com a educação que não conseguem se livrar das sombras do atraso milenar prevalecente. Em pleno século XXI, tentam conciliar realismo e surrealismo, projetando “conhecimento” hipotético sobre a vida após o plano material.

Essa prática covarde, irresponsável, imoral e criminosa, quando confundida com educação, limita e dificulta a evolução pessoal, condena inocentes ao confinamento em labirintos mentais obscuros, atemorizados pela crença de que sofrerão “castigos divinos” se procurarem conhecimento para compreender com claridade a história universal, e usar o raciocínio lógico de forma livre.

Esse bloqueio mental imperceptível, disfarçado de bons princípios, tem consequências terríveis relativas à dominação à qual as massas incultas e crédulas estão submetidas, e para a qual dificilmente encontrarão a cura, que os libertaria dos legados rançosos da ignorância patriarcal que tentam perpetuar, facilitados pela omissão de estados corruptos e coniventes. Não existe legislação que proteja o cidadão dessa prática que atenta contra a evolução da própria humanidade, mas mantém fortalecida a poderosa indústria da dominação que atende aos interesses das elites que lucram com a injusta e imoral submissão das massas.

Faz-se necessária mais conscientização e inadiável empenho da ação científico-acadêmica da área de psicanálise, no incentivo à elaboração de teses de mestrado e doutorado que possam orientar a ação dos legisladores na correção de tais distorções. Esse tema é de incontestável importância para a descompressão e a correção a longo prazo dessa cultura social nociva e opressiva, que poderá continuar a impactar severamente a construção da identidade de muitas crianças no futuro.






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