
A decisão recente do Ministério da Educação (MEC) de restringir a modalidade de Ensino a Distância (EAD) em alguns cursos de graduação reacendeu um debate importante sobre a qualidade do ensino superior no Brasil.
A partir de 2027, graduações nas áreas de Medicina, Enfermagem, Odontologia, Psicologia e Direito deverão ser exclusivamente presenciais, enquanto os demais cursos terão que garantir ao menos 20% da carga horária em atividades presenciais ou síncronas.
Mas não são apenas os profissionais da saúde humana que vêem riscos na formação a distância, na Medicina Veterinária, especialistas também acendem um alerta: a formação prática é insubstituível.
Veterinária exige mais do que teoria

O debate sobre o EAD na veterinária não é novo, mas ganha força com o avanço da digitalização e a busca por modelos de ensino mais acessíveis financeiramente, mas o risco de se formar profissionais sem vivência prática levanta preocupações tanto na comunidade acadêmica quanto no setor veterinário.
“As experiências práticas são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades técnicas, pensamento crítico e comunicação eficaz com tutores, isso afeta diretamente o bem-estar animal e a qualidade do atendimento”, explica o veterinário e especialista em neurociências, Flávio Nunes.
O risco de uma formação desconectada da realidade
Diferente de cursos majoritariamente teóricos, a Medicina Veterinária exige uma combinação de conhecimento científico, habilidade manual e tomada de decisão rápida.
“Sem aulas práticas, o aluno não desenvolve a sensibilidade clínica nem a capacidade de interpretar sinais e comportamentos dos animais, que não podem verbalizar o que sentem. Isso exige muito mais do que a teoria oferece”.
“O contato com os animais e seus tutores ensina muito além da técnica. Desenvolve empatia, ética e responsabilidade, que são pilares do exercício da medicina veterinária com qualidade e humanidade”, complementa.
“A formação de um profissional que cuida de vidas, sejam humanas ou animais, não pode prescindir da prática. O risco não é só acadêmico, é social, é ético e é sobre bem-estar. Precisamos refletir com responsabilidade”, conclui Flávio Nunes.
Sobre Flávio Nunes
Dr. Flávio Nunes é Médico Veterinário, Pedagogo, Neuropsicopedagogo, Arteterapeuta e Educador, Mestre em Ciências Ambientais, especialista em Educação, Neuroaprendizagem, Comportamento Humano, Intervenção ABA e Altas Habilidades/Superdotação. Com uma abordagem nexialista, polímata e multipotencialista, seus interesses acadêmicos abrangem etologia, neurodiversidade, criatividade, inovação e cultura colaborativa. Estuda relações intra e interespecíficas, heutagogia, neurofisiologia e neuroplasticidade em OneHealth (Saúde Única). É membro da Mensa Brasil, Mensa Internacional, Intertel e IIS-IQ, também sendo pesquisador do CPAH.