Disque 100 registra mais de 657 mil denúncias de ações violentas em 2024

O Brasil registrou um aumento nas denúncias de violações de direitos humanos em 2024. O Disque 100, serviço gratuito do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), contabilizou 657,2 mil denúncias, representando um crescimento de 22,6% em comparação com as 536,1 mil ocorrências de 2023. No total, foram registradas 4,3 milhões de violações, um aumento de 26% em relação ao ano anterior. É importante ressaltar que cada denúncia pode conter múltiplas violações, justificando a diferença entre o número de denúncias e violações.

As mulheres constituíram o grupo mais atingido, com 372,3 mil vítimas, apesar de uma redução de 2,9% em relação a 2023. Crianças e adolescentes foram alvo de 289,4 mil violações, enquanto pessoas idosas somaram 179,6 mil denúncias, frequentemente relacionadas a negligência e abusos financeiros.

Um dado marcante de 2024 foi a predominância de mulheres como suspeitas de agressão, totalizando 283,1 mil casos, um aumento de 28,8%. Os agressores são majoritariamente de cor branca (172,9 mil) e têm entre 30 e 34 anos (65,8 mil). O parentesco de primeiro grau é comum, incluindo mães (160,8 mil), filhos ou filhas (108,8 mil) e pais (49,2 mil). A maioria das violações ocorreu na residência da vítima e do suspeito, com 301,4 mil casos registrados.

As violações mais frequentes foram a negligência, com 464,3 mil ocorrências e aumento de 45,2%; a tortura psíquica, com 389,3 mil casos e crescimento de 35%; e a exposição a riscos à saúde, que totalizou 368,7 mil violações, com aumento de 30,5%.

DADOS REGIONAIS
São Paulo lidera o ranking com 174,6 mil denúncias e 1,17 milhão de violações, seguido pelo Rio de Janeiro (83,1 mil denúncias e 562,1 mil violações) e Minas Gerais (72,8 mil denúncias e 490,6 mil violações). No Rio Grande do Sul, houve crescimento de 19,91%, com 35.165 ocorrências, sendo Porto Alegre a cidade com maior número de denúncias (6.097).
Crianças e adolescentes foram as principais vítimas (26 mil casos), seguidos por idosos (21,7%) e mulheres (20,4%). A campanha “Bloco do Disque 100” foi implementada para conscientização sobre violações comuns durante o período.

Para 2025, o serviço receberá uma nova central de atendimento, com monitoramento contínuo das denúncias, capacitação regular dos atendentes e mudança na escala de trabalho dos profissionais de 6×1 para 5×2, visando melhorar a qualidade do serviço prestado.

O aumento expressivo nas denúncias em 2024 demonstra tanto a efetividade do Disque 100 como ferramenta de proteção aos direitos humanos quanto a persistência de violações graves no país. A ampliação do serviço e o fortalecimento das políticas de conscientização são essenciais para combater essas violações e garantir a proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros.