PORTO VELHO – Prejuízo financeiro não houve, é o que garante o prefeito da capital. Nem se poderia suspeitar ou cogitar essa hipótese na administração de um ex-promotor de Justiça, conhecedor, portanto, das leis e dos meandros da administração pública, além da retidão com que tocou o primeiro mandato. Mas restou o mico, que poderia ter sido evitado, não fosse a tentativa que se faz de tirar proveito político futuro dessa terrível pandemia. Não só pelo prefeito Hildon Chaves.
Em meio a dificuldades de ganhar mais espaço político visando uma autoproposta de candidatura até a governador ano que vem, depois de uma semana de embates que enfraqueceram seu líder, o vereador Marcelo Reis, e tendo dificuldades de relacionamento cada vez maiores com o próprio presidente do legislativo “mirim”, criticado porque só gosta mesmo de aparecer mostrando obras, mas não aparece quando as ruas ficam alagadas, o prefeito Hildon Chaves enfrenta agora mais um problema.
De repente a anunciada “compra” de 400 mil doses de vacinas contra a covid, fato anunciado com pompa e circunstância – e Hildon balançando um papel, como se as vacinas já estivessem devidamente entregues -, transformou-se no maior mico que um prefeito de Porto Velho já cometeu – repetindo o gesto histórico de Neville Chamberlain, o primeiro-ministro inglês que voltou de Berlim balançando um papel onde Hitler jurava por todos os deuses que não invadiria a Checoslováquia. Por isso, teve de deixar o cargo.
Na entrevista coletiva o prefeito chegou a dizer que nessa confusão toda não houve qualquer prejuízo para Porto Velho porque – o site comprovou com autoridade no assunto que a afirmação é verdadeira – os 20 milhões anunciados para a compra se encontram numa conta no Banco do Brasil, específica e que a liberação só acontecerá com a chegada das vacinas a Porto Velho.
Mas, Hildon Chaves não admitiu outro fato também importante que independente de, como ele disse, não ter havido gastos para o erário municipal: o mico, pago não só por ele, mas pelo município para o qual foi eleito administrar pela segunda vez consecutiva.
Na esteira da questão, o site ouviu outros atores que podem ou não influenciar no processo ou ter de decidir juridicamente nele e pelo menos duas delas garantem que em meados de março o Tribunal de Contas do Estado chamou para uma reunião a procuradoria-geral do município e o secretário de governo municipal. Na ocasião, com base em levantamento feito pelo TCE, já havia observações a fazer com relação às negociações e às ofertas da empresa que aplicou o 171 em Hildon.
Ainda conforme as mesmas fontes, a advertência do TCE parece não ter sido levada em conta pela procuradoria da prefeitura, ou, talvez, até pelo prefeito, que só na última sexta-feira entregou a documentação. Será que a prefeitura já sabia da bomba que estava para explodir?
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