RO, Terça-feira, 30 de abril de 2024, às 11:50



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Assassino condenado, justiça foi feita! Mas ainda é preciso saber quem mandou matar Ari Uru-Eu-Wau-Wau

O Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia condenou, na segunda-feira (15), João Carlos da Silva, conhecido como “Guiga”, a 18 (dezoito) anos de reclusão pela prática do homicídio qualificado que vitimou o líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, encontrado morto há quatro anos em uma estrada vicinal, no distrito de Tarilândia, em Jaru – RO.

Para a Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé, a decisão do Tribunal do Juri é resultado do extenso e valoroso trabalho de investigação conduzido pelo Polícia Federal e da primorosa atuação do Ministério Público do Estado de Rondônia e dos Advogados Ramires Andrade e Jaques Ferreira, que compuseram a bancada da acusação e fizeram justiça frente ao covarde assassinato do professor e líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, o guardião da floresta.

O assassinato de Ari reforça a necessidade premente de proteção para os defensores da floresta, bem como exige dos orgãos de fiscalização e controle mais ações de combate aos crimes ambientais, que ameaçam a Amazônia e todos que dependem dela para sobreviver.
Há anos, a Associação Kanindé e os povos indígenas Jupaú vêm denunciando as invasões à TI Uru-Eu-Wau-Wau. Com quase 1,9 milhão de hectares, esse território é um dos últimos grandes remanescentes de floresta no Estado de Rondônia. Ari era um baluarte da proteção desse território, integrava o grupo de monitoramento formado para monitorar e denunciar essas invasões e foi brutalmente assassinado exatamente por isso, por proteger o seu território.

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Se o Brasil é a nação que se apresenta ao mundo como protagonista das soluções para o enfrentamento da crise climática, não pode mais ser leniente com grileiros, garimpeiros, madeireiros e assassinos de defensores do meio ambiente e dos direitos humanos.

O brutal assassinato de Ari mostra ao mundo que é urgente combater os crimes ambientais, mas, também, é fundamental reconhecer o valor da floresta em pé e o valiosíssimo trabalho dos povos originários na sua preservação e conservação.

Precisamos enfatizar que o Brasil depende da Amazônia para a água que bebemos, que gera nossa energia elétrica e garante a abundância de alimentos. Destruí-la causaria efeitos nefastos também para o clima em todo o planeta.

Punir quem “apertou o gatilho” e tirou a vida de uma liderança indígena é um sinal importante de que o Estado está do lado certo no combate aos crimes ambientais e na proteção de lideranças indígenas. Mas, um passo ainda precisa ser dado no sentido de identificar e punir os demais envolvidos nesse bárbaro e covarde crime. Para a Associação Kanindé, fica a pergunta: Quem mandou matar Ari Uru-Eu-Wau-Wau?

* Associação Kanindé





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