Amir Lando*

PORTO VELHO – O governo estadual, aliado do Presidente, nada exige do Ministério da Saúde, o secretário estadual da Saúde que vai apenas aos municípios assistir a pífia vacinação ou o ridículo programa de testagem da doença. Nada explica nem acrescenta nada para salvar vidas. Palavras vãs que não refletem a tenaz e brutal realidade.

Por que razão todos se calam?

Por que o lamentável silêncio sepulcral das bancadas estadual e federal?

Os representantes em Brasília têm a obrigação de, ao menos, denunciar o DESCASO, o DESPREZO e a DISCRIMINAÇÃO da União com o povo de Rondônia. Nossos representantes, a quem transferimos poderes para ser nossos porta vozes para clamar por nossas reivindicações, não abrem a boca para denunciar esta injustiça de tratamento, ofensivo a nossa dignidade.

© Agência Petrobras

Não somos povo de segunda classe, merecemos respeito, pois diante da Constituição somos iguais aos demais Estados brasileiros.

Transformamos a floresta, hostil, no jardim florido da produção, com muito esforço, sacrifícios e perda de vidas.

Rondônia ocupa o primeiro lugar em número de mortos por milhão de habitantes em todo o Brasil. Disputa o pior lugar no número de pessoas vacinadas

Exigimos reconhecimento desta epopeia de incorporar esses páramos remotos, o Brasil para os brasileiros, que trabalha e produz para si, para a nação e o mundo.

Os heróis do sertão não são párias da pátria.

Temos que postular, gritar ou berrar para ser escutado o nosso sofrimento.

Quem tem mandato tem que mandar ao governo central a voz calada dos que se foram para sempre pela ceifa da covid.

Os sinos dobram por aqueles que partiram, dobram por nós que choramos pelos nossos entes queridos. Mais ainda, dobram, sobremaneira, pelos que se calam na mudez criminosa da omissão daqueles que tem o dever de reclamar, e que, todavia, se escondem na covardia infame do conformismo.

Fale Rondônia, pergunte sobre essa inércia dos que deviam falar por você. Defender nossos direitos mais elementares: a vida, a saúde e a igualdade.

Justiça! Tratamento igual aos demais Estados, mais atenção à dignidade rondoniense.

Nada comove nossas autoridades, sejam a nível estadual, municipal ou federal

Impossível calar-se diante deste quadro aterrador, quando os escombros da morte são pessoas que interromperam seus sonhos e projetos sem chance de concluí-los. Palavras, por mais belas ou tristes que forem não aplacam os corações dilacerados pela perda de pais, filhos, parentes ou amigos. E o que é mais terrível, lançam a dúvida sobre todos nós, quem serão as próximas vítimas do invisível vírus. Suspiro um dorido adeus aos que partiram para a eternidade. O resto é temor e silêncio.

Rogo a Deus que, na sua infinita bondade, acolha todos os 500 mil mortos e conforte os corações feridos pela dor que sobrevive aos nossos pêsames.

*É advogado; deputado estadual constituinte na primeira legislatura de Rondônia; deputado federal, senador e ministro da Previdência Social

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