RO, Quinta-feira, 24 de abril de 2025, às 12:32






A Igreja devia ser de esquerda! — Professor Nazareno*

Professor Nazareno*

A morte do Papa Francisco neste mês de abril de 2025 pode desencadear, como sempre, mais uma luta dentro da Igreja católica para a escolha do novo Sumo Pontífice. Jorge Mario Bergoglio, o papa argentino, que liderou os católicos por 12 anos, deixa marcas indeléveis na Igreja católica do mundo inteiro e que o credenciaram como “o papa dos pobres e dos humildes”. O nome Francisco foi uma singela e até justa homenagem a São Francisco de Assis, o santo conhecido como o protetor dos animais, dos doentes e também das pessoas em situação de pobreza. Fala-se que o Santo Padre teria lutado contra a ditadura militar em seu país natal ao ajudar na fuga de pessoas perseguidas por aquele regime sanguinário. O líder maior dos católicos apenas seguiu o que sempre deveria ser a verdadeira Igreja de Jesus Cristo: estar ali ao lado de todo cidadão pobre e necessitado.

Jesus Cristo, indiferente ao fato de que foi um enviado ou até mesmo o único filho de Deus, viveu toda a sua vida lutando contra as injustiças, a opressão e o domínio político das elites poderosos de seu tempo. Jesus era comunista, pois estava sempre ao lado dos mais humildes. O “Filho de Deus” sempre esteve rodeado de pessoas pobres, de prostitutas, de pescadores, de homens simples e também de cidadãos perseguidos pelo poder político e econômico da Terra Santa, que era ligada e só obedecia à Roma dos Césares. Jesus não tinha riquezas, não tinha bens, não tinha Igrejas e nem tinha terras. Foi perseguido, preso, torturado, crucificado e morto porque ousou desafiar o poder de Roma. E mais, o seu calvário se deu em parte porque Ele usava como “arma” maior o amor e o perdão e não a vingança e o ódio. Isso irritava os poderosos, que terminaram por matá-lo.

Por isso, guardadas as devidas proporções, muitas ações do Papa Francisco se assemelhavam muito às do próprio Jesus Cristo. Mas essa sua postura ideológica de “preferência pelos pobres” sempre irritou as elites reacionárias e da extrema-direita mundo afora. No Brasil, por exemplo, nós temos o Padre Júlio Lancelotti, que também fez esta opção pelos mais necessitados. O Vigário de Cristo chegou a ligar para o padre de São Paulo algumas vezes para parabenizá-lo por este magnífico trabalho em favor dos mais carentes. Isto, óbvio, deixou muita gente irritada. Principalmente os mais poderosos e também os chamados “pobres de direita”. Francisco não se encontrou com o ex-presidente Bolsonaro, mas se referiu a ele uma vez: “Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo do Brasil, que o livre do ódio, da intolerância e da violência”.

Em uma entrevista à rede argentina C5N, exibida em 2023, o representante maior dos católicos afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia sido condenado e preso sem provas e que a ex-presidente Dilma Rousseff tinha as “mãos limpas”. Mesmo assim, a presidenta do Brasil sofreu em 2016 um vergonhoso processo de impeachment por “causas desconhecidas e inventadas”. Deus também pode ser uma entidade de esquerda, já que não quer injustiças, não quer a exploração do homem pelo homem, não permite a acumulação de riquezas, é contra a miséria e o sofrimento de seres humanos criados à sua imagem e semelhança. Por isso, Ele certamente abominaria o capitalismo, o ódio e a violência, que são máximas da extrema-direita reacionária. Dessa forma, a escolha do novo Papa poderia seguir a mesma tradição de Francisco: colocar a Igreja sempre a favor dos mais pobres e necessitados. Toda Igreja deveria ser de esquerda, sim!

*Foi Professor em Porto Velho.
(Leia o https://blogdotionaza.blogspot.com/)


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