RO, Quarta-feira, 28 de maio de 2025, às 17:44






Juiz dos EUA impede governo Trump de cancelar vistos de estudantes estrangeiros

Decisão vale para todo o país e proíbe prisões, transferências e novos cancelamentos de autorizações de permanência. Centenas de estudantes tiveram vistos cancelados sem justificativa adequada.

INTERNACIONAL – Um juiz da Califórnia, nos Estados Unidos, impediu o governo do presidente Donald Trump de encerrar o status legal de estudantes internacionais em todo o país, nesta quinta-feira (22). Na prática, a decisão proíbe o governo de cancelar os vistos de permanência para estrangeiros que estudam em universidades americanas.

Universidade de Harvard em Cambridge 15/4/2025 REUTERS/Faith Ninivaggi • Reuters

Mais de 4.700 estudantes internacionais tiveram suas autorizações para estudar nos EUA canceladas neste ano com pouco aviso ou explicação, segundo a agência Associated Press. A medida faz parte de uma iniciativa do governo Trump para restringir a presença de estrangeiros no país.

Dezenas de estudantes entraram na Justiça questionando a revogação dos vistos. Alguns alegaram que o governo os associou indevidamente a investigações criminais após cruzar seus nomes com um banco de dados do FBI que inclui suspeitos e pessoas presas, mesmo que nunca tenham sido acusadas formalmente.

Vários desses estudantes decidiram deixar o país por medo de deportação, inclusive para países que não são os seus de origem.

A decisão desta quinta foi proferida pelo juiz federal Jeffrey S. White, do distrito de Oakland, nomeado pelo ex-presidente republicano George W. Bush.

O magistrado analisou os casos de cerca de 20 estudantes, mas decidiu estender a proteção a todos os estrangeiros com visto de estudante ao afirmar que as ações do governo causaram “caos” e afetaram milhares de pessoas.

A ordem judicial proíbe o governo de:

  • prender ou encarcerar estudantes afetados pela revogação dos vistos;
  • transferi-los para fora da jurisdição onde residem;
  • impor qualquer efeito legal adverso com base nessas revogações;
  • desfazer o restabelecimento do status legal até que o caso seja concluído.

Os estudantes ainda podem ser presos caso sejam condenados por crimes violentos com pena superior a um ano.

Segundo o juiz, não há garantia de que os estudantes não voltem a ter seus vistos cancelados de forma arbitrária.

White também criticou o que chamou de “jogo de gato e rato” por parte da administração, em referência a tentativas do governo de apresentar novas regras para tentar contornar decisões judiciais.

Uma pesquisa da Associated Press-NORC Center revelou que cerca da metade da população americana se opõe à política de revogar vistos de estudantes envolvidos em protestos pró-Palestina — um dos focos recentes da repressão migratória.

Bloqueio de estudantes de intercâmbio em Harvard

Harvard teve congelamento de verbas federais após recusar-se a aceitar novas imposições do governo Trump — Foto: Getty Images

Nesta quinta-feira, o governo de Donald Trump proibiu a Universidade Harvard, a mais prestigiosa dos Estados Unidos, de matricular novos estudantes estrangeiros. O anúncio foi feito pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos.

A medida é uma escalada na turbulenta relação entre Trump e a universidade, que foi a primeira a desafiar abertamente o atual governo dos EUA e vem se recusando a cumprir normas impostas por Washington — entre elas, a de eliminar todas as políticas de igualdade.

Em comunicado, o departamento afirmou tratar-se de uma retaliação por Harvard ter se recusado a cumprir normas exigidas pelo governo.

O Departamento de Segurança Interna ainda não havia esclarecido, até a última atualização desta reportagem, se a nova norma se aplicará a todos os estudantes de fora dos EUA e também os atuais alunos.

Em um comunicado, o departamento afirma ter retirado a “Certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio” de Harvard por “conduta pró-terrorismo”. A universidade chamou a medida de ilegal.

Em uma carta enviada à direção de Harvard, o governo Trump afirma que receber estudantes estrangeiros não é um direito das universidades norte-americana, mas sim um privilégio que pode ser retirado.

“Este governo está responsabilizando Harvard por fomentar a violência, o antissemitismo e a coordenação com o Partido Comunista Chinês em seu campus. É um privilégio, não um direito, que as universidades matriculem estudantes estrangeiros e se beneficiem de mensalidades mais altas para ajudar a aumentar suas dotações multibilionárias”, afirmou a secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristin Noem.

“Harvard teve muitas oportunidades de fazer a coisa certa. Recusou-se. Perderam a certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio por não cumprirem a lei. Que isso sirva de alerta para todas as universidades e instituições acadêmicas do país”, completou a secretária.

Em um comunicado, a Universidade Harvard afirmou que o bloqueio aos alunos internacionais é ilegal e que “permanece totalmente comprometida em manter a habilidade de receber estudantes e professores de mais de 140 países”.

Fonte: G1



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