RO, Segunda-feira, 21 de abril de 2025, às 10:18






Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré encanta pela história, mas enfrenta críticas pela falta de estrutura básica (vídeo)

No entanto, apesar do valor histórico e cultural, a experiência dos visitantes tem sido marcada por reclamações quanto à estrutura do local

PORTO VELHO – Localizado à margem direita do rio Madeira, o Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) é um dos principais pontos turísticos de Rondônia. Com um acervo riquíssimo que retrata a saga da construção da lendária ferrovia e o surgimento da cidade de Porto Velho. O espaço é uma importante ferramenta de preservação da memória e educação histórica — especialmente durante o período de férias escolares, quando atrai crianças, jovens e turistas de várias partes do Brasil e do mundo.

O museu oferece ao público uma imersão na história por meio de ferramentas, peças, fotografias, documentos, móveis e até uma locomotiva original trazida em 1878, proporcionando um ambiente de aprendizado e curiosidade para todas as idades.

No entanto, apesar do valor histórico e cultural, a experiência dos visitantes tem sido marcada por reclamações quanto à estrutura do local. Neste sábado, 19 de abril, o jornalista Miro Costa visitou o espaço a pedido deste www.expressaorondonia.com.br e ouviu relatos de visitantes que expressaram frustração com a ausência de itens básicos de conforto e higiene.

Banheiros fechados e calor excessivo incomodam turistas

Leopoldo Zimermann, 58 anos, morador de Vilhena, veio com a família visitar o museu e se mostrou indignado:

“Isso é uma vergonha. Todos os banheiros do museu estão fechados. Tivemos que andar até a feira do pôr do sol, onde ficam os artesanatos, para poder usar um banheiro. E aqui dentro é muito quente, não tem ventilação. Até os funcionários trabalham em condições difíceis, e o bebedouro precisa de manutenção. A água nem é própria para beber.”

A advogada Débora Adriana Alves, 47 anos (foto abaixo), que veio de Cuiabá (MT) para rever o museu após dez anos, também relatou frustração.

“Paguei R$ 51,00 com taxas e, ao chegar, descobri que não há banheiro disponível para o público. Isso é uma falta de sensibilidade com quem vem de fora conhecer a cidade e a história local. O banheiro é uma necessidade básica. Além disso, o calor dentro do museu é insuportável, e não há sequer um ar-condicionado funcionando.”

Estrutura cara para trabalhadores e cobrança diferenciada para visitantes

Outro ponto destacado durante a visita foi a dificuldade enfrentada pelos comerciantes locais. Um vendedor de pipoca, por exemplo, precisa pagar cerca de R$ 1.500,00 por mês para trabalhar dentro do complexo da EFMM — o que, segundo ele, encarece os produtos como pipoca e banana frita.

Atualmente, moradores de Porto Velho têm acesso gratuito ao museu, enquanto visitantes de outros estados pagam R$ 30,00 e estudantes, R$ 15,00.

Gestão atual e visitas internacionais

A gestão do complexo está sob responsabilidade do Grupo Amazon Fort, que assumiu após sucessivas administrações ao longo da história, desde a época da Madeira-Mamoré Railway Company, passando por britânicos e, depois, pelo governo federal.

Apesar dos problemas, o museu continua recebendo visitantes nacionais e estrangeiros. Na última semana, foram registradas visitas de turistas dos Estados Unidos, Bélgica e Alemanha, além da presença do Consulado da Suíça — o que reforça a importância do local como referência histórica da Amazônia brasileira.

Preservar é também cuidar

O Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré é, sem dúvida, um patrimônio valioso para Porto Velho e para o Brasil. Mas os relatos dos visitantes mostram que é urgente uma atenção à infraestrutura básica do espaço. Preservar a história também é garantir dignidade e respeito a quem a procura.

A população espera que as falhas apontadas sirvam de alerta para que o museu possa, enfim, proporcionar uma experiência completa: rica em conteúdo e acolhedora em estrutura.

Texto: Miro Costa - Fotos: Miro Costa e Iraneide P. Silva

www.expressaorondonia.com.br

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