RO, Terça-feira, 22 de abril de 2025, às 3:10






Moradores ribeirinhos relatam abandono e demora e clamam a atenção do poder público em resposta à cheia do Madeira

No distrito de Calama, distante 266 quilômetros de Porto Velho, onde moram mais de três mil famílias, a ajuda humanitária ainda não chegou para todos

PORTO VELHO – O desassossego dos moradores ribeiros da calha do rio Madeira, com a invasão e devastação de suas plantações e criações pela enchente deste ano é a prova cabal de que as autoridades só olham com maior interesse para estas comunidades no período eleitoral. Passada essa quadra, os gestores públicos são apenas reativos, incapazes de adotar ações preventivas para minimizar o sofrimento de um povo que já não tem quase nada em se tratando de assistência governamental.

A população ribeirinha ainda espera o cumprimento das promessas feitas por ocasião da grande enchente de 2014.

Plantação de banana foi perdida com a cheia do rio Madeira (Foto: Marivani Reis – Cedida – Voz da Terra)

E quando chegar o período de seca deste ano – que promete ser tão severa quanto a do ano passado, vão reclamar de novo a ausência do poder público, posto que até agora não se ouve notícia de providência para prevenção de danos.

Maior afluente do rio Amazonas, o rio Madeira se aproxima da cota de inundação que é 17 metros, na região de Porto Velho. E se continuar chovendo em profusão, confirmando as previsões meteorológicas, uma tragédia ambiental pode causar prejuízos incalculáveis para os moradores das comunidades ribeirinhas. Nesta sexta-feira, 11, a régua de medição do rio marcou 16,75 metros.

Animais estão isolados com a cheia do rio Madeira (Foto: Marivani Reis – Cedida – Voz da Terra)

No distrito de Calama, distante 266 quilômetros de Porto Velho, onde moram mais de três mil famílias, a ajuda humanitária ainda não chegou para todos. O mesmo acontece nas comunidades vizinhas, São Carlos e Rio Preto. Roças de mandioca, macaxeira e demais culturas da agricultura familiar, principal fonte de renda das comunidades, foram devastadas pelas águas.

Água se aproxima das moradias (Foto: Marivani Reis – Cedida – Voz da Terra)

Lideranças comunitárias, barqueiros e moradores falaram com a reportagem do Voz da Terra e relataram atrasos, desinformação e falta de apoio dos governos. A situação se agravou após março, quando a cheia começou a destruir plantações e isolar comunidades. Em Calama, pelo menos quatro bairros foram diretamente afetados: São Francisco, Sapezal, Castanhola e Tancredo Neves. As famílias estão abrigadas em igrejas e em casas de vizinhos que ofereceram ajuda.

Quem ficou nas áreas mais elevadas ainda não foi atingido (Foto: Marivani Reis – Cedida – Voz da Terra)

“Mesmo quem mora em áreas mais altas perdeu a produção. Já é da cultura ribeirinha plantar às margens do rio. Falta incentivo do governo para preparar a terra em locais mais seguros”, afirma Marivani Reis, que é coordenadora do Movimento Articulado de Mulheres Ribeirinhas.

Depois da grande seca, ribeirinhos enfrenta cheia e mais prejuízos (Foto: Marivani Reis – Cedida – Voz da Terra)

De acordo com as lideranças em Rio Preto, quatro famílias foram atingidas diretamente, mas ao menos outras 15 perderam suas lavouras. “Eles ainda estão no (terreno) seco, mas sem produção nenhuma.”A Secretaria Municipal de Educação (Semed), decidiu suspender as atividades escolares em dezenas de escolas do baixo Madeira, mas não informa quantos estudantes foram prejudicados.

www.expressaorondonia.com.br, com reportagem  de Francisco Costa - da redação do Voz

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