RO, Sexta-feira, 09 de maio de 2025, às 9:32






Rondônia se despede do coronel que não deixou o Acre tomar um pedaço de Rondônia

A cerimônia fúnebre do coronel Ferro está acontecendo em velório na Funerária São Cristóvão e o cortejo fúnebre deve acontecer a partir das 16h30

PORTO VELHO – Um dos maiores feitos do coronel Walnir Ferro lembrada por quem atuava na imprensa de Rondônia no final da década de 1980 foi a defesa da porção territorial de Rondônia conhecido na época como Extrema e que, mais tarde, ganhou o nome de Ponta do Abunã, hoje formada pelos distritos de Fortaleza do Abunã, Vista alegre do Abunã, Extrema e Nova Califórnia. O coronel Walnir Ferro de Souza, aos 76 anos, natural de Guajará-Mirim, faleceu na manhã desta segunda-feira, 17, depois de vários dias internado em um hospital da capital. Ferro iniciou sua trajetória na extinta Guarda Territorial (GT), que deu origem à PM-RO.

 

Em 1988, o Acre tinha como governadora Iolanda Fleming e o estado começou a fazer investimento nos distrito de Nova Califórnia e Extrema, chegando até a construir escolas e posto de saúde. A intenção era clara: demonstrar o desinteresse de Rondônia por aquela região para além do Madeira na divisa com a Bolívia e, na sequência pedir a anexação do território.

Jerônimo Garcia de Santana, o primeiro governador civil eleito de Rondônia, depois de muitos coronéis nomeados pelo presidente da República, designou o coronel Ferro e um pelotão de 600 policiais para se deslocar a Extrema, com a recomendação expressa de expulsar os invasores acreanos.

Por pouco não houve enfrentamento, mas, apesar da firmeza das palavras, Ferro era também um coronel diplomático e conseguiu dissuadir os acreanos da tentativa de tomar um pedaço de Rondônia.

Coronel Ferro estava internado em um hospital particular na região central da cidade e teve sua saúde agravada por problemas renais. Conhecido por sua disciplina, respeito e dedicação à corporação, Ferro deixou um legado inestimável para a história policial do estado.

Ferro iniciou sua carreira como Guarda Territorial, em 1969, seguindo os passos de seu pai, que também serviu na segurança pública. Posteriormente, ingressou na academia de oficiais e, após formação, tornou-se o primeiro oficial da Polícia Militar de Rondônia.

Entre suas muitas conquistas está sua atuação decisiva na pacificação do sistema penitenciário do estado. Ao assumir a Secretaria de Segurança em 2002, enfrentou e conteve rebeliões, sempre com um posicionamento firme e respeitoso. “Os presos me respeitavam porque eu os respeitava também”, declarou ele em entrevista.

O coronel sempre foi crítico em relação às ingerências políticas na segurança, alertando para a necessidade de um comando independente e focado na proteção da população. Seu comprometimento ia além da farda: era um estudioso da segurança pública e autor de uma biografia onde relatou importantes operações policiais das quais participou.

Além de sua carreira militar, Ferro também teve uma passagem marcante pelo futebol rondoniense, sendo campeão pelo Moto Clube nos anos 1960.

Ferro teve atuação destacada na gestão de crises, participando de operações em presídios de Rondônia e no combate a organizações criminosas. Durante sua carreira, exerceu todas as funções dentro da hierarquia militar, de praça a coronel, sendo reconhecido pelo cumprimento de missões estratégicas.

A cerimônia fúnebre do coronel Ferro está acontecendo em velório na Funerária São Cristóvão e o cortejo fúnebre deve acontecer a partir das 16h30.

Fonte: www.expressaorondonia.com.br, com informações do rondonoticias.com e do SGC.com
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