RO, Quarta-feira, 23 de abril de 2025, às 19:50






Atendimento humanizado ao autista é farsa; em Vilhena, mãe chama a polícia, para valer direito do filho

É preciso olhar também para essa questão, prefeito Léo Moraes e secretário de Saúde doutor Jaime Gazola

PORTO VELHO – O chamado ‘tratamento humanizado’ ao portador do espectro autista no serviço público é uma farsa que precisa ter fim o quanto antes. Há locais, como o Caps (Centro de Atenção Psicosocial) da Rua D. Pedro II, aqui em Porto Velho, que o atendimento é tão ruim que a pessoa chega precisando de atenção e sai e completa crise. Às vezes, desesperada. 

Semana passada, quarta ou quinta-feira, o editor deste www.expressaorondonia.com.br conduziu uma jovem portadora de TEA em crise de ansiedade até aquele Caps. “Horas depois, ela ligou pedindo uma carona e, quando adentrou ao carro, ela estava com aspecto pior do que quando chegou ao Caps”, relata o jornalista Carlos Araújo, que ouviu da jovem, sob lágrimas, as lamúrias de um atendimento arrogante, que não acolhe o autista em momento de maior fragilidade.

A arrogância e a má vontade de alguns servidores que são colocados na linha de frente do atendimento ao público é gritante.

Trata o paciente como se fosse um ser inferior, que está ali para lhe implorar uma ajuda, quando na verdade está em busca de seu direito garantido pela Lei.

É preciso olhar também para essa questão, prefeito Léo Moraes e secretário de Saúde doutor Jaime Gazola.

De vez quando, um caso vai parar na polícia, como na noite deste domingo, na cidade de Vilhena, no extremo Sul do Estado.

Neste caso, quem procurou a UPA foi uma assistente jurídica, que diante do descaso da funcionária que o atendeu e da violação dos direitos do filho, ela chamou a Polícia Militar, para fazer valer os direitos do filho.

Por telefone, o Folha do Sul on Line entrevistou uma assistente jurídica de 45 anos que, na noite de ontem, viveu momentos de tensão e constrangimento ao levar o filho autista para receber atendimento médico na UPA, em Vilhena.

Segundo a entrevistada, o filho de 19 anos, que é laudado como autista há mais de um ano, trabalha em uma grande loja na cidade, onde começou a se sentir mal, com tosse e dores pelo corpo. A mãe foi até a empresa e o apanhou, levando-o em seguida para a UPA.

Na unidade, ela explicou que o filho sofria crise severas de ansiedade em ambientes barulhentos e com muita gente. A responsável pela triagem disse que nada poderia fazer, e que o jovem seria atendido como uma pessoa “normal”.

Tendo seu direito ao atendimento prioritário violado, a mãe acionou a Polícia Militar, que alegou não poder agir naquele caso. Como vários pacientes se revoltaram ao ver o rapaz se debatendo no chão da UPA, agarrado à perna da própria mãe, ele acabou sendo atendido prioritariamente.

Mas a mãe considerou desrespeitosa a atitude da recepcionista, que ignorou a lei ao lidar com o caso. “A médica e as enfermeiras foram super atenciosas, mas a moça da triagem falhou. Meu filho não agride a ninguém, só a si mesmo quando sofre uma crise. Eu avisei justamente para que isso não acontecesse”, argumenta a entrevista, que também registrou queixa no Ministério Público de Vilhena.

Outro lado

“Em atenção à comunicação registrada nesta Unisp, o Grupo Chavantes esclarece que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) segue rigorosamente os protocolos de atendimento baseados na Lei Federal nº 12.764/2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, bem como no Decreto nº 10.502/2020 e demais normativas pertinentes.

Destacamos que, conforme a legislação vigente, pessoas autistas têm direito a atendimento prioritário, o que inclui a classificação adequada na triagem. No entanto, para garantir a efetividade desse direito e evitar possíveis constrangimentos, é fundamental que o paciente apresente a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) ou outro documento comprobatório, conforme previsto na Lei nº 13.977/2020.

No caso específico relatado, verificamos que a responsável pelo paciente não apresentou documento comprobatório no momento da triagem inicial, razão pela qual não foi inicialmente classificado como atendimento prioritário. No entanto, após a genitora informar a condição do jovem à equipe de triagem, ele foi reclassificado e atendido com prioridade, conforme preconizado pelas normativas de atendimento prioritário.

Reiteramos que a orientação fornecida à genitora visa garantir que, em futuras situações, a apresentação da documentação adequada agilize o atendimento e evite qualquer desconforto. A equipe da UPA segue comprometida em prestar um atendimento humanizado e em conformidade com os direitos dos pacientes, buscando sempre a melhor assistência possível”.

Fonte: www.expressaorondonia.com.br e Folha do Sul on Line

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