RO, Quarta-feira, 23 de abril de 2025, às 8:29






Atletas temem prejuízos com nova Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer em Porto Velho

Foto: SMC

PORTO VELHO – A recente criação da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer gera preocupação entre atletas e profissionais do esporte em Porto Velho. A mudança administrativa coloca o esporte de rendimento sob a mesma gestão que o turismo, criando um cenário em que as demandas esportivas correm o risco de serem preteridas em favor de ações voltadas ao fomento turístico.

Embora o turismo seja uma área fundamental para o desenvolvimento econômico da cidade, ele possui demandas próprias, que incluem infraestrutura, promoção de destinos e eventos culturais. Já o esporte de alto rendimento requer investimentos direcionados, suporte técnico especializado, políticas de formação e incentivo a atletas. Colocar essas duas esferas sob o mesmo guarda-chuva administrativo pode significar um enfraquecimento da estrutura de apoio ao esporte competitivo.

O esporte de alto rendimento não pode ser tratado apenas como lazer ou complemento turístico. Ele exige planejamento estratégico, centros de treinamento adequados, programas de incentivo e suporte financeiro para que atletas consigam competir em alto nível. No entanto, com a fusão, há o risco de que investimentos prioritários para o setor esportivo sejam redirecionados para eventos e iniciativas turísticas, deixando os talentos locais desamparados.

Vale lembrar que o Brasil possui um Ministério do Esporte, um reconhecimento da relevância e da complexidade do setor. Porto Velho, ao fundir sua gestão esportiva com a de turismo e lazer, caminha na contramão dessa compreensão. Os atletas de rendimento da cidade, que já enfrentam desafios como a falta de infraestrutura e apoio financeiro, agora podem ver suas necessidades relegadas a um plano secundário.

Casos concretos ilustram essa problemática. Enquanto eventos esportivos de grande porte demandam planejamento de longo prazo, estrutura física e apoio técnico, atividades turísticas muitas vezes giram em torno da promoção de atrativos naturais e culturais da cidade. No embate por orçamento e atenção política, as ações mais visíveis e de retorno imediato tendem a prevalecer, deixando o esporte de alto rendimento como mero coadjuvante.

Se Porto Velho deseja se firmar como uma cidade que valoriza seus talentos esportivos, é necessário repensar essa fusão administrativa. O esporte precisa de uma gestão própria, que compreenda suas particularidades e o impulsione como ferramenta de transformação social e projeção internacional. Caso contrário, os atletas locais continuarão tocando violino em uma orquestra onde sequer foram convidados a ser protagonistas.


Coluna Social – Ponto E

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