RO, Sexta-feira, 06 de junho de 2025, às 19:17






O Poderoso Vincenzo 

A alusão ao clássico “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola, não é aleatório. O dorama coreano “Vincenzo”, de 2020, bebe, e não é pouco, desta rica fonte quando se trata de referências aos filmes e séries do gênero. A diferença é que Vincenzo é uma produção sul coreana, apesar de muitos ingredientes como violência gráfica e reviravoltas, a trama tem uma dose generosa de comédia. Até a bela trilha sonora nos remete ao clima dos filmes de gangster, principalmente uma música em especial que marca as cenas finais de O Poderoso Chefão parte 3.

A mãe de Vincenzo diagnósticada com câncer e pensando que vai morrer, decide entregá-lo para adoção. Uma família italiana resolve criar o menino. Quando os pais adotivos morrem, Vincenzo passa a trabalhar para a família Cassano.  Mais tarde, o jovem se torna Vincenzo Cassiano, “advogado da Máfia”. Quando o “chefão” morre,  seu meio irmão mafioso tenta matá-lo, mas ele foge para sua terra natal onde precisa encontrar um carregamento de ouro e peças raras escondidos sob um antigo prédio, cujos moradores estão sendo ameaçados de despejo pela famigerada empresa Babel, que quer construir um arranha céu no local. Por isso, o jovem advogado acaba se envolvendo numa trama de assassinatos, traições, crimes corporativos, a ganância do grupo poderoso chamado Babel, que contrata um escritório de advocacia não menos inescrupuloso. Drama, lágrimas e tragédias também são pontos altos deste empolgante e viciante dorama.

A Babel faz de tudo para expulsar os residentes e Vincenzo passa a ajudar essas pessoas, assim como o advogado idealista responsável pelo caso. Ele vive às turras com a filha, também advogada, pois trabalha na defesa da Babel, no entanto, depois de uma tragédia, a jovem muda de lado e engrossa às fileiras contra o tão famigerado grupo.

Ao longo dos 20 episódios com duração de uma hora e meia, acompanhamos cada um dos movimentos e dos planos arquitetados por ambos os lados, nesta guerra que terá um saldo de corpos pelo caminho. É surpreendente a capacidade criativa dos roteiristas no desenvolvimento do enredo. São poucos os episódios encerrados sem um forte gancho para os seguintes. Nada, muitas vezes é o que parece e nos ficamos a mercê das tantas reviravoltas. Impressionante ainda, as idas e vindas quando alguns fatos são explicados, porque nada é aleatório, tudo tem uma razão, um motivo, um porquê. Até personagens secundários, com o desenvolvimento da história, vão mudando, graças a influência de Vincenzo Cassano, a quem se unem contra às maldades da Babel.

Trata-se, no fim das contas, da eterna batalha do bem contra o mal, não importando se o protagonista seja um assassino da Máfia. Os vilões são terríveis e fazem jus, pois praticam maldades sempre certos da impunidade. A ganância e a ambição são os combustíveis que movem os bandidos, sempre bem vestidos, na verdade lobos em pele de cordeiros. Muitas vezes vemos Vincenzo como um Michael Corleone coreano, que enfrenta um vilão psicótico, capaz de tudo para manter-se no poder, por meio da manipulação, violência, corrupção de políticos, juízes, procuradores e até imprensa. Vincenzo tem a postura do Corleone, a frieza, inteligência e estratégias para, não apenas derrotar, mas humilhar os inimigos. Não é justiça, pois ele não acredita nela. É a velha, boa e eficaz vingança. Ah, Vincenzo sempre cumpre suas promessas.

“Vincenzo” foi o quinto dorama que assisti nos últimos meses com minha mulher. O primeiro, “A esposa do meu marido”, muito bom. Depois, “A rainha das lágrimas”, excelente e emocionante. Ah, o divertido “Advogada extraordinária”, seguido pelo sombrio e também muito bom “A Lição”, uma história pesada de bullying e vingança. Virou um vício. Em breve começaremos mais um. E certamente, outros mais virão.

*Por Humberto Oliveira — Jornalista de formação, poeta e cinéfilo diletante

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