RO, Terça-feira, 22 de abril de 2025, às 21:37






A saga dos Donadons, há 39 anos surfando politicamente no Cone Sul de Rondônia; desde 1994, sempre há um Donadon na Assembleia

PORTO VELHO – Em 1983 o paranaense Marcos Donadon era dono do melhor hotel de Colorado do Oeste, pessoa muito importante na ex-vila que passara à condição de município e naquele ano seria eleito o primeiro prefeito da “capital da serra”, com 3.313 votos, pelo PDS.

Talvez, nem o próprio patriarca da família e nem os deputados estaduais Jô Sato, que faleceria logo depois, e Sérgio Carminatto que em 1988 sucedeu Marcos Donadon na prefeitura coloradense, imaginassem que o hoteleiro tivesse, com sua eleição, aberto o caminho para filhos, noras e sobrinhos passassem a comandar a política no cone sul.

O pai, Marcos Donadon, começou em Colorado uma dinastia que continua influenciando a politica no cone sul rondoniense

A história do Colorado Palace Hotel, um dos primeiros empreendimentos erguidos com financiamento do Banco do Estado de Rondônia (Beron) não terminou bem e o prédio fora arrestado em processo de execução judicial. Mas este já é outro capítulo da história recente de Rondônia.

Inicio do povoamento em meio a floresta que mais tarde se transformaria…

Marcos Donadon, que no atendimento dele e família davam aos hóspedes chamando-os de “doutor”, levou o termo para a política, tratando a todos, de qualquer profissão pelo epíteto e isso o aproximou do eleitor, na forma aparentemente humilde com que o clã passou a tratar as pessoas, mesmo as mais simples, chamadas “doutor”.

Logo depois de empossado, Marcos Donadon, como vários outros prefeitos eleitos em 1982, foi acusado de problemas sérios em relação à gestão, investigado pelo Tribunal de Contas Estadual, viu-se apeado do cargo, por decisão da Câmara Municipal, mas retornou ao comando do município por decisão judicial.

…em uma das principais cidades do sul de Rondônia, com economia forte e bom clima para se viver

 

A SAGA FAMILIAR

O patriarca praticamente se aposentara da política. Em 1992 outro Donadon, o primogênito Melkisedek é eleito com 5.033 votos para a prefeitura coloradense, mas, depois deste mandato, a família decidiu mudar-se para o mais importante município da região, Vilhena. A chamada “mosca azul” já havia picado o clã.

Em 1994, Marcos Antonio Donadon (foto abaixo) tornou-se deputado estadual, primeiro dentre os 24 eleitos, com mais de 90% dos votos obtidos entre Colorado e Vilhena, a maioria, enquanto lideranças desse município não sabiam explicar como Marcos conseguira essa votação.

Havia duas explicações, que se repetiriam daí em diante: a primeira era a forma com que se aproximava especialmente do eleitorado mais humilde, lembrando a condição familiar de devotos da Assembleia de Deus e também propondo assistencialismo.

Em 1996, o ex-prefeito de Colorado Melkizedeque Donadon (foto abaixo)foi eleito para gerenciar Vilhena por quatro anos. Dois anos depois o clã decidiu voar mais alto ainda e lançou Melkizedeque, o “Merquinho”, como chamava o patriarca nos idos do hotel da família em Colorado, para o governo, mas até que não foi tão ruim, o 3º entre os mais votados.

O irmão Marcos foi reeleito para o período 1991/2001 na Assembleia Legislativa, e a seguir outra vez eleito para o período 2003/2006 e, depois para 2007/2011.

Em 2006 três Donadons disputaram a eleição, Natan foi eleito deputado federal, Marcos, agora já líder do clã, teve mais um mandato na Assembleia e o único derrotado foi Melki, ao Senado.

Na sequência, Melki se elegeria novamente prefeito de Vilhena, mas governou menos de 15 meses, sendo afastado do cargo, acusado de irregularidades.

A essa altura, seu irmão Marcos Antonio Donadon, que já se tornara o líder do clã, fora eleito com pouco mais de 9 mil votos para a Assembleia Legislativa, o mais votado dentre os 24 deputados estaduais da legislatura 1995/99, presidindo por quatro anos o Poder.

Enfrentando problemas legais de várias formas, o clã não deixou a política, já elegeu Melkisedeque Donadon prefeito de Vilhena (2001/04), o primo Marlon Donadon, a cunhada Rosani Donadon (foto acima). A outra cunhada, Rosângela Donadon (foto abaixo) foi eleita deputada estadual em 2014 e reeleita em 2018.

Rosângela está candidatura a mais uma reeleição e é maias um braço da família nas batalhas política.

Agora, com o afastamento do prefeito Eduardo Japonês do cargo, a ex-prefeita Rosani Donadon – esposa de Melki – já etária pronta a entrar na disputa.

Com a decisão da Justiça Eleitoral em cassar o mandato de Eduardo Japonês, haverá, mais uma vez, eleição suplementar para concluir o mandato iniciado em 2020 e que vai até 2024.

O Tribunal Regional Eleitoral ainda não definiu a data da nova eleição, o que deve ser definido após julgamento do último recurso do prefeito pelo Tribunal Superior Eleitoral.

A Justiça Eleitoral poderá, inclusive, optar por fazer a eleição suplementar junto com as eleições gerais deste ano, em 2 de outubro, quando os brasileiros vão as urnas para eleger presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais.

Lúcio Albuquerque, para o www.expressaorondonia.com.br, com texto final e edição de Carlos Araújo


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