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RO, Sábado, 28 de junho de 2025, às 3:09




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Mulher escravizada por 38 anos tinha pensão de 8 mil que era utilizada por seus algozes

PATOS DE MINAS – Se você se horrorizou com a publicação da história da mulher negra que foi escravizada durante 38 anos por uma família em Minas Gerais, saiba que o circo de horrores vivido por ela durante todo este tempo foi ainda pior: durante o cativeiro, Madalena Giordano – a mulher escravizada – foi obrigada a casar-se com um ancião ex-combatente de guerra para garantir o recebimento da pensão de mais de 8 mil reais paga pela União após a morte. Mas ela não via a cor de nenhum centavo deste dinheiro, que era utilizado pela família escravagista para bancar a faculdade de medicina de um dos filhos.

A pensão de R$ 8,4 mil recebida por Madalena Gordiano era usada pela família Milagres Rigueira, que a manteve por 38 anos em condições análogas às de escravidão, em Patos de Minas (MG). As informações foram prestadas por auditores fiscais, de acordo com reportagem do Uol.

A renda de Madalena serviu para pagar curso de medicina e custear a vida da família por 17 anos. Madalena recebia duas pensões de um casamento com um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial.

Segundo as investigações, ela nunca administrou a renda, que ficava sob controle de Maria das Graças Milagres Rigueira e o filho, Dalton César Milagres Rigueira.

O matrimônio de Madalena com Marino Lopes da Costa, oficializado em 2001, chegou a ser alvo de denúncia em 2008. Isso porque Marino é tio de Valdirene Lopes da Costa, esposa de Dalton. O ex-combatente de guerra morreu dois anos após o casamento, aos 80 anos de idade.

Em razão da saúde debilitada de Marino, a suspeita é que o casamento tenha sido organizado para que a pensão pudesse pagar o curso de medicina de Vanessa Maria Milagres Rigueira, irmã de Dalton.

Resgate

Madalena foi resgatada no fim de novembro, após uma investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT). Vizinhos desconfiaram dos pedidos feitos por Madalena, que deixava bilhetes embaixo da porta dizendo que precisava de dinheiro para comprar materiais de higiene pessoal, conforme exibiu o programa da TV Globo Fantástico, no último dia 20 de dezembro.

De acordo o MPT, Madalena vivia em condição análoga às de escravidão. “Ela não tinha registro em carteira, um salário mínimo garantido, férias. Ela não tinha descanso semanal remunerado”, destacou o auditor fiscal Humberto Monteiro.

Aos 8 anos de idade, Madalena bateu à porta de uma casa para pedir comida. A professora Maria das Graças Milagres, dona da residência onde ela buscou ajuda, ofereceu-se para adotá-la, mas o ato nunca foi formalizado. Assim que chegou à casa nova, foi tirada da escola.

“Ela não quis que eu estudasse mais, porque eu já ‘tava’ uma mocinha. Parei até a terceira série”, afirma Madalena.

Hoje com 46 anos, conta que cresceu ajudando a cuidar da casa e criar os filhos de Maria das Graças. “Ajudava a arrumar, a cozinhar, lavar o banheiro, passar pano na casa.”

Depois de 24 anos, o marido de Maria das Graças começou a rejeitar a funcionária e ela foi “dada” para o filho da professora, Dalton Milagres. Ele também é professor e trabalha em uma universidade de Patos de Minas.

Dalton controlava as finanças de Madalena e dava apenas uma pequena parte para ela. “Ele me dava R$ 200, R$ 300”, conta.

Fonte: Jusbrasil

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