RO, Quarta-feira, 23 de abril de 2025, às 8:24






No “Espaço”, alternativo agora é o vazio, mas “quatro gatos pingados” insistem em manter corpo e mente sãs na pandemia

PORTO VELHO – Local onde o costume há muitos anos, mesmo antes das obras nunca acabadas, o “Espaço Alternativo”, principal local de exercícios ao ar livre em Porto Velho, sempre teve muita gente, da manhã bem cedo até à noite. Hoje está praticamente sem ninguém a utilizar aquele local que também vinha sendo o centro maior da convivência e interação social da capital rondoniense.

Como se fossem vigilantes do local considerado por muitos como o principal “cartão de apresentação” da capital, agora o que se vê por ali, é, ao contrário do que acontecia até março, de vez em quando as pessoas passam caminhando ou de bicicleta, parando, olhando, como se estivessem esperando os outros chegar. Um fato observado mais pela manhã, horário em que o “grupo de risco” chegava.

Apesar de praticamente estar sem uso, algumas pessoas tentam continuar fazendo o de que faziam há muito tempo, como um homem e uma mulher que reviravam os depósitos de lixo, os dois garantindo que não era para eles. “É para ajudar a igreja. Venho aqui há mais de cinco anos, bem cedo pela manhã, juntar latinhas de refrigerante e cerveja para dar ao pastor da nossa comunidade”, disse Ricardo, 68 anos, aposentado, morador do Bairro Nacional.

Eduarda, 64 anos, também aposentada, está juntando latinhas e garrafas de plástico, como faz há anos, para dar “na igreja onde congrego”, no Bairro Costa e Silva, “para ajudar o pastor pagar a luz”. Mas ambos reconhecem que desde fim de março a coleta praticamente parou. “Agora a gente vem mais para não perder o costume”, disse ela.

Outro que disse estar trabalhando menos foi o gari Alcides. Todos os dias, há muito tempo, ele percorria o local, junto com mais três garis, juntando lixo, varrendo, recolhendo garrafas, as de vidro em maioria quebradas, “e também muitas camisinhas”. E agora? Ao invés do carrinho para juntar o lixo ele chega de bicicleta, estaciona a “magrela” e vai juntando o que encontra. “É quase nada. Não vem quase ninguém aqui”, ele diz.

Desde março o quadro mudou. Ainda há casais que se arriscam ir namorar no local e os que vão lá, mas a sensação é de que algo terminou e, com certeza, vai demorar para que as coisas voltem a ser como antes.

Antes, a madrugada ainda nem tinha ido embora e os primeiros usuários chegavam, alguns casais, grupos de amigos, outros sozinhos, e de repente a pisga e os calçadões estavam cheios de pessoas, muitos utilizando as “academias ao ar livre”, a maioria caminhando ou andando de bicicleta. Um caminheiro muito conhecido trazia comida para distribuir com cães e gatos que já esperavam sua chegada, normalmente às 6 da manhã, com um grupo variando de mais quatro ou cinco. Agora está mais difícil, porque o policiamento está mandando as pessoas voltarem para casa, e ele não sabe se vão deixar que ele faça sua distribuição de alimentos aos animais que, como se soubessem o horário, sempre se postam às seis horas o primeiro grupo logo no início da caminhada, outro grupo na via de acesso à Base Aérea e o último em frente ao aeroporto. “Como vai ser? Não sei. Se deixarem eu vou levar minha ajuda aos animais”.

COMO ERA

O percurso de 2,5 quilômetros entre a Vila da Aeronáutica e o aeroporto logo ficava lotado de pessoas de todas as idades, o que aumentava a partir das 16 horas quando Porto Velho se encontrava no Alternativo, transformado então, a partir da “boca da noite” como se fosse um grande arraial, mas desorganizado, com cada dia mais botecos vendendo bebidas alcoólicas, tomando grandes espaços  que seriam para as pessoas, para as crianças brincarem, o trânsito virava uma bagunça, às vezes passando um veículo da polícia, mais parecendo estarem os agentes passeando do que exercendo qualquer função fiscalizadora.

Reclamar para quem?  A prefeitura alegava que não recebera a obra ainda e no Governo ninguém sabia informar se já haviam entregue ao não. Mesmo assim, a cada final de semana mais famílias iam ao local, um grupo de idosos sempre aparecia para jogar dominó, apesar dos perus.

 


Coluna Social – Ponto E

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